Quando falamos em radiação, muitas pessoas associam imediatamente a algo perigoso e invisível, mas poucos compreendem os conceitos fundamentais de irradiação e contaminação. No contexto da física médica, essa distinção é essencial para garantir a segurança de pacientes e profissionais que lidam com fontes radioativas. Embora esses termos sejam frequentemente usados de forma intercambiável no imaginário popular, eles descrevem fenômenos distintos. Neste artigo, vamos esclarecer essas diferenças de maneira simples e objetiva, além de explorar exemplos reais e aplicações na área da saúde.
O que é Irradiação?
A irradiação ocorre quando um objeto ou organismo é exposto à radiação ionizante proveniente de uma fonte externa, como raios-X, raios gama ou partículas alfa e beta. No entanto, essa exposição não significa que houve contato direto com a substância radioativa nem que o corpo ficará "radioativo" após a exposição. Um exemplo prático de irradiação ocorre nos exames de imagem médica, como a radiografia e a tomografia computadorizada, onde os tecidos do paciente são atravessados por feixes de radiação para gerar imagens detalhadas. Da mesma forma, em tratamentos de radioterapia, os tumores são alvos de radiação ionizante de alta energia para destruir células cancerígenas sem que o paciente se torne uma fonte de radiação.
É importante lembrar que, assim que a fonte de radiação é desligada ou removida, a exposição cessa imediatamente, e o indivíduo não "carrega" radiação consigo. Outros exemplos de irradiação são a Exposição ao Sol (raios UV são um tipo de radiação eletromagnética, passageiros e tripulação de aviões expostos à radiação cósmica em grandes altitudes e o uso de irradiadores industriais para esterilização de alimentos e materiais médicos.
O que é Contaminação?
A contaminação radioativa ocorre quando partículas de material radioativo entram em contato com um objeto, superfície ou organismo. Essas partículas podem aderir à pele, roupas ou, em casos mais graves, serem ingeridas ou inaladas, tornando-se uma fonte contínua de radiação até serem eliminadas. Diferente da irradiação, a contaminação pode ser perigosa mesmo depois que a fonte original for removida, porque as partículas radioativas continuam a emitir radiação. Existem dois tipos de contaminação, a interna e a externa. A contaminação externa ocorre quando partículas radioativas aderem à pele, cabelo, roupas ou superfícies. Este tipo de contaminação pode ser removido por meio de lavagem ou descontaminação. Já a contaminação interna acontece o material radioativo é ingerido, inalado ou absorvido pelo corpo, podendo causar exposição prolongada a órgãos internos.
Um exemplo real de contaminação interna foi o caso do acidente com o Césio-137, ocorrido em Goiânia (1987), que é um caso emblemático de contaminação radioativa. O acidente ocorreu após o desmonte de um aparelho de radioterapia abandonado, e a substância radioativa que continha foi manuseada e espalhada pela população, causando sérias consequências de saúde. Outros exemplos de contaminação são a poeira radioativa liberada em testes nucleares ou acidentes em usinas, o manuseio de materiais radioativos por profissionais sem a devida proteção e a ingesta de alimentos contaminados com substâncias radioativas após um acidente nuclear.
Como se proteger?
A Física Médica e a radioproteção têm diretrizes bem definidas para minimizar riscos tanto de irradiação quanto de contaminação. Algumas estratégias incluem:
Proteção contra Irradiação:
Proteção contra Contaminação:
Em resumo, enquanto irradiação se refere à exposição à radiação sem contato direto com materiais radioativos, contaminação envolve o contato ou a incorporação dessas substâncias, podendo gerar exposição prolongada. No ambiente da física médica, compreender essa diferença é essencial para garantir a segurança de pacientes, técnicos e médicos, permitindo o uso seguro e eficaz da radiação em exames e tratamentos.
Texto elaborado por Letícia Fröhlich – Física Média NUCLEORAD
Referências:
[1] Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – www.gov.br/cnen
[2] International Atomic Energy Agency (IAEA) – www.iaea.org