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Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Como o exame de Mamografia impacta no diagnóstico precoce de câncer de mama no Brasil?

A mamografia é um exame fundamental no diagnóstico precoce de câncer de mama, especialmente no Brasil, onde essa doença é uma das principais causas de morte entre mulheres. Dessa forma, a detecção precoce é crucial, uma vez que quanto mais rápido a doença é identificada, maiores são as chances de um tratamento eficaz e, possivelmente, a cura. De acordo com o INCA  (Instituto Nacional de Câncer), em 2023, estimou-se que cerca de 66280 novos casos de câncer de mama seriam diagnosticados no Brasil, representando aproximadamente 29,7% do total de casos novos de câncer no país. Esses números reforçam a necessidade de um monitoramento eficaz e contínuo da saúde das mamas. A mamografia é capaz de detectar anomalias antes mesmo que um nódulo se forme, o que pode ser vital para o sucesso do tratamento. Estudos indicam que a mamografia pode reduzir a mortalidade por câncer de mama em até 30% entre mulheres que realizam o exame regularmente, especialmente aquelas na faixa etária de 50 a 69 anos. O INCA recomenda que a mamografia seja realizada com periodicidade anual ou bianual, a depender da recomendação médica, a partir dos 40 anos. É importante destacar que o acesso ao exame ainda é um desafio em algumas regiões do Brasil, principalmente naquelas mais afastadas dos grandes centros urbanos. Uma campanha de conscientização e a ampliação da oferta de mamografias são essenciais para garantir que todas as mulheres tenham o direito ao diagnóstico precoce. Algumas capitais desenvolveram formas de atingir um maior contingente da população, através de campanhas que viabilizam a chegada do equipamento de mamografia em regiões remotas e diversos interiores do Brasil, através de carretas e campanhas da marinha brasileira. Para garantir que essa modalidade de exame seja executada e apresente resultados com o melhor detalhamento possível, os profissionais de física médica, realizam periodicamente avaliações da constância e desempenhos dos equipamentos de mamografia. As avaliações realizadas consistem em verificar aspectos da qualidade da imagem, como resolução, característica do contraste na imagem, detalhamento de estruturas como calcificações, cistos, fibras, estruturas que são comuns durante a avaliação do exame. Testes em relação a dose de radiação ao qual as pacientes estão sendo expostas associadas a espessura da mama comprimida no equipamento; avalia-se, também, a qualidade e a forma de compressão utilizada pelo equipamento, além de vários outros critérios determinados pelo fabricante do equipamento e, especialmente, pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Esta, estabelecendo através da RDC 611, instrução normativa n° 92, os critérios mínimos para operação e melhor execução dos exames desta modalidade. Em suma, a mamografia é uma ferramenta essencial no combate ao câncer de mama no Brasil. Sua importância reside não apenas na detecção precoce da doença, mas também na redução da mortalidade e na promoção da saúde da mulher. O incentivo à realização do exame e a conscientização sobre sua relevância devem ser constantes, garantindo que mais mulheres possam ter acesso e se beneficiar desse exame vital.   Escrito por: Carolline Gomes de Oliveira Física Médica NUCLEORAD – Especialista em Radiodiagnóstico EBSERH/UFS   Referências: ANVISA: INSTRUÇÃO NORMATIVA - IN N° 92, DE 27 DE MAIO DE 2021 INCA: ARTIGO DETECÇÃO PRECOCE

Por tiago em 22/08/2024 às 00:57
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
O que é a investigação de dose e por que fazê-la?

