NucleoBlog
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária

Artefatos em Tomografia Computadorizada: O Que São, Como Aparecem e Como a Física Médica Ajuda a Evitá-los

Por Bruna em 07/05/2025 às 09:43

Compartilhe:  

A tomografia computadorizada (TC) é uma das modalidades mais utilizadas no diagnóstico por imagem. Através da sua utilização, é possível realizar avaliações rápidas, detalhadas e não invasivas de diversas regiões do corpo humano. No entanto, mesmo com sua alta tecnologia, a TC está sujeita a artefatos, que são distorções indesejadas nas imagens geradas. Essas alterações podem prejudicar a qualidade do exame e até interferir no diagnóstico médico, caso não sejam identificadas e corrigidas adequadamente.

Neste cenário, cabe ao físico médico atuar na prevenção, detecção e correção desses artefatos, garantindo que o equipamento funcione dentro dos padrões estabelecidos e que as imagens produzidas sejam confiáveis, com segurança e qualidade para os pacientes.

O que são artefatos?

 Artefatos são sinais incorretos ou distorções que aparecem nas imagens tomográficas e que não correspondem a estruturas reais do corpo humano. Podem ser causados por fatores como: características do paciente, limitações do equipamento, parâmetros de aquisição mal ajustados ou ainda por falhas técnicas.

Também, é importante ressaltar que os artefatos podem dificultar a visualização de estruturas anatômicas, simular patologias inexistentes ou até mesmo ocultar lesões importantes. Por isso, compreendê-los é importante para a equipe envolvida com exames de TC, sendo os principais:

 

  1. Artefato Metálico

 Causado pela presença de objetos metálicos no corpo do paciente, como próteses ortopédicas, obturações dentárias ou piercings.

  • Aparência: linhas brilhantes ou escuras em forma de rastro, que se espalham a partir do metal.
  • Motivo: o metal atenua fortemente o feixe de raios X, gerando distorções na reconstrução da imagem.
  • Prevenção: remoção de objetos metálicos antes do exame, uso de algoritmos de correção de artefatos e ajustes específicos no protocolo de aquisição.
  1. Artefato de Movimento

Ocorre quando o paciente se move durante a aquisição da imagem — o que pode acontecer em exames longos, em crianças ou em pacientes com dor ou confusão mental.

  • Aparência: imagens borradas ou com duplicação de estruturas.
  • Motivo: o movimento gera inconsistências entre os dados adquiridos.
  • Prevenção: instruções claras ao paciente, uso de apoios de imobilização e protocolos com tempos de aquisição mais curtos.
  1. Artefato de Endurecimento do Feixe (Beam Hardening)

Comum em regiões com alta densidade, como a base do crânio, ocorre quando as energias mais baixas do feixe são absorvidas antes de chegar ao detector.

  • Aparência: faixas escuras ou em forma de cuia entre estruturas densas.
  • Motivo: o feixe de raios X chega mais "duro" ao detector, alterando os cálculos de reconstrução.
  • Prevenção: uso de filtros, técnicas de correção por software e protocolos adaptados à região anatômica.

Nesse sentido, a física médica exerce um papel fundamental no enfrentamento dos artefatos em tomografia computadorizada. Além de realizar os testes regulares de controle de qualidade, o físico médico também atua na configuração de protocolos de aquisição, na capacitação da equipe técnica e na análise de imagens, visando garantir a qualidade e a segurança dos exames.

Entre suas principais responsabilidades estão os testes de controle de qualidade com o objetivo de avaliar parâmetros como a uniformidade da imagem e o nível de ruído. Essas verificações seguem as normas como a Instrução Normativa – IN nº 93, de 27 de maio de 2021, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que estabelece requisitos sanitários para assegurar a qualidade e a segurança dos sistemas de tomografia computadorizada médica.

Portanto, os artefatos em tomografia são obstáculos técnicos que podem ser enfrentados com conhecimento, prática e monitoramento. Com o apoio da física médica, é possível minimizar sua ocorrência e assegurar que cada imagem reflita, com fidelidade, a realidade anatômica do paciente. Assim, garante-se não apenas a eficácia diagnóstica, mas também a segurança radiológica, pilares fundamentais da boa prática em diagnóstico por imagem.

 

Texto elaborado por Rafael Borges de Carvalho – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.

 

Referências:

 

  1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 93, de 27 de maio de 2021. Estabelece os requisitos sanitários para garantir a qualidade e a segurança em sistemas de tomografia computadorizada médica. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 158, n. 101, p. 197, 31 maio 2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-in-n-93-de-27-de-maio-de-2021-322319878. Acesso em: 6 maio 2025.

 

  1. BUSHBERG, Jerrold T. et al. The Essential Physics of Medical Imaging. 3. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2011.