NucleoBlog
A Revolução da Inteligência Artificial na Radiologia: Detecção de Microcalcificações em Mamografias

A radiologia está vivenciando uma revolução tecnológica impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), que tem se consolidado como uma ferramenta essencial para diagnósticos médicos. Com a capacidade de processar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos em imagens, a IA oferece suporte crucial na detecção de anomalias sutis, como as microcalcificações em mamografias. Essas pequenas deposições de cálcio, que podem ter apenas 1 a 3 pixels de dimensão, são frequentemente associadas aos estágios iniciais do câncer de mama. No entanto, devido ao seu tamanho reduzido e à complexidade do tecido mamário, sua identificação pode ser desafiadora até mesmo para os radiologistas mais experientes. A detecção de microcalcificações pela IA é baseada em algoritmos de aprendizado profundo, ou deep learning, que simulam redes neurais biológicas para processar dados em múltiplas camadas. Esses algoritmos são capazes de identificar padrões em imagens médicas de maneira semelhante à forma como o cérebro humano reconhece características visuais. No caso das mamografias, a IA analisa pixel por pixel, destacando áreas de interesse com base em parâmetros pré-definidos e em características aprendidas durante o treinamento do modelo. Segundo Gonzalez e Woods (2008), técnicas de processamento digital de imagens, como a filtragem espacial e o realce de contraste, são frequentemente aplicadas para preparar os dados antes de serem inseridos no algoritmo de IA, aumentando a sensibilidade e a precisão da análise. O treinamento dessas IAs é realizado com o uso de grandes bases de dados, contendo milhares de imagens rotuladas por especialistas. Durante esse processo, o algoritmo aprende a distinguir padrões associados a microcalcificações benignas e malignas, além de diferenciar essas estruturas de artefatos ou características normais do tecido mamário. O aprendizado é iterativo, o que significa que o modelo passa por sucessivas fases de treinamento, validação e teste, até atingir um nível de precisão satisfatório. A utilização de técnicas como data augmentation – que amplia artificialmente o conjunto de dados, variando aspectos como rotação, escala e brilho das imagens – também é fundamental para melhorar a robustez do modelo e evitar o overfitting (quando o algoritmo “memoriza” os dados de treinamento, mas tem dificuldade em generalizar para novos casos). No contexto das microcalcificações, o deep learning permite que a IA não apenas detecte essas estruturas, mas também analise características adicionais, como tamanho, forma, distribuição e densidade. Essas informações são cruciais para a classificação das microcalcificações em categorias de risco, auxiliando os radiologistas na tomada de decisões clínicas. Por exemplo, em casos de suspeita de malignidade, o algoritmo pode sugerir a realização de exames complementares ou até mesmo uma biópsia. Estudos recentes destacam que a sinergia entre a IA e a análise humana aumenta significativamente a precisão diagnóstica, reduzindo tanto os falsos positivos quanto os falsos negativos. Além disso, a implementação da IA na radiologia oferece benefícios adicionais, como a padronização dos laudos e a priorização de casos em sistemas de triagem. Em um ambiente hospitalar de alta demanda, esses recursos ajudam a otimizar o fluxo de trabalho, garantindo que pacientes com maior necessidade de atenção sejam avaliados com urgência. A triagem automatizada de mamografias, por exemplo, pode identificar rapidamente exames com alta probabilidade de microcalcificações suspeitas, permitindo que os radiologistas concentrem seus esforços nos casos mais críticos. No entanto, a incorporação da IA na radiologia exige uma infraestrutura robusta e um alinhamento ético e regulatório. O treinamento de modelos de deep learning requer poder computacional elevado e acesso a grandes conjuntos de dados, o que pode representar um desafio em instituições menores ou em regiões menos desenvolvidas. Além disso, é essencial garantir a proteção dos dados dos pacientes e a transparência dos algoritmos, para que os profissionais de saúde e os pacientes confiem nas decisões tomadas com o auxílio da IA. Em resumo, a IA está transformando a radiologia, oferecendo precisão, eficiência e suporte em diagnósticos desafiadores. A detecção de microcalcificações em mamografias exemplifica o potencial dessa tecnologia, que combina algoritmos avançados de