Todo indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) é monitorado por meio da utilização de dosímetros pessoais. Essa monitoração decorre do fato de a radiação ionizante apresentar um potencial risco ao profissional. Embora as doses de radiação no radiodiagnóstico sejam relativamente baixas quando comparadas às práticas de uma radioterapia, por exemplo, há uma modalidade dentro do radiodiagnóstico da qual não podemos negligenciar os níveis de dose: o intervencionismo. Os procedimentos intervencionistas requerem maiores períodos de tempo de exposição, justamente por conta de sua natureza intervencionista, o que aumenta, consequentemente, a dose a que os profissionais estão expostos. Assim, é muito comum que os dosímetros desses profissionais retornem com valores altos de dose. Mas o que é "um valor alto de dose"? Para responder a esta pergunta, precisamos falar das normas CNEN NN 3.01, da Comissão Nacional de Energia Nuclear, e da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 611, da ANVISA [1, 2]. A norma NN 3.01 traz os limites de dose dos profissionais e ainda disserta sobre a necessidade da realização da investigação de dose, caso esses limites sejam ultrapassados. A RDC adota os valores estabelecidos na NN 3.01. Em sua subseção III intitulada “limitação de dose”, o documento da CNEN estabelece que o limite anual de dose efetiva para um IOE é de 20 mSv. Já no anexo E, na parte de monitoração individual, o documento, em seu artigo 19, determina que o nível de investigação seja fixado em 6 mSv em 1 ano ou 1 mSv em 1 mês. Ou seja, podemos considerar que 1 mSv de dose efetiva registrada no relatório de dose de um IOE se trata de “um valor alto de dose”. O nível de investigação, segundo a CNEN, é o “valor de uma grandeza, definido ou aprovado pela CNEN, que faz parte de um programa de monitoração, que quando atingido ou excedido, torna obrigatória a investigação das suas causas, avaliação das consequências e ações corretivas necessárias” [1]. Ou seja, a partir da constatação de um nível de dose superior ao valor estabelecido na NN 3.01, é preciso realizar uma investigação sobre as causas desta extrapolação e, com isso, tentar dirimir futuras repetições deste mesmo problema. Além disso, a investigação de dose também tem um fator educacional envolvido; é preciso alertar aos IOEs que existem meios de reduzir a dose efetiva. No caso da radiologia intervencionista, o tempo de exposição é o maior gargalo neste sentido. Contudo, existem outras formas que podem ser aliadas do profissional na hora da execução do procedimento. São eles os outros dois fatores de radioproteção – a blindagem e a distância – e os parâmetros técnicos utilizados no procedimento. Nem todos os procedimentos precisam de uma alta resolução temporal, ou seja, podemos tentar reduzir a quantidade imagens geradas por segundo, o que reflete na dose. Temos como reduzir também a dose por meio do posicionamento do tubo de raios X na hora do procedimento. E tudo isto visa o bem-estar físico do indivíduo que estará exposto à radiação durante a sua vida profissional. Em 2021, a CNEN publicou o documento “Guia para elaboração de relatório de investigação de doses ocupacionais para práticas e instalações licenciadas pela Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais” [3], que traz as diretrizes a serem seguidas para a realização e a apresentação de relatórios sobre as exposições ocupacionais. Segundo este documento, o objetivo da investigação de dose é “descobrir as causas raízes dos eventos e descrever as medidas corretivas e preventivas adotadas em função das falhas detectadas em procedimentos, equipamentos, comportamentos humanos e organizacionais, de modo que o risco associado às exposições potenciais ocupacionais seja minimizado”. Em resumo, a investigação de dose deve ocorrer para que se entendam os motivos da extrapolação da dose efetiva do IOE, a fim de evitar repetições e, dessa forma, reduzir os riscos que a radiação ionizante apresenta ao tecido humano daquele indivíduo que trabalha exposto.    Fonte da imagem: TEC-RAD. Dosimetria Pessoal. Disponível em: https://www.tec-rad.com.br/dosimetria-pessoal.html. Acesso em: 25 jul. 2024.   Texto elaborado por físico Bruno Fabricio de Oliveira Lisboa - NUCLEORAD   [1] CNEN, N. N. 3.01. Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, 2005. [2] ANVISA. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução no 611, de 09 de março de 2022. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 2022. Disponível em: < https://cvs.saude.sp.gov.br/zip/RDC%20611%202022.pdf>. Acesso em: 23/07/2024. [3] BRASIL. Guia para elaboração de relatório de investigação de doses ocupacionais para práticas e instalações licenciadas pela Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.saude.gov.br/guia-doses-ocupacionais. Acesso em: 5 ago. 2024.

