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Radiologia Médica Odontológica e Veterinária

Ultrassom Doppler: Transformando o Diagnóstico Vascular

Por Bruna em 30/01/2025 às 10:15

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O ultrassom Doppler é uma ferramenta diagnóstica que transformou a medicina vascular permitindo a análise detalhada do fluxo sanguíneo em diversas regiões do corpo de forma não invasiva. Esta tecnologia utiliza o efeito Doppler, descrito pela primeira vez pelo físico Christian Doppler em 1842 para detectar mudanças na frequência das ondas sonoras refletidas pelas células sanguíneas em movimento. Com isso, é possível obter informações acerca  da direção e da velocidade do fluxo sanguíneo.

Nos últimos anos, o ultrassom Doppler evoluiu com a introdução de modalidades como o Doppler colorido, Doppler pulsado e Doppler de onda contínua. Estas técnicas oferecem maior precisão e resolução, permitindo a visualização do fluxo sanguíneo e a detecção de alterações hemodinâmicas. Uma das aplicações mais importantes do ultrassom Doppler é no diagnóstico de doenças arteriais e venosas. Ele é amplamente utilizado para avaliar trombose venosa profunda (TVP), identificando coágulos sanguíneos nas veias profundas dos membros inferiores; doença arterial periférica (DAP), medindo a severidade da obstrução arterial causada por aterosclerose; aneurismas, permitindo a visualização e medição precisa de dilatações arteriais; e insuficiência venosa crônica, avaliando o refluxo venoso em pacientes com varizes ou úlceras venosas.

O ultrassom Doppler oferece diversos benefícios. Ele é uma técnica não invasiva, que não requer a inserção de cateteres ou a administração de meios de contraste, reduzindo os riscos ao paciente. Também, é um exame de baixo custo, especialmente quando comparado a outros métodos, como a angiografia por ressonância magnética, além de ser mais acessível. A portabilidade dos equipamentos modernos permite seu uso em ambientes clínicos e à beira do leito. Outro ponto positivo é a possibilidade de fornecer diagnósticos em tempo real, permitindo a avaliação imediata do fluxo sanguíneo e da funcionalidade vascular.

Embora extremamente útil, o ultrassom Doppler apresenta limitações, como a dependência da experiência do operador e dificuldades em avaliar vasos profundos ou em pacientes obesos. Além disso, a interpretação dos resultados pode ser influenciada por condições específicas, como oclusões severas que alteram o sinal Doppler. Com os avanços tecnológicos, o ultrassom Doppler tem integrado soluções baseadas em inteligência artificial (IA), que auxiliam na detecção automática de anormalidades e aprimoram a precisão diagnóstica.

O controle de qualidade do ultrassom Doppler é realizado para garantir a segurança do paciente e a precisão dos diagnósticos. No Brasil, a Instrução Normativa - IN N° 96, de 27 de maio de 2021, estabelece os requisitos para o controle de qualidade em ultrassonografia. Essa normativa é importante pois assegura que os resultados obtidos sejam consistentes e confiáveis, reduzindo o risco de erros diagnósticos.

Portanto, o ultrassom Doppler representa uma revolução no diagnóstico e monitoramento de condições vasculares. Sua capacidade de fornecer informações em tempo real, de forma segura e acessível, consolidou seu papel como uma importante ferramenta na medicina moderna.

 

Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.

 

Referências

  1. Carvalho, C. F., Chammas, M. C., & Cerri, G. G. (2008). "Princípios físicos do Doppler em ultra-sonografia." Ciência Rural, Santa Maria, 38(3), 872-879. ISSN 0103-8478.
  2. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2021). Instrução Normativa - IN N° 96, de 27 de maio de 2021. Brasília, Brasil.
  3. Zaiem F, Almasri J, Tello M, Prokop LJ, Chaikof EL, Murad MH. A systematic review of surveillance after endovascular aortic repair. J Vasc Surg. 2018;67(1):320-331.e37. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2017.04.058 PMid:28662928.
  4. Capaverde, A. S., Pimentel, J., Froner, A. P. P., & Silva, A. M. M. (2014). Procedures for quality control in Doppler ultrasound equipment. Revista Brasileira de Física Médica, 8(3), 2-5. Hospital São Lucas, PUCRS, Porto Alegre, Brasil; Faculdade de Física, PUCRS, Porto Alegre, Brasil.
  5. Engelhorn, A. L. D. V., Lima, L. de B., Werka, M. J. S., Engelhorn, A. V. V., Bombardelli, D. A. R., Silva, L. D. O. da, et al. (2021). Identificação pela ultrassonografia vascular da compressão da veia ilíaca comum esquerda em mulheres assintomáticas: ortostatismo pode influenciar o diagnóstico? Jornal Vascular Brasileiro, 20, e20200188. Available from: https://doi.org/10.1590/1677-5449.200188.