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Radiologia Médica Odontológica e Veterinária

A importância do uso de dosímetros individuais de leitura indireta em Centro Cirúrgico e procedimentos Intervencionistas

Por tiago em 04/09/2024 às 13:31

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Os dosímetros de leitura indireta medem a radiação absorvida usando materiais que reagem a essa radiação e precisam de processamento posterior para ler os resultados, esses dosímetros usam cristais que luminescem ou, também sensores que acumulam energia, que posteriormente são lidos com equipamentos especializados. Essa abordagem permite uma medição precisa da exposição à radiação a longo prazo, frequentemente utilizada em ambientes de trabalho que usam equipamentos que emitem radiação, como os centros cirúrgicos. Dessa forma, dosímetros de leitura indireta podem ser classificados em Termoluminescentes (TLD) e de Luminescência Opticamente Estimulada (OSL).

O funcionamento dos TLDs baseia-se na termoluminescência, um processo físico no qual certos materiais emitem luz quando aquecidos após terem sido expostos a radiação, sua leitura é realizada através de seu aquecimento a uma temperatura específica, que faz com que os elétrons prisioneiros se movam e recombinem, liberando a energia na forma de luz. Em contrapartida, os dosímetros OSLs funcionam com base no fenômeno da luminescência estimulada opticamente, quando expostos à radiação ionizante durante um período de tempo, a mesma interage com o material do dosímetro, que armazena energia na estrutura cristalina do material. Para medir a dose de radiação, o OSL é colocado em um leitor especializado que utiliza luz visível ou ultravioleta para estimular o material, esse estímulo faz com que os elétrons "prisioneiros" liberem a energia armazenada na forma de luz visível. Independentemente do tipo de dosímetro usado, ambos são de extrema importância para a monitoração da dose de radiação recebida pelo profissional que atua em centro cirúrgico e procedimentos intervencionistas.

Os profissionais da saúde que trabalham em centros cirúrgico, especialmente aqueles envolvidos em procedimentos que utilizam radiação, como cirurgias assistidas por imagem e procedimentos intervencionistas estão expostos a radiações ionizantes. O dosímetro tem por objetivo, monitorar a dose de radiação recebida e assegurar que não ultrapasse os limites recomendados pela legislação e normas de segurança, sua utilização é uma exigência regulamentar para garantir que as práticas de radiologia estejam de acordo com as normas de segurança estabelecidas por órgãos reguladores, como a Resolução de Diretoria Colegiada - RDC 611/22 da Anvisa e a Norma NN 3.01 da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que tratam dos requisitos para o controle da exposição ocupacional a radiação nos serviços de saúde.

Ambas as normas especificam que, em ambientes onde há exposição a radiações ionizantes (como em centros cirúrgicos onde se utilizam equipamentos de fluoroscopia e Setores de Hemodinâmica, onde são realizados procedimentos intervencionistas), é essencial o uso de dosímetros pessoais para monitorar a dose de radiação recebida pelos trabalhadores. Através do uso dos dosímetros, é possível monitorar e controlar a exposição à radiação em tempo real, dessa forma, permitindo que ajustes sejam feitos na prática clínica, como a utilização de barreiras protetoras ou a modificação das técnicas de imagem, para minimizar a exposição.

Manter registros precisos de exposição ajuda a cumprir essas exigências e a demonstrar que as práticas de radioproteção estão sendo seguidas corretamente. Os dados coletados pelos dosímetros ajudam a identificar áreas onde os profissionais podem precisar de mais treinamento em técnicas de proteção ou em práticas adequadas de manejo de radiação.

Ao analisar as leituras dos dosímetros, as instituições podem avaliar a eficácia das práticas atuais de proteção radiológica e fazer melhorias conforme necessário. Contribuindo para a otimização das técnicas de radiologia e para a redução de riscos a longo prazo.

Texto Elaborado pela Bruna Vitola Lovato - Física NUCLEORAD

Especialista em Radiodiagnóstico – UCS

 

Referências:

Leticia L. Campos. Termoluminescencia da materiais e sua aplicação em dosimetria da radiação. Unuversidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brazil, 2008.

Luana F. Nascimento. dosimetria usando Lumescência Opticamante Estimulada:aplicações, propriedade físicas e caracteristicas de materiais dosimetricos. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2017.

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Norma Nacional 3.01: Requisitos básicos de Proteção Radiológica e Segurança Radiológica de Fontes de Radiação. Rio de Janeiro: CNEN, 2024. 

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução Colegiada RDC nº 611: Estabelece requisitos para o controle de produtos e serviços de saúde. Brasília: ANVISA, 2022.