Por tiago em 08/08/2024 às 12:54
A Importância do Levantamento Radiométrico em Salas de Bloco Cirúrgico

O levantamento radiométrico é uma prática essencial em ambientes onde a radiação ionizante é utilizada, como nas salas de bloco cirúrgico. A  RDC 611 de 09 de março de 2022, estabelece os objetivos do levantamento radiométrico, que é avaliar os níveis de radiação ionizante em diferentes pontos, assegurar que as áreas de trabalho estejam dentro dos limites recomendados e o Art. 64 determina que sua periodicidade é de 4 anos ou quando houver modificações na estrutura ou equipamentos. Aqui estão os principais motivos que destacam a importância do levantamento radiométrico em salas de bloco cirúrgico: Segurança dos Profissionais de Saúde Exposição Ocupacional: Os profissionais de saúde que trabalham regularmente em blocos cirúrgicos, como cirurgiões, enfermeiros e técnicos de radiologia, estão potencialmente expostos a níveis elevados de radiação. O levantamento radiométrico assegura que a exposição cumulativa esteja dentro dos limites aceitáveis Segurança dos Pacientes Minimização da Exposição: Garantir que os níveis de radiação ambiental estejam controlados ajuda a minimizar a exposição desnecessária, especialmente em procedimentos que requerem múltiplas imagens. O levantamento radiométrico garante que as barreiras protetoras e as distâncias de segurança estejam corretamente implementadas, protegendo áreas sensíveis do corpo do paciente. Identificação e Correção de Problemas: O levantamento radiométrico ajuda a identificar áreas onde a radiação pode estar escapando de fontes não controladas, permitindo ações corretivas imediatas. Desgaste e Manutenção de Equipamentos, detectar níveis de radiação anormais pode indicar problemas em equipamentos radiológicos, como desgastes em blindagens ou mau funcionamento de dispositivos, permitindo a manutenção preventiva. Treinamento Adequado: Os dados obtidos podem ser usados para desenvolver programas de treinamento específicos, focados na redução da exposição e no uso correto dos EPIs.                                                   O levantamento radiométrico em salas de bloco cirúrgico é fundamental para garantir a segurança dos profissionais de saúde e dos pacientes, assegurar a conformidade com regulamentações, identificar e corrigir problemas rapidamente e promover uma cultura de segurança e conscientização. Implementar e manter um programa de levantamento radiométrico é essencial para qualquer instituição de saúde que utilize radiação ionizante em seus procedimentos Texto elaborado pelo físico Tiago Langone – supervisor técnico NUCLEORAD

Por Adriano Goulart em 21/06/2024 às 15:44
Os diversos monitores utilizados na proteção radiológica e suas funções

