Os testes de controle de qualidade (CQ) em mamografia são fundamentais para assegurar a segurança e eficácia dos exames de imagem na detecção precoce do câncer de mama. Esse tipo de exame utiliza radiação ionizante, e, por isso, o monitoramento contínuo da dose de entrada na pele (DEP) é essencial, especialmente considerando que o tecido mamário é um dos mais radiossensíveis do corpo humano. O controle da dose é importante tanto para minimizar o risco de efeitos adversos à saúde quanto para garantir que as imagens resultantes sejam adequadas para um diagnóstico preciso.
Conforme estabelecido pela RDC 611, Instrução Normativa 92, é necessário realizar testes de CQ no equipamento de mamografia pelo menos uma vez ao ano, assim como sempre que ocorrerem ajustes, manutenções ou atualizações no equipamento. Esse cronograma regular de testes visa assegurar que o equipamento esteja operando dentro dos parâmetros de segurança e qualidade especificados. Além disso, ele previne desvios na dose administrada, reduzindo o risco de exposição desnecessária ao paciente e garantindo a estabilidade dos valores de DEP. Esse controle é especialmente importante no modo de controle automático de exposição (AEC), onde o equipamento ajusta automaticamente a dose de acordo com a densidade e a composição do tecido mamário da paciente.
O modo AEC é projetado para oferecer um nível consistente de qualidade de imagem com doses otimizadas. No entanto, se não for adequadamente monitorado, o AEC pode resultar em doses inadequadas, seja por exposição excessiva ou por subdosagem, prejudicando a qualidade da imagem e, potencialmente, o diagnóstico. Testes regulares nesse modo são, portanto, fundamentais para garantir que o ajuste automático de dose funcione dentro dos padrões de segurança, proporcionando imagens claras e detalhadas sem exceder os limites de dose recomendados.
Além disso, o controle anual da DEP permite avaliar a conformidade com o princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que visa minimizar a exposição à radiação sem comprometer a qualidade da imagem diagnóstica. O acompanhamento contínuo e a adequação das doses contribuem para a prevenção de reexposições, evitando que a paciente passe por mais de uma mamografia devido a falhas na qualidade da imagem ou a parâmetros incorretos de dose. Isso é especialmente relevante, pois a exposição acumulativa ao longo dos anos pode aumentar o risco de efeitos estocásticos, como o desenvolvimento de câncer induzido pela radiação.
Dessa forma, os testes de CQ não apenas preservam a saúde das pacientes, mas também asseguram a conformidade com as regulamentações vigentes e elevam a qualidade do atendimento prestado. Eles demonstram o compromisso dos serviços de imagem com a segurança radiológica e reforçam a confiança das pacientes nos procedimentos de rastreamento e diagnóstico. Em resumo, o controle regular da DEP e dos parâmetros de operação em mamografia, aliado ao cumprimento das normas regulamentares, é indispensável para uma prática segura e eficaz, permitindo diagnósticos precoces sem comprometer a segurança das pacientes.
Texto Elaborado pela Letícia Fröhlich - Física NUCLEORAD
Referências: