O câncer de mama é a principal causa de morte por neoplasia entre mulheres em todo o mundo. A detecção precoce é determinante para aumentar as taxas de sobrevida, e a mamografia é o melhor método. Contudo, a eficácia desse exame está diretamente relacionada à qualidade de todo o processo de aquisição, processamento e interpretação das imagens. O diagnóstico depende não apenas do sistema de aquisição de imagens, mas também da qualidade de exibição nos monitores utilizados pelos radiologistas.
Embora a maior parte das pesquisas enfatize o desempenho dos equipamentos de raios X, o monitor de exibição constitui etapa igualmente crítica. A interpretação radiológica depende da fidelidade com que a imagem é apresentada ao observador, tornando o controle de qualidade desses dispositivos uma exigência essencial.
Características dos Monitores de Mamografia
Monitores destinados à interpretação de exames monográficos apresentam especificações técnicas superiores em comparação a monitores de uso geral. A resolução mínima recomendada é de 5 megapixels, o que possibilita a visualização de microcalcificações e detalhes estruturais sutis. Além disso, altos níveis de luminância, contraste adequado, uniformidade da tela e calibração baseada no padrão DICOM GSDF (Grayscale Standard Display Function) são fundamentais para a correta representação das escalas de cinza.
Metodologia de Controle de Qualidade
Os programas de qualidade em monitores de mamografia envolvem avaliações periódicas com diferentes níveis de complexidade:
Essas avaliações devem ser documentadas e acompanhadas ao longo do tempo, permitindo a detecção precoce de degradações que possam comprometer o diagnóstico.
A ausência de controle de qualidade compromete a acurácia diagnóstica da mamografia. Monitores degradados reduzem a percepção de microcalcificações e distorções arquiteturais, aumentando tanto o risco de falsos-negativos, que atrasam o tratamento, quanto de falsos-positivos, que geram ansiedade e exames desnecessários.
Diversas entidades internacionais, como o American College of Radiology (ACR) e a European Reference Organisation for Quality Assured Breast Screening and Diagnostic Services (EUREF), além da ANVISA no Brasil, estabelecem normas técnicas e protocolos de controle de qualidade específicos para monitores de mamografia. A adesão a esses protocolos é também requisito em programas de acreditação em diagnóstico por imagem.
O monitor de exibição constitui parte fundamental do sistema de mamografia, desempenhando papel tão relevante quanto o detector de raios X. A implementação de programas de controle de qualidade rigorosos garante diagnósticos mais confiáveis, otimiza a detecção precoce do câncer de mama e contribui diretamente para a redução da mortalidade. Assim, investir em qualidade de monitores de mamografia é investir em saúde pública e segurança das pacientes.
Tiago Langone – Físico Médico NUCLEORAD
Referências
[1]World Health Organization. Breast cancer: early diagnosis and screening. Geneva: WHO, 2023.
American College of Radiology (ACR). Mammography Quality Control Manual. Reston, VA: ACR, 2018.EUREF. European guidelines for quality assurance in breast cancer screening and diagnosis. 4th ed. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2019.
[2]Samei, E., & Flynn, M. J. "A method for in-field evaluation of the modulation transfer function of digital radiographic systems using an edge test device." Medical Physics, 2003.
[3]Yaffe, M. J., & Mainprize, J. G. "Digital mammography: Lessons from digital radiography." Radiology, 2020.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC nº 611/2022: Requisitos de Boas Práticas para Serviços de Mamografia. Brasília: ANVISA, 2022.