         A radiação ionizante (RI) é aquela que tem a capacidade de arrancar elétrons dos átomos com os quais interage [1]. Os raios X (RX), que são ondas eletromagnéticas (fótons) de alta frequência, se enquadram nesta categoria. Porém, diferentemente da região do espectro que é classificada como visível (região das cores), não conseguimos enxergá-los, o que não quer dizer que eles não existam. Afinal, como são feitas, então, as radiografias, não é verdade? Ainda que essa pergunta seja interessante, hoje falaremos apenas das diversas formas que temos atualmente para detectarmos essa radiação eletromagnética ionizante invisível.           Primeiramente, é preciso introduzir brevemente alguns conceitos importantes relacionados à interação da radiação com a matéria. Podemos entender, simplificadamente, radiação como fluxo de energia de um ponto a outro [2]. Em um equipamento de raios X, por exemplo, esse fluxo ocorre do tubo de radiação, que gera os raios X, até um determinado ponto afastado da fonte, lembrando que a intensidade do feixe obedece à regra do inverso do quadrado da distância (ou seja, quanto mais afastado da fonte, menor será a intensidade do feixe gerado – tal qual a intensidade de uma lanterna do farol de um carro, por exemplo, que ilumina bastante alguns metros à frente, mas não o suficiente para iluminar quilômetros a frente, consegue associar?).             Além disso, é importante entender também o que é o processo de ionização, que é caracterizado pela capacidade de cessão de energia da radiação ionizante à matéria de tal forma que sejam criados pares elétron livre-buraco no átomo do material [2]. O elétron, antes ligado eletricamente ao átomo, consegue energia suficiente – cedida pela radiação ionizante – para se “libertar”, deixando em seu lugar um “buraco”.             Para haver a detecção, é necessário, portanto, que haja uma interação com a radiação. Esta interação se trata, basicamente, deste processo de ionização, que é o que ocorre em praticamente todos os detectores que conhecemos atualmente. Após a ionização, é preciso também estabelecer métodos de coleta e de leitura/análise dos elétrons. Este último processo diferencia os diversos detectores.             Antes de falarmos propriamente dos detectores, os classificaremos da seguinte forma: detectores passivos e detectores ativos. Os detectores passivos são aqueles que não têm associados a si um leitor eletrônico e que, por isso, precisam ser levados a instrumentos específicos para que a leitura seja realizada. Já os detectores ativos são aqueles que já mostram a leitura na hora da interação com a radiação.             Os detectores passivos mais conhecidos são aqueles de uso pessoal, como os dosímetros termoluminescentes (TLD) e os opticamente estimulados (OSL), bastante utilizados no monitoramento dos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs). São também detectores passivos os antigos filmes radiográficos – porém a tendência é que esta tecnologia se torne obsoleta com o advento dos detectores digitais diretos. Como exemplo de detectores ativos, podemos citar as câmaras de ionização e o Geiger muller – que são detectores a gás, os detectores de estado sólido e alguns cintiladores.             Os TLDs e o OSLs são dispositivos de estado sólido que armazenam a energia acumulada da RI em sua rede cristalina. Eles funcionam de maneira semelhante, porém o modo de leitura é distinto; enquanto o primeiro é estimulado por meio de aquecimento, o segundo é estimulado por aplicação de luz. A RI, como dito anteriormente, provoca a ionização dos elétrons, que ganham energia e são arrancados da rede cristalina. Por conta de impurezas – dopagem química - na rede destes materiais, os elétrons ficam presos nestas zonas até que um outro tipo de energia (no caso do TLD, calor e no caso do OSL, luz) seja cedida para que eles sejam liberados [3].             Os detectores a gás são assim chamados porque o material que interage com a RI é um gás. A RI ioniza as moléculas do gás presas em um recipiente cilíndrico e produz uma cascata de elétrons, que são coletados por meio da aplicação de uma diferença de potencial entre os polos do cilindro. A magnitude desta diferença de potencial potencializa a utilização do detector a depender da sua aplicabilidade (como mostra a Figura 1), uma vez que há diversos interesses de uso desse instrumento [4]. O Geiger-muller, por exemplo, que é um detector bastante utilizado na medicina nuclear, é utilizado apenas para detectar radiação ionizante no ambiente (por ser classificado na região V da Figura 1, qualquer ionização presente no gás é coletada devido ao alto potencial aplicado). Já a câmara de ionização, que também é a gás, é bastante utilizada para estabelecer o nível de radiação ionizante com precisão porque estabelece uma relação quase proporcional ao que é ionizado e o que é coletado. Por isto, este tipo de detector é bastante utilizado no radiodiagnóstico nos levantamentos radiométricos e testes de fuga de cabeçote e em alguns testes de CQ.                                        Figura 1: Log dos íons coletados em função da voltagem aplicada em um detector à gás. Disponível em TAUHATA, Luiz et al. Radioproteção e dosimetria: fundamentos. CBPF, 2003 [3].                Os detectores de estado sólido funcionam de maneira parecida com os TLD. Porém, diferentemente deles, estes detectores têm associados a si um campo elétrico responsável por aplicar uma diferença de potencial que coleta os elétrons criados na ionização, o que faz gerar um sinal elétrico, que será lido e mostrado em uma tela. Neste caso, a estrutura do material é também explicada pela teoria de bandas do material. Por se tratar de uma física mais pesada e por fugir um pouco do escopo do artigo, não trataremos profundamente deste assunto aqui, mas deixo como sugestão a leitura do capítulo 6.7 do livro do Tahuata [3].             Fato é que os detectores de estado sólido (ou semicondutores) são bastante utilizados na prática do físico médico. Eles são utilizados no feixe direto de radiação, ao contrário dos detectores a gás, que em geral são utilizados para feixes secundários. Além disso, os semicondutores são também multimedidores, o que possibilita a eles a leitura de diversas outras grandezas sem ser a dose de radiação, como a tensão do tubo de raios X, o tempo de exposição e a camada semirredutora, que são parâmetros de interesse no controle de qualidade de um raios X.                                                        Fonte da imagem: Sítio eletrônico da UESC. Disponível em: http://www.uesc.br/centros/ctr/modulos/infraestrutura/geral/equipamento.php?lab=lrad&eq=controle_radiacao&pic=1. Acessado em: 31/05/2024.   Texto elaborado por físico médico Bruno Lisboa – especialista em radiodiagnóstico – NUCLEORAD.   Referências Bibliográficas   [1] NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de física básica: Ótica, relatividade, física quântica (vol. 4). Editora Blucher, 2014. [2] ATTIX, Frank Herbert. Introduction to radiological physics and radiation dosimetry. John Wiley & Sons, 2008. [3] TAUHATA, Luiz et al. Radioproteção e dosimetria: fundamentos. CBPF, 2003. [4] KNOLL, Glenn F. Radiation detection and measurement. John Wiley & Sons, 2010.