deep learning com o julgamento clínico humano para melhorar os cuidados médicos. A sinergia entre IA e radiologistas não apenas eleva o padrão de qualidade no diagnóstico por imagem, mas também contribui para intervenções mais precoces e eficazes, impactando positivamente os desfechos dos pacientes. -Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD     Referências: Gonzalez, R. C., & Woods, R. E. (2008). Processamento de Imagens Digitais. Pearson Prentice Hall. Neuralmed. (2023). Inteligência artificial na radiologia: Conheça os benefícios! Disponível em: (neuralmed.ai) Instituto Atheneu. (2023). Qual é o impacto da inteligência artificial na radiologia? Disponível em: (blog.institutoatheneu.com.br)

Por tiago em 03/12/2024 às 13:44
Gestão em Saúde
Novembro Azul: A Luta contra o Câncer de Próstata e a Conscientização sobre a Saúde Masculina

O mês de novembro é marcado por uma importante campanha de conscientização: o Novembro Azul. Durante todo o mês, diversas ações e eventos são realizados para informar, educar e incentivar os homens a cuidarem melhor de sua saúde, quebrando tabus e preconceitos que ainda existem em relação ao cuidado com o corpo e a prevenção de doenças [1]. Nesse sentido, o Novembro Azul é uma campanha de conscientização que busca chamar a atenção para o câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens no Brasil e no mundo, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Além disso, a campanha também busca estimular os homens a adotarem hábitos saudáveis, como a prática regular de atividades físicas, uma alimentação equilibrada e a realização de exames médicos periódicos. A ideia é incentivar os homens a superarem o medo e o estigma associados à realização de exames preventivos, como o exame de toque retal e o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico), que ajudam na detecção precoce da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, já que, quando identificado nas fases iniciais, o câncer de próstata tem altas taxas de cura. O Câncer de Próstata: Estatísticas e Fatores de Risco De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens brasileiros, com estimativas de mais de 65 mil novos casos a cada ano [2]. A boa notícia é que, quando detectado precocemente, as chances de sucesso no tratamento são muito altas. A taxa de cura para o câncer de próstata em estágio inicial pode ultrapassar os 90%. Fatores de risco incluem [3]: Idade: O risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos; Histórico familiar: Homens cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos; Sobrepeso e Obesidade: Estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal elevado. Embora o câncer de próstata seja comum, a grande maioria dos homens diagnosticados com a doença não morre por conta dela, especialmente se o diagnóstico ocorrer de forma precoce. Por isso, é fundamental que os homens se submetam aos exames preventivos regularmente, principalmente a partir dos 50 anos, ou antes, se houver histórico familiar ou outros fatores de risco. Principais Exames para a Prevenção do Câncer de Próstata Exame de Toque Retal: Embora muitas vezes seja visto com receio, o exame de toque retal é um dos métodos mais eficazes para detectar alterações na próstata, como nódulos ou aumento de volume, sinais que podem indicar câncer. O exame é rápido, simples e muito importante, principalmente para homens a partir dos 50 anos, ou mais cedo, caso haja histórico familiar de câncer de próstata [4]. Exame de PSA (Antígeno Prostático Específico): O exame de sangue que mede os níveis de PSA é outro método utilizado para detectar alterações na próstata. Níveis elevados de PSA podem indicar a presença de câncer, mas também podem estar relacionados a outras condições, como prostatite ou hiperplasia benigna da próstata. Para um diagnóstico mais preciso, o PSA deve ser analisado juntamente com o exame de toque retal. Biópsia da Próstata: Quando os exames iniciais sugerem alterações, o médico pode recomendar uma biópsia para confirmar o diagnóstico. Embora seja um procedimento um pouco mais invasivo, a biópsia é fundamental para determinar a presença de câncer e a agressividade do tumor. Saúde Masculina Além do Câncer de Próstata Embora o foco principal do Novembro Azul seja o câncer de próstata, a campanha também destaca outros aspectos da saúde do homem [5], incluindo: Saúde Mental, pois os homens têm menos propensão a buscar ajuda para questões emocionais e psicológicas; Doenças Cardíacas, já que a doença cardiovascular é a