A Medicina Nuclear é uma área essencial no diagnóstico e acompanhamento de diversas doenças. Entre os equipamentos mais utilizados está a gama câmera, responsável pela aquisição das imagens cintilográficas e tomográficas (SPECT).
Para assegurar que os exames apresentem imagens de alta qualidade e com segurança para pacientes e profissionais, é necessário realizar rotineiramente testes de Controle de Qualidade (CQ). Esses testes seguem diretrizes internacionais, como as recomendações da NEMA (National Electrical Manufacturers Association), e nacionais, como a norma CNEN NN 3.05 – Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Medicina Nuclear.
Os testes diários são obrigatórios nos serviços de Medicina Nuclear, mas interpretar o que está por trás de cada parâmetro é o que garante a verdadeira qualidade da imagem e a segurança do paciente.
De acordo com a norma NEMA NU 1-2018 (específica para gama câmaras) e a CNEN NE 3.05, estes são os principais testes realizados rotineiramente:
Avalia se o detector responde de forma homogênea à radiação.
Os principais índices apresentados são:
Alterações podem indicar falhas em PMTs, cristal ou colimador. A imagem deve ser analisada visualmente em paralelo aos dados numéricos.
Verifica se o sistema está detectando corretamente a energia do radionuclídeo. Exemplo: o pico do 99mTc deve estar em 140 keV, com janela de energia de 20%.
Nos relatórios aparecem:
Desvios comprometem a captação adequada dos fótons, resultando em perda de contagem ou inclusão de eventos espúrios.
Indica a eficiência do sistema em detectar fótons emitidos por uma determinada atividade.
Apresentada como counts per second (cps) ou cps/MBq.
Quedas podem ser causadas por degradação do cristal, falhas eletrônicas, problemas no colimador ou desalinhamento dos PMTs.
É a medida da capacidade do sistema de distinguir dois pontos próximos. Quanto menor o FWHM, melhor a resolução espacial.
Varia conforme tipo de colimador, energia utilizada e estado do equipamento.
Mesmo com valores numéricos dentro dos limites, a imagem do flood deve ser analisada visualmente.
Linhas frias, manchas circulares ou padrões em zigue-zague podem indicar falhas em PMTs, conexões internas, cristal danificado ou distúrbios eletrônicos.
Em equipamentos digitais, são usados mapas de correção para compensar pequenas imperfeições do detector.
Se o mapa estiver desatualizado ou corrompido, pode mascarar falhas reais. Por isso, é essencial revisar periodicamente a uniformidade "raw".
Alguns sistemas realizam verificações automáticas de:
Esses parâmetros também devem ser considerados na avaliação técnica. Executar o controle diário é mais do que uma exigência: é um ponto de partida para decisões técnicas seguras.
Esses testes são essenciais, pois:
O Controle de Qualidade diário em gama câmaras é um pilar essencial da Medicina Nuclear. Realizar esses testes regularmente não apenas garante imagens diagnósticas confiáveis, mas também reforça o compromisso da física médica com a segurança radiológica do paciente e a excelência técnica.
Texto elaborado por Bruna Lovato – Física Médica NUCLEORAD
Referências:
[1] NEMA. Performance Measurements of Gamma Cameras. NEMA Standards Publication NU 1. Rosslyn, VA: National Electrical Manufacturers Association, 2018.
[2] BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). CNEN NN 3.05: Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Medicina Nuclear. Rio de Janeiro: CNEN, 2013.