A radiografia intraoral é amplamente utilizada na odontologia, sendo essencial para o diagnóstico de diversas condições bucais. Entretanto, o uso de radiação ionizante impõe a necessidade de controle rigoroso da qualidade dos equipamentos e da segurança radiológica. Este artigo aborda a atuação do físico médico na implementação e execução de programas de controle de qualidade em equipamentos de raio X intraoral. São descritos os principais testes realizados, os parâmetros avaliados, e a importância da documentação técnica para fins regulatórios
Ferramenta indispensável na odontologia moderna, permiti o diagnóstico preciso de cáries, lesões ósseas, alterações periodontais e outras condições orais. Entretanto, a emissão de radiação ionizante, ainda que em baixas doses, representa um risco potencial à saúde humana se não for adequadamente controlada.
Neste contexto, o físico médico é o profissional legalmente habilitado para atuar na avaliação da qualidade e segurança dos equipamentos radiológicos. Segundo a legislação brasileira, como a RDC 611 de 09 de março de 2022, o controle de qualidade é obrigatório em serviços que utilizam radiação ionizante, incluindo consultórios odontológicos.
O controle de qualidade dos equipamentos de raio X intraoral consiste na realização periódica de testes específicos, utilizando instrumentos calibrados e protocolos padronizados. Os principais testes incluem:
Avaliação da Tensão (kVp)
O controle do potencial de pico (kVp) assegura que o valor nominal esteja de acordo com o real, impactando diretamente na penetração da radiação e no contraste da imagem.
Verificação do Tempo de Exposição
Testa a precisão e exatidão dos tempos selecionados no console do equipamento, fator crucial para evitar sub ou superexposição do sensor/receptor de imagem.
Reprodutibilidade da Radiação
A constância na emissão de dose em exposições repetidas é verificada para garantir imagens consistentes em condições idênticas.
Alinhamento do Feixe e Colimação
Verifica-se a coincidência entre o centro do feixe e o receptor, bem como a presença e eficácia da colimação retangular, que reduz significativamente a dose ao paciente.
Avaliação da Filtração
Confirma se o sistema possui filtração mínima adequada, eliminando radiações de baixa energia que não contribuem para a imagem, mas aumentam a dose absorvida.
Teste de Qualidade da Imagem
Utiliza-se fantomas específicos para aferir a resolução espacial, contraste e presença de artefatos que possam comprometer o diagnóstico.
A implementação adequada de um programa de controle de qualidade permite:
Estudos mostram que muitos consultórios odontológicos operam com equipamentos sem manutenção regular, o que acarreta riscos à saúde pública. A presença do físico médico garante não apenas o cumprimento da legislação vigente, mas também a difusão de uma cultura de segurança e qualidade nos serviços odontológicos.
O físico médico desempenha um papel essencial no controle de qualidade de equipamentos de raio X intraoral, promovendo a segurança dos pacientes e a eficácia dos diagnósticos odontológicos. A realização periódica de testes técnicos, acompanhada de relatórios detalhados e recomendações corretivas, contribui significativamente para a melhoria contínua dos serviços que utilizam radiação ionizante na odontologia.
Texto elaborado por Tiago Langone – Físico Médico NUCLEORAD
Referências