principal causa de morte entre os homens no Brasil; Saúde Sexual: o cuidado com a saúde sexual e reprodutiva, promovendo o diálogo sobre disfunção erétil, por exemplo. Portanto, o Novembro Azul é uma campanha de grande importância para a saúde masculina. Ao promover a conscientização sobre o câncer de próstata e outras questões relacionadas à saúde do homem, ela contribui para salvar vidas e melhorar a qualidade de vida dos homens. Ao quebrar tabus e estimular a busca por cuidados médicos preventivos, essa campanha ajuda a criar uma cultura de autocuidado, respeito à saúde e prevenção. Se você é homem, não deixe de aproveitar este mês para fazer os exames necessários e, se você é mulher, incentive os homens ao seu redor a se cuidarem. O Novembro Azul é uma oportunidade para todos se unirem pela saúde masculina e, juntos, fazer a diferença na luta contra o câncer de próstata. Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.    Referências: [1] Fundacentro - Governo Federal. Novembro azul é uma campanha de conscientização sobre a prevenção de câncer de próstata. Disponível em: https://www.gov.br/fundacentro. [2] Instituto Nacional do Câncer (INCA) - Governo Federal. Câncer de Próstata. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata.  [3] Instituto Nacional do Câncer (INCA) - Governo Federal. Câncer de Próstata: vamos falar sobre isso?. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites. [4] Biblioteca Virtual em Saúde. Câncer de Próstata. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/137cancer_prostata.html. [5] Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Novembro Azul reforça a conscientização sobre a saúde do homem. https://www.estado.rs.gov.br.

Por tiago em 25/11/2024 às 17:55
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
A importância da Proteção Radiológica no tratamento com I-131 em Medicina Nuclear

O Iodo-131 foi o primeiro radioisótopo de importância na Medicina Nuclear. Ele é usado em terapia, sendo preconizador nesse contexto devido a sua composição química, que também possibilitou seu uso em diagnóstico. A administração da  dose  terapêutica  de  Iodo-131  é  realizada  de  forma  ambulatorial  ou  em  isolamento,  conforme a patologia apresentada pelo paciente. O uso de materiais radioativos oferece enormes benefícios no diagnóstico e tratamento de diversas doenças, mas também envolve riscos associados à exposição à radiação ionizante. A proteção radiológica no tratamento com I-131 e outros radiofármacos em Medicina Nuclear é fundamental para garantir a segurança dos pacientes, profissionais de saúde e do público em geral. A física médica, com sua expertise em radioproteção, desempenha um papel crucial em todas as fases do processo. A seguir estão alguns aspectos detalhados sobre a importância da proteção radiológica nesse contexto:   Princípios da Proteção Radiológica A proteção radiológica segue três princípios fundamentais: Justificação: O benefício do uso de radiação ionizante deve superar os riscos. Em Medicina Nuclear, isso significa que o uso de radiofármacos só é justificado quando não há alternativas terapêuticas ou diagnósticas mais seguras que ofereçam os mesmos benefícios. Otimização: Também conhecido como ALARA (As Low As Reasonably Achievable), esse princípio determina que a dose de radiação deve ser a mínima possível para atingir os objetivos clínicos. O físico médico atua para garantir que a dose administrada ao paciente seja cuidadosamente calculada e ajustada para minimizar a exposição desnecessária. Limitação de Dose: Existem limites regulamentares para a exposição ocupacional e pública à radiação. Os físicos médicos e especialistas em proteção radiológica asseguram que essas doses estejam dentro dos limites aceitáveis, com monitoramento contínuo. Proteção dos Pacientes A administração de radiofármacos, como o I-131, implica a introdução de material radioativo no corpo do paciente, o que requer um planejamento cuidadoso para proteger órgãos e tecidos saudáveis da exposição desnecessária. Dosimetria Precisa: O cálculo adequado da dose a ser administrada é essencial para garantir que o tecido-alvo (como a tireoide ou tumores) receba a dose terapêutica, enquanto os tecidos adjacentes ou saudáveis são poupados. O físico médico realiza esses cálculos levando em conta parâmetros biológicos e anatômicos do paciente. Minimização da Exposição: Mesmo que o paciente precise ser exposto a níveis terapêuticos de radiação, existem estratégias para minimizar essa exposição. Por exemplo, a administração de uma dose fracionada ou o uso de bloqueadores de radiação em alguns órgãos pode reduzir a absorção de radiação indesejada. Orientação Pós-Tratamento: Pacientes que recebem tratamentos com radiofármacos de meia-vida longa, como o I-131, podem continuar emitindo radiação por dias após a administração. O físico médico orienta o paciente sobre como minimizar a exposição a familiares e pessoas próximas, incluindo restrições temporárias ao contato físico próximo, especialmente com crianças e gestantes.   