Por Adriano Goulart em 06/06/2024 às 12:05
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
A relação entre o físico médico e o cálculo de blindagem

A realização do cálculo de blindagem é um dos conhecimentos atribuídos ao profissional de física médica em serviços clínicos - hospitalares.  A importância desse está associada aos riscos que o excesso de exposição à radiação ionizante pode representar à saúde humana. Ao realizar o cálculo de blindagem, os físicos, baseado nas especificações oferecidas pelo serviço médico, determinam os materiais mais adequados a realidade apresentada pelo projeto clínico em relação a diferentes tipos de radiação ionizante, que minimizem as exposições de indivíduos do público e ocupacionais. Os limites de radiação anuais considerados para o cálculo de blindagem variam dependendo do contexto e das regulamentações específicas de cada país ou organização. Geralmente, esses limites são estabelecidos com base em padrões de segurança radiológica e saúde pública. Por exemplo, em muitos países, como os Estados Unidos e a União Europeia, os limites de exposição à radiação são definidos por agências reguladoras, como a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) e a Comissão Internacional de Unidades de Radiação e Medidas (ICRU). Essas agências estabelecem limites anuais de dose efetiva para diferentes categorias de exposição, como trabalhadores ocupacionalmente expostos e membros do público em geral. No Brasil, no âmbito do radiodiagnóstico, a ANVISA a partir do documento publicado em 2022, RDC 611, e as instruções normativas posteriores, estabelece um valor de 0,5 mSv/ano para áreas livres e 5,0 mSv/ano para áreas controladas. Para realizar o cálculo de blindagem em radiodiagnóstico, os seguintes passos são seguidos: Identificação das áreas que necessitam da realização do cálculo de blindagem: A partir de planta baixa oferecida pelo estabelecimento, o físico determina os locais que necessitam de avaliação/realização do cálculo de blindagem.      2.Avaliação do tipo de equipamento a ser instalado em cada ambiente: Determinar as fontes de radiação utilizadas em cada ambiente identificado, como equipamentos de raios-X convencionais, tomografia computadorizada (TC), fluoroscopia, entre outros. Avaliação dos Requisitos de Proteção: Classificar cada área do entorno do ambiente a ser avaliado analisando os requisitos de proteção radiológica estabelecidos por regulamentações locais e padrões internacionais. Isso inclui limites de dose para pacientes, profissionais de saúde e membros do público. Identificando áreas como salas de exames, áreas de controle e corredores adjacentes, entre outros. Medição ou Estimativa da Taxa de Dose: Realizar medições diretas da taxa de dose de radiação ou utilizar dados fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos e protocolos internacionais para estimar os níveis de radiação nas áreas a serem protegidas. Seleção dos Materiais de Blindagem: A partir do cálculo executado, determinar os materiais de blindagem adequados com base nas energias e tipos de radiação utilizados nos exames radiológicos. Para raios-X, materiais como chumbo, concreto e barita são comumente utilizados. Verificação e Teste: Realizar verificações e testes para garantir que a blindagem atenda aos requisitos de proteção estabelecidos. Isso pode incluir medições de taxa de dose após a instalação da blindagem e simulações computacionais adicionais, se necessário. Monitoramento: Implementar um programa para monitoramento das instalações de radiodiagnóstico para garantir a eficácia contínua da blindagem ao longo do tempo.   Esses passos garantem que as instalações de radiodiagnóstico estejam em conformidade com as regulamentações de segurança radiológica. Entretanto, é válido salientar que, a cada alteração estrutural do ambiente ou troca de equipamento, é necessário a execução de um novo cálculo de blindagem por parte da equipe de física médica para garantir a eficácia ou possíveis alterações da blindagem já existente. Após a execução da obra civil e instalação do equipamento deverá ser implementado um programa de garantia da qualidade, de proteção radiológica e de educação permanente.   Texto elaborado pela Física Carolline Gomes de Oliveira – especialista em radiodiagnóstico - NUCLEORAD   Referências: National Council on Radiation Protection and Measurements (2004) Structural Shielding Design for Medical X-ray Imaging Facilities. Bethesda: NCRP; NCRP Report 147. National Council on Radiation Protection and Measurements (1993) Limitations of Exposure to Ionizing Radiations. Bethesda: NCRP; NCRP Report 116. National Council on Radiation Protection and Measurements (1976) Structural Shielding Design and Evaluation for Medical Use of X Rays and Gamma Rays of Energies up to 10 MeV. Bethesda: NCRP; NCRP Report 49. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução n° 611

