O ultrassom Doppler é uma ferramenta diagnóstica que transformou a medicina vascular permitindo a análise detalhada do fluxo sanguíneo em diversas regiões do corpo de forma não invasiva. Esta tecnologia utiliza o efeito Doppler, descrito pela primeira vez pelo físico Christian Doppler em 1842 para detectar mudanças na frequência das ondas sonoras refletidas pelas células sanguíneas em movimento. Com isso, é possível obter informações acerca da direção e da velocidade do fluxo sanguíneo.
Nos últimos anos, o ultrassom Doppler evoluiu com a introdução de modalidades como o Doppler colorido, Doppler pulsado e Doppler de onda contínua. Estas técnicas oferecem maior precisão e resolução, permitindo a visualização do fluxo sanguíneo e a detecção de alterações hemodinâmicas. Uma das aplicações mais importantes do ultrassom Doppler é no diagnóstico de doenças arteriais e venosas. Ele é amplamente utilizado para avaliar trombose venosa profunda (TVP), identificando coágulos sanguíneos nas veias profundas dos membros inferiores; doença arterial periférica (DAP), medindo a severidade da obstrução arterial causada por aterosclerose; aneurismas, permitindo a visualização e medição precisa de dilatações arteriais; e insuficiência venosa crônica, avaliando o refluxo venoso em pacientes com varizes ou úlceras venosas.
O ultrassom Doppler oferece diversos benefícios. Ele é uma técnica não invasiva, que não requer a inserção de cateteres ou a administração de meios de contraste, reduzindo os riscos ao paciente. Também, é um exame de baixo custo, especialmente quando comparado a outros métodos, como a angiografia por ressonância magnética, além de ser mais acessível. A portabilidade dos equipamentos modernos permite seu uso em ambientes clínicos e à beira do leito. Outro ponto positivo é a possibilidade de fornecer diagnósticos em tempo real, permitindo a avaliação imediata do fluxo sanguíneo e da funcionalidade vascular.
Embora extremamente útil, o ultrassom Doppler apresenta limitações, como a dependência da experiência do operador e dificuldades em avaliar vasos profundos ou em pacientes obesos. Além disso, a interpretação dos resultados pode ser influenciada por condições específicas, como oclusões severas que alteram o sinal Doppler. Com os avanços tecnológicos, o ultrassom Doppler tem integrado soluções baseadas em inteligência artificial (IA), que auxiliam na detecção automática de anormalidades e aprimoram a precisão diagnóstica.
O controle de qualidade do ultrassom Doppler é realizado para garantir a segurança do paciente e a precisão dos diagnósticos. No Brasil, a Instrução Normativa - IN N° 96, de 27 de maio de 2021, estabelece os requisitos para o controle de qualidade em ultrassonografia. Essa normativa é importante pois assegura que os resultados obtidos sejam consistentes e confiáveis, reduzindo o risco de erros diagnósticos.
Portanto, o ultrassom Doppler representa uma revolução no diagnóstico e monitoramento de condições vasculares. Sua capacidade de fornecer informações em tempo real, de forma segura e acessível, consolidou seu papel como uma importante ferramenta na medicina moderna.
Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.
Referências