Proteção dos Profissionais de Saúde Os profissionais que manuseiam radiofármacos ou atendem pacientes tratados com radiação precisam adotar medidas rigorosas de proteção radiológica para evitar a exposição ocupacional. Monitoração Individual: Os trabalhadores são monitorados continuamente para garantir que suas doses de radiação permaneçam dentro dos limites estabelecidos. Dispositivos de monitoração pessoal, como dosímetros, são utilizados para medir a exposição acumulada ao longo do tempo. Barreiras de Proteção: No ambiente de Medicina Nuclear, são usadas barreiras físicas, como aventais de chumbo e luvas especiais, para reduzir a exposição direta à radiação. Áreas designadas de trabalho com material radioativo também são equipadas com blindagens adequadas. Treinamento em Radioproteção: Profissionais que lidam com materiais radioativos recebem treinamento regular em técnicas de manuseio seguro, uso de equipamentos de proteção e medidas de emergência em caso de exposição acidental ou contaminação.   Proteção do Público A radiação emitida por pacientes tratados com I-131 ou outros radiofármacos pode, em alguns casos, representar um risco para o público. Assim, medidas específicas são adotadas para limitar a exposição das pessoas ao redor. Isolamento Temporário de Pacientes: Pacientes que recebem altas doses de I-131 podem ser colocados em isolamento em áreas controladas até que os níveis de radiação em seus corpos sejam suficientemente baixos para não representar um risco para outras pessoas. Isso é especialmente comum em hospitais com departamentos de Medicina Nuclear que realizam tratamentos de altas doses. Monitoramento Ambiental: Além de monitorar os pacientes e os profissionais de saúde, o ambiente onde são manipulados radiofármacos também é cuidadosamente monitorado para evitar contaminações. Equipamentos de detecção de radiação garantem que as salas de tratamento e áreas de descarte de resíduos radioativos estejam seguras.   Gestão de Resíduos Radioativos O descarte seguro de resíduos contendo radioisótopos é uma parte importante da proteção radiológica. O físico médico, junto com especialistas em radioproteção, garante que resíduos líquidos, sólidos e gasosos resultantes dos tratamentos com radiofármacos sejam tratados e descartados de acordo com normas ambientais rigorosas. Armazenamento de Decaimento: Em muitos casos, resíduos radioativos são armazenados por um período de tempo até que a atividade da radiação decaia para níveis seguros, antes de serem descartados. Normas de Descarte: Existem diretrizes específicas para o descarte de diferentes tipos de resíduos radioativos, e o cumprimento dessas diretrizes é crucial para evitar a contaminação ambiental e a exposição involuntária do público.   Emergências Radiológicas Em casos de acidentes ou falhas no manuseio de radiofármacos, a proteção radiológica também envolve a implementação de planos de resposta a emergências. Esses planos incluem procedimentos para evacuação, contenção e descontaminação, garantindo que qualquer incidente seja gerido de forma eficaz para minimizar o impacto. A proteção radiológica em Medicina Nuclear é essencial para maximizar os benefícios terapêuticos e diagnósticos dos radiofármacos, ao mesmo tempo em que protege pacientes, profissionais e o público de riscos desnecessários. A física médica, com seu conhecimento dos princípios de radioproteção, desempenha um papel vital na implementação de medidas de segurança que garantem o sucesso dos tratamentos, sempre mantendo os riscos sob controle.   Bruna Vitola Lovato Especialista em Radiodiagnóstico – UCS    Referências:  DE OLIVEIRA, A. S.; MULLER, A. dos S.; SIMÃO, E. M.; RODRIGUES JUNIOR, L. F.; SCHWARZ, A. P. Dosimetria de quarto terapêutico para tratamento com Iodo 131. Disciplinarum Scientia | Naturais e Tecnológicas, Santa Maria (RS, Brasil), v. 22, n. 2, p. 95–103, 2021. DOI: 10.37779/nt.v22i2.4063. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumNT/article/view/4063. Acesso em: 24 out. 2024.