Por Adriano Goulart em 06/06/2024 às 11:51
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Controle de Qualidade de Monitores de Interpretação de Imagens Médicas

                   Implementar um programa de controle de qualidade e seguir as diretrizes estabelecidas em monitores de diagnóstico por imagem é essencial para a precisão e confiabilidade das imagens médicas, contribuindo para um resultado mais seguro e eficaz. Esse controle é regido por várias normas e diretrizes, que visam garantir a precisão e a qualidade das imagens exibidas. Algumas normas e recomendações incluem: Norma DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine):  A DICOM é uma norma que define as como as imagens em escala de cinza devem ser apresentadas em monitores de diagnóstico para garantir a consistência entre diferentes dispositivos e ambientes.   Colégio Americano de Radiologia (ACR): O ACR tem diretrizes especificas para a calibração e controle de qualidades de monitores de diagnósticos, incluindo a verificação regular da luminância, contraste, resolução e uniformidade.   Norma IEC 62563-1: Está norma da Comissão Eletrônica Internacional (IEC) especifica os métodos de medição e requisitos de desempenho de monitores utilizados na radiologia.   Norma ABNT IEC62563-1 Esta norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) especificas métodos de medição e os requisitos de desempenhos dos monitores que são utilizados nos setores de radiologia, alinhando- se com a norma internacional IEC 62563-1.    RDC 611/ANVISA O artigo 74 da Resolução Normativa nº 611 da ANVISA, estabelece que devem ser utilizados monitores de laudo específicos para esse fim, compatíveis com as características das imagens de cada modalidade assistencial, sendo proibida a utilização de monitores convencionais não específicos para essa finalidade.   Instruções Normativas A IN N°92 que esbatesse normas para mamografia, cita a obrigatoriedade de uso de monitores que seja específico para mamografia, e mostra valores mínimos de luminância para testes que devem ser realizados nesses monitores. Esses valores também são citados nas IN`s N°90 de Radiologia, N°93 de Tomografia, N° 94 de Radiologia Odontológica Extraoral e IN N° 97 de Ressonância Magnética.   Já o controle de qualidade, que faz parte do Programa de Garantia da Qualidade, são testes obrigatórios que são realizados anualmente nos monitores, que incluem os testes:   Luminância dos monitores de interpretação: A luminância indica a razão entre a intensidade luminosa emitida por segundo de uma superfície em um determinado ângulo sólido, e a área desta superfície.   Uniformidade da luminância: A uniformidade da luminância (UL) está relacionada com a variação máxima da luminância ao longo da área de visualização da tela do monitor.   Iluminação Ambiental: Verificar a luminosidade da sala de interpretação dos exames do serviço   Realizar o controle de qualidade é essencial para assegurar que os monitores de interpretação de exames, mantenham um ótimo desempenho, contribuindo para os diagnósticos precisos e para a segurança dos pacientes.   Texto elaborado por físico Tiago Langone Ribeiro – especialista em radiodiagnóstico e supervisor técnico da NUCLEORAD

Por Adriano Goulart em 21/05/2024 às 17:27