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Gestão em Saúde

Radioproteção na telemedicina

Por Bruna em 15/08/2025 às 15:16

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Telemedicina e Radiologia: Como Garantir a Radioproteção à Distância?

A radiologia moderna evolui rapidamente com o avanço das tecnologias digitais. A telemedicina, que antes parecia algo futurista, agora é uma realidade consolidada em clínicas, hospitais e centros diagnósticos. Mas com essa mudança vem uma pergunta crucial:

Como garantir a radioproteção quando parte da operação é feita remotamente?

Com base em estudos sobre telemedicina de (Mettler, 2006) e (Simmons et al., 2009), eles analisam como alinhar eficiência diagnóstica e segurança radiológica no contexto da radiologia remota.

O que a Telemedicina muda na Radiologia?

A telemedicina permite que exames sejam realizados em um local e interpretados por especialistas em outro. Essa prática é útil especialmente em:

  • Áreas remotas com escassez de radiologistas;
  • Ambientes críticos;
  • Situações especiais como emergências e desastres.

Contudo, os exames continuam a expor pacientes à radiação ionizante, e as decisões sobre protocolos de imagem nem sempre contam com supervisão direta do radiologista. Isso torna a padronização e o rastreamento da dose ainda mais importantes.

Por que a Radioproteção precisa de novas estratégias?

Fred Mettler (2006), enfatiza que o uso crescente de exames como tomografia computadorizada elevou significativamente a dose populacional de radiação. Muitos pacientes são submetidos a múltiplos exames ao longo da vida, sem qualquer controle sobre a carga cumulativa de exposição.

No contexto da telemedicina, o rastreamento individual de dose (dose tracking) torna-se essencial para:

  • Evitar exames desnecessários ou repetidos;
  • Identificar rapidamente exposições acima dos níveis recomendados;
  • Proteger grupos vulneráveis (como crianças, gestantes e pacientes oncológicos).

Estratégias para Radioproteção em Ambientes de Telemedicina

  1. Protocolos padronizados

Os equipamentos devem operar com protocolos técnicos definidos e validados, garantindo qualidade da imagem com a menor dose possível (princípio ALARA).

  1. Sistemas de dose tracking

Devem ser implementados softwares que registrem automaticamente a dose por exame, como:  DLP, CTDIvol ou tempo de fluoroscopia. Isso permite:

  • Auditoria remota;
  • Análise de tendências;
  • Identificação de exposições excessivas.
  1. Capacitação das equipes locais

No modelo remoto, os profissionais que estão fisicamente com o paciente (como técnicos em radiologia) precisam ser bem treinados em:

  • Radioproteção;
  • Ajustes técnicos;
  • Comunicação com os médicos à distância.
  1. Infraestrutura segura

Como discutido por Simmons et al. (2009), a confiabilidade da transmissão de dados médicos, imagens e laudos é fundamental. Além disso, é preciso:

  • Armazenar os dados de exposição com segurança;
  • Garantir que o histórico de dose esteja disponível para futuras decisões clínicas.

A integração entre telemedicina e radioproteção não é apenas uma tendência, é uma necessidade ética e clínica. Para garantir segurança em ambientes onde o radiologista não está presente fisicamente, é essencial:

  • Implementar rastreamento de dose;
  • Usar protocolos seguros;
  • Garantir a capacitação técnica;
  • Monitorar a exposição em tempo real.
  • Essas medidas não apenas protegem o paciente, mas também reforçam a qualidade e a confiabilidade da prática radiológica moderna.

 

Texto elaborado por Samara Pinto - Física Médica NUCLEORAD

 

Referências

SIMMONS, Scott C.; HAMILTON, Douglas R.; McDONALD, P. Vernon. Telemedicine. In: SEGARS, W. Paul; TSUI, Benjamin M. W. (Eds.). Handbook of Anatomical Models for Radiation Dosimetry. New York: Springer, 2009. p. 135–148. DOI: 10.1007/978-0-387-68164-1_8

METTLER, Fred A. Patient exposure tracking. United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR), 2006. Disponível em: https://www.osti.gov/etdeweb/biblio/20892134. Acesso em: 11 ago. 2025.