Por tiago em 14/11/2024 às 16:46
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
A importância dos testes de controle de qualidade em mamografia

Os testes de controle de qualidade (CQ) em mamografia são fundamentais para assegurar a segurança e eficácia dos exames de imagem na detecção precoce do câncer de mama. Esse tipo de exame utiliza radiação ionizante, e, por isso, o monitoramento contínuo da dose de entrada na pele (DEP) é essencial, especialmente considerando que o tecido mamário é um dos mais radiossensíveis do corpo humano. O controle da dose é importante tanto para minimizar o risco de efeitos adversos à saúde quanto para garantir que as imagens resultantes sejam adequadas para um diagnóstico preciso. Conforme estabelecido pela RDC 611, Instrução Normativa 92, é necessário realizar testes de CQ no equipamento de mamografia pelo menos uma vez ao ano, assim como sempre que ocorrerem ajustes, manutenções ou atualizações no equipamento. Esse cronograma regular de testes visa assegurar que o equipamento esteja operando dentro dos parâmetros de segurança e qualidade especificados. Além disso, ele previne desvios na dose administrada, reduzindo o risco de exposição desnecessária ao paciente e garantindo a estabilidade dos valores de DEP. Esse controle é especialmente importante no modo de controle automático de exposição (AEC), onde o equipamento ajusta automaticamente a dose de acordo com a densidade e a composição do tecido mamário da paciente. O modo AEC é projetado para oferecer um nível consistente de qualidade de imagem com doses otimizadas. No entanto, se não for adequadamente monitorado, o AEC pode resultar em doses inadequadas, seja por exposição excessiva ou por subdosagem, prejudicando a qualidade da imagem e, potencialmente, o diagnóstico. Testes regulares nesse modo são, portanto, fundamentais para garantir que o ajuste automático de dose funcione dentro dos padrões de segurança, proporcionando imagens claras e detalhadas sem exceder os limites de dose recomendados. Além disso, o controle anual da DEP permite avaliar a conformidade com o princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que visa minimizar a exposição à radiação sem comprometer a qualidade da imagem diagnóstica. O acompanhamento contínuo e a adequação das doses contribuem para a prevenção de reexposições, evitando que a paciente passe por mais de uma mamografia devido a falhas na qualidade da imagem ou a parâmetros incorretos de dose. Isso é especialmente relevante, pois a exposição acumulativa ao longo dos anos pode aumentar o risco de efeitos estocásticos, como o desenvolvimento de câncer induzido pela radiação. Dessa forma, os testes de CQ não apenas preservam a saúde das pacientes, mas também asseguram a conformidade com as regulamentações vigentes e elevam a qualidade do atendimento prestado. Eles demonstram o compromisso dos serviços de imagem com a segurança radiológica e reforçam a confiança das pacientes nos procedimentos de rastreamento e diagnóstico. Em resumo, o controle regular da DEP e dos parâmetros de operação em mamografia, aliado ao cumprimento das normas regulamentares, é indispensável para uma prática segura e eficaz, permitindo diagnósticos precoces sem comprometer a segurança das pacientes.   Texto Elaborado pela Letícia Fröhlich - Física NUCLEORAD   Referências: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 611, de 10 de setembro de 2022. Dispõe sobre os requisitos de segurança e proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. Disponível em: site da ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Instrução Normativa (IN) nº 92, de 10 de setembro de 2022. Estabelece os critérios técnicos para a execução dos testes de controle de qualidade em equipamentos de raios-x diagnóstico. Disponível em: site da ANVISA. American College of Radiology (ACR). (2018). Mammography Quality Control Manual. Este manual fornece diretrizes para procedimentos de controle de qualidade em mamografia e recomendações de dose.

