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Radiologia Médica Odontológica e Veterinária

Controle de Qualidade em Radiografia Intraoral: Atuação do Físico Médico

Por Bruna em 29/04/2025 às 11:17

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A radiografia intraoral é amplamente utilizada na odontologia, sendo essencial para o diagnóstico de diversas condições bucais. Entretanto, o uso de radiação ionizante impõe a necessidade de controle rigoroso da qualidade dos equipamentos e da segurança radiológica. Este artigo aborda a atuação do físico médico na implementação e execução de programas de controle de qualidade em equipamentos de raio X intraoral. São descritos os principais testes realizados, os parâmetros avaliados, e a importância da documentação técnica para fins regulatórios

  1. A radiografia intraoral

 Ferramenta indispensável na odontologia moderna, permiti o diagnóstico preciso de cáries, lesões ósseas, alterações periodontais e outras condições orais. Entretanto, a emissão de radiação ionizante, ainda que em baixas doses, representa um risco potencial à saúde humana se não for adequadamente controlada.

Neste contexto, o físico médico é o profissional legalmente habilitado para atuar na avaliação da qualidade e segurança dos equipamentos radiológicos. Segundo a legislação brasileira, como a RDC 611 de 09 de março de 2022, o controle de qualidade é obrigatório em serviços que utilizam radiação ionizante, incluindo consultórios odontológicos.

  1. Métodos

O controle de qualidade dos equipamentos de raio X intraoral consiste na realização periódica de testes específicos, utilizando instrumentos calibrados e protocolos padronizados. Os principais testes incluem:

 

 

Avaliação da Tensão (kVp)

O controle do potencial de pico (kVp) assegura que o valor nominal esteja de acordo com o real, impactando diretamente na penetração da radiação e no contraste da imagem.

Verificação do Tempo de Exposição

Testa a precisão e exatidão dos tempos selecionados no console do equipamento, fator crucial para evitar sub ou superexposição do sensor/receptor de imagem.

Reprodutibilidade da Radiação

A constância na emissão de dose em exposições repetidas é verificada para garantir imagens consistentes em condições idênticas.

Alinhamento do Feixe e Colimação

Verifica-se a coincidência entre o centro do feixe e o receptor, bem como a presença e eficácia da colimação retangular, que reduz significativamente a dose ao paciente.

Avaliação da Filtração

Confirma se o sistema possui filtração mínima adequada, eliminando radiações de baixa energia que não contribuem para a imagem, mas aumentam a dose absorvida.

Teste de Qualidade da Imagem

Utiliza-se fantomas específicos para aferir a resolução espacial, contraste e presença de artefatos que possam comprometer o diagnóstico.

 

  1. Resultados

A implementação adequada de um programa de controle de qualidade permite:

  • Redução da dose ao paciente, ao evitar repetições de exames e otimizar os parâmetros de exposição.
  • Aumento da vida útil dos equipamentos, pela detecção precoce de falhas técnicas.
  • Padronização da qualidade da imagem, assegurando confiança diagnóstica.
  • Conformidade com normas regulatórias, o que previne sanções legais e assegura boas práticas.

 

Estudos mostram que muitos consultórios odontológicos operam com equipamentos sem manutenção regular, o que acarreta riscos à saúde pública. A presença do físico médico garante não apenas o cumprimento da legislação vigente, mas também a difusão de uma cultura de segurança e qualidade nos serviços odontológicos.

O físico médico desempenha um papel essencial no controle de qualidade de equipamentos de raio X intraoral, promovendo a segurança dos pacientes e a eficácia dos diagnósticos odontológicos. A realização periódica de testes técnicos, acompanhada de relatórios detalhados e recomendações corretivas, contribui significativamente para a melhoria contínua dos serviços que utilizam radiação ionizante na odontologia.

Texto elaborado por Tiago Langone – Físico Médico NUCLEORAD

Referências

  1. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 611, de 09 de março de 2022. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2022.
  2. CNEN. Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica - CNEN NN 3.01. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2014.
  3. IAEA. Radiation Protection in Dental Radiology. International Atomic Energy Agency, 2018.