Por tiago em 07/11/2024 às 12:38
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Segurança em Foco: Como a Dosimetria Garante a Proteção dos Trabalhadores Expostos à Radiação

O dosímetro é um dispositivo fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores que atuam em ambientes de exposição à radiação ionizante, como os profissionais de saúde, incluindo médicos, técnicos em radiologia e outros envolvidos em serviços de diagnóstico por imagem e radioterapia. Ele tem a função de monitorar e registrar a dose de radiação recebida ao longo do tempo, permitindo que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites seguros estabelecidos pelas normas de proteção radiológica. No Brasil, a normativa que rege o uso dos dosímetros inclui a RDC 611/2022 da ANVISA, que estabelece diretrizes para a radioproteção e controle das doses recebidas pelos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs), além da Norma CNEN NN 3.01, que especifica os limites de dose e os requisitos de controle para trabalhadores expostos a radiação [1][2]. A utilização correta do dosímetro, junto às boas práticas de controle de dose, é essencial para preservar a saúde dos profissionais, evitando danos cumulativos provocados pela radiação. Para que o monitoramento da radiação seja eficiente, é crucial que o dosímetro seja sempre posicionado de forma adequada, isto é, exposto diretamente à radiação enquanto o profissional realiza suas atividades. Isso permite que a dosimetria reflita com precisão a quantidade de radiação à qual o indivíduo foi exposto. Normalmente, o dosímetro é posicionado na região do tórax, sobre o avental de chumbo, que é utilizado como proteção durante os procedimentos radiológicos. Esse posicionamento garante que a radiação recebida pela parte mais sensível do corpo seja monitorada de forma eficiente. A falha em usar o dosímetro corretamente ou em manter sua exposição ao longo do turno de trabalho pode resultar em leituras imprecisas, comprometendo o controle da dose e, consequentemente, a saúde do trabalhador.  Além de ser obrigatório por normativas nacionais, o uso regular do dosímetro é uma das principais medidas preventivas para controlar a exposição dos IOEs. A dose registrada por esses dispositivos deve ser analisada periodicamente, de modo a garantir que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites aceitáveis, que no Brasil são de 20 mSv por ano para trabalhadores da área de radiação ionizante, conforme estipulado pela RDC 611 e pela Norma CNEN NN 3.01 [1][2]. O monitoramento contínuo e a análise desses dados permitem identificar precocemente qualquer elevação nos níveis de exposição, o que pode levar à revisão de processos e à implementação de medidas corretivas no ambiente de trabalho, evitando problemas de saúde a longo prazo, como cânceres induzidos por radiação.  Outro aspecto importante é a dosimetria individual controlada por softwares específicos, que gerenciam os dados de exposição de cada profissional. Esses sistemas auxiliam na verificação dos resultados, comparando as doses acumuladas ao longo do tempo com os limites estabelecidos pelas normas internacionais. O controle rigoroso da dosimetria também é uma medida de garantia para os próprios profissionais, que, ao perceberem a regularidade no monitoramento de suas exposições, podem se sentir mais seguros no exercício de suas atividades. Além disso, o uso adequado dos dosímetros ajuda a evitar exposição desnecessária à radiação, pois os dados obtidos fornecem informações valiosas para a reavaliação das práticas de proteção radiológica, como o ajuste no uso de barreiras físicas ou o tempo de exposição em determinadas atividades [3].  A importância de manter a dosimetria dos IOEs regrada é, portanto, uma questão de saúde ocupacional e de cumprimento de normativas legais. O acompanhamento preciso dos níveis de exposição por parte dos gestores do serviço de saúde é essencial para a segurança dos trabalhadores e para garantir a conformidade com os padrões de proteção radiológica. Sem um controle adequado, os profissionais podem estar expostos a doses superiores às recomendadas, o que aumenta significativamente o risco de efeitos adversos a longo prazo. O uso contínuo e correto do dosímetro, aliado à análise regular dos dados, é uma prática indispensável para qualquer serviço de saúde que utilize radiação ionizante, seja no diagnóstico por imagem, radioterapia ou medicina nuclear [3].  A adoção de boas práticas no uso do dosímetro, como a sua correta utilização e o monitoramento regular dos dados de dosimetria, é fundamental para assegurar a saúde dos profissionais expostos à radiação. Com base em normativas rigorosas e em processos bem estabelecidos, é possível garantir que as doses recebidas fiquem dentro dos limites seguros e que qualquer anomalia seja rapidamente detectada e corrigida. Assim, a dosimetria não é apenas uma exigência regulatória, mas um aspecto crítico da proteção e da segurança dos trabalhadores em serviços de saúde que utilizam radiação ionizante.    -Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD   Referências:  [1] ANVISA, RDC Nº 611, de 6 de julho de 2022.  [2] CNEN. Norma NN 3.01 – Diretrizes Básicas de Radioproteção. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/NormaCNENNN3.01.pdf  [3] Smith, P. D. "Dosimetry and Radiation Protection in Radiology." Journal of Radiological Protection, 2020.

Por tiago em 28/10/2024 às 09:21
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Proteção Radiológica: a importância das sinalizações

A proteção contra radiações ionizantes é uma prioridade para a segurança em ambientes de saúde, especialmente em hospitais e clínicas que utilizam equipamentos de raios X. As normas e regulamentações nacionais de proteção radiológica estabelecem diretrizes específicas para a sinalização em áreas com risco de exposição, visando orientar e proteger tanto pacientes quanto profissionais de saúde. Essas sinalizações devem ser instaladas em locais estratégicos, como salas de exame e áreas restritas, e incluem sinalização luminosa, regras sobre a permanência de acompanhantes, uso de vestimenta plumbífera e orientações sobre a exposição de pacientes grávidas, conforme a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 611, de 9 de março de 2022, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Um dos principais instrumentos de segurança são as placas informativas em ambientes de raio X, que comunicam a presença de radiação ionizante. Essas sinalizações alertam sobre a natureza restrita da área, indicando que a entrada é proibida sem autorização. Além de reforçar a importância de seguir os protocolos de segurança, garantem que apenas pessoas capacitadas e autorizadas, como técnicos e médicos, estejam presentes durante os procedimentos. A instalação de sinalização luminosa é igualmente necessária, devendo ser colocada acima da porta de acesso à área de radiologia. O uso de uma luz vermelha é obrigatório, indicando que a entrada é proibida durante a realização de procedimentos radiológicos. Essa luz deve estar acompanhada do símbolo internacional da radiação ionizante e das inscrições: "Raios X, entrada restrita" ou "Raios X, entrada proibida a pessoas não autorizadas", além de "Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida". Vale destacar que consultórios odontológicos com apenas equipamento de raios X intraoral e unidades que utilizam equipamentos móveis ocasionalmente, como salas de cirurgia geral ou unidades de terapia intensiva, estão dispensados dessa sinalização, sendo necessária apenas nas salas exclusivas para procedimentos radiológicos.  Outra sinalização importante refere-se à presença de acompanhantes nas salas de raio X. A sinalização deve alertar que a permanência de acompanhantes é restrita durante os exames, exceto quando estritamente necessário e autorizado pelos técnicos responsáveis. Nos casos em que a presença de um acompanhante é imprescindível, como durante a contenção de um paciente, é obrigatório que este utilize a vestimenta plumbífera adequada para proteção contra radiação ionizante. Por último, as instituições de saúde devem estar atentas à possibilidade de exposição de mulheres grávidas. Deve haver uma sinalização informando que mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez devem comunicar ao médico ou técnico antes do exame. Essa comunicação é essencial para que os profissionais adotem as medidas necessárias para proteger a saúde da paciente e do feto. Em resumo, as regras de sinalização para proteção contra radiações ionizantes são essenciais para garantir a segurança em ambientes de saúde. A implementação de sinalizações adequadas, como placas em ambientes de raio X, luzes de alerta, restrições de permanência, uso de vestimentas de proteção e orientações sobre gravidez, é crucial para minimizar os riscos de exposição à radiação. A adesão rigorosa a essas normas não apenas protege a saúde dos pacientes e acompanhantes, mas também promove um ambiente de trabalho seguro para os profissionais da saúde. O compromisso com essas diretrizes é um passo importante na construção de uma cultura de segurança radiológica em todas as instituições que operam com radiação ionizante. Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências: Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 611, de 9 de março de 2022. Disponível em: https://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/6407467/RDC_611_2022_.pdf/c552d93f-b80d-408e-92a0-9fa3573f6d46

Por tiago em 28/10/2024 às 09:09