NucleoBlog
Os diversos monitores utilizados na proteção radiológica e suas funções

         A radiação ionizante (RI) é aquela que tem a capacidade de arrancar elétrons dos átomos com os quais interage [1]. Os raios X (RX), que são ondas eletromagnéticas (fótons) de alta frequência, se enquadram nesta categoria. Porém, diferentemente da região do espectro que é classificada como visível (região das cores), não conseguimos enxergá-los, o que não quer dizer que eles não existam. Afinal, como são feitas, então, as radiografias, não é verdade? Ainda que essa pergunta seja interessante, hoje falaremos apenas das diversas formas que temos atualmente para detectarmos essa radiação eletromagnética ionizante invisível.           Primeiramente, é preciso introduzir brevemente alguns conceitos importantes relacionados à interação da radiação com a matéria. Podemos entender, simplificadamente, radiação como fluxo de energia de um ponto a outro [2]. Em um equipamento de raios X, por exemplo, esse fluxo ocorre do tubo de radiação, que gera os raios X, até um determinado ponto afastado da fonte, lembrando que a intensidade do feixe obedece à regra do inverso do quadrado da distância (ou seja, quanto mais afastado da fonte, menor será a intensidade do feixe gerado – tal qual a intensidade de uma lanterna do farol de um carro, por exemplo, que ilumina bastante alguns metros à frente, mas não o suficiente para iluminar quilômetros a frente, consegue associar?).             Além disso, é importante entender também o que é o processo de ionização, que é caracterizado pela capacidade de cessão de energia da radiação ionizante à matéria de tal forma que sejam criados pares elétron livre-buraco no átomo do material [2]. O elétron, antes ligado eletricamente ao átomo, consegue energia suficiente – cedida pela radiação ionizante – para se “libertar”, deixando em seu lugar um “buraco”.             Para haver a detecção, é necessário, portanto, que haja uma interação com a radiação. Esta interação se trata, basicamente, deste processo de ionização, que é o que ocorre em praticamente todos os detectores que conhecemos atualmente. Após a ionização, é preciso também estabelecer métodos de coleta e de leitura/análise dos elétrons. Este último processo diferencia os diversos detectores.             Antes de falarmos propriamente dos detectores, os classificaremos da seguinte forma: detectores passivos e detectores ativos. Os detectores passivos são aqueles que não têm associados a si um leitor eletrônico e que, por isso, precisam ser levados a instrumentos específicos para que a leitura seja realizada. Já os detectores ativos são aqueles que já mostram a leitura na hora da interação com a radiação.             Os detectores passivos mais conhecidos são aqueles de uso pessoal, como os dosímetros termoluminescentes (TLD) e os opticamente estimulados (OSL), bastante utilizados no monitoramento dos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs). São também detectores passivos os antigos filmes radiográficos – porém a tendência é que esta tecnologia se torne obsoleta com o advento dos detectores digitais diretos. Como exemplo de detectores ativos, podemos citar as câmaras de ionização e o Geiger muller – que são detectores a gás, os detectores de estado sólido e alguns cintiladores.             Os TLDs e o OSLs são dispositivos de estado sólido que armazenam a energia acumulada da RI em sua rede cristalina. Eles funcionam de maneira semelhante, porém o modo de leitura é distinto; enquanto o primeiro é estimulado por meio de aquecimento, o segundo é estimulado por aplicação de luz. A RI, como dito anteriormente, provoca a ionização dos elétrons, que ganham energia e são arrancados da rede cristalina. Por conta de impurezas – dopagem química - na rede destes materiais, os elétrons ficam presos nestas zonas até que um outro tipo de energia (no caso do TLD, calor e no caso do OSL, luz) seja cedida para que eles sejam liberados [3].             Os detectores a gás são assim chamados porque o material que interage com a RI é um gás. A RI ioniza as moléculas do gás presas em um recipiente cilíndrico e produz uma cascata de elétrons, que são coletados por meio da aplicação de uma diferença de potencial entre os polos do cilindro. A magnitude desta diferença de potencial potencializa a utilização do detector a depender da sua aplicabilidade (como mostra a Figura 1), uma vez que há diversos interesses de uso desse instrumento [4]. O Geiger-muller, por exemplo, que é um detector bastante utilizado na medicina nuclear, é utilizado apenas para detectar radiação ionizante no ambiente (por ser classificado na região V da Figura 1, qualquer ionização presente no gás é coletada devido ao alto potencial aplicado). Já a câmara de ionização, que também é a gás, é bastante utilizada para estabelecer o nível de radiação ionizante com precisão porque estabelece uma relação quase proporcional ao que é ionizado e o que é coletado. Por isto, este tipo de detector é bastante utilizado no radiodiagnóstico nos levantamentos radiométricos e testes de fuga de cabeçote e em alguns testes de CQ.                                        Figura 1: Log dos íons coletados em função da voltagem aplicada em um detector à gás. Disponível em TAUHATA, Luiz et al. Radioproteção e dosimetria: fundamentos. CBPF, 2003 [3].                Os detectores de estado sólido funcionam de maneira parecida com os TLD. Porém, diferentemente deles, estes detectores têm associados a si um campo elétrico responsável por aplicar uma diferença de potencial que coleta os elétrons criados na ionização, o que faz gerar um sinal elétrico, que será lido e mostrado em uma tela. Neste caso, a estrutura do material é também explicada pela teoria de bandas do material. Por se tratar de uma física mais pesada e por fugir um pouco do escopo do artigo, não trataremos profundamente deste assunto aqui, mas deixo como sugestão a leitura do capítulo 6.7 do livro do Tahuata [3].             Fato é que os detectores de estado sólido (ou semicondutores) são bastante utilizados na prática do físico médico. Eles são utilizados no feixe direto de radiação, ao contrário dos detectores a gás, que em geral são utilizados para feixes secundários. Além disso, os semicondutores são também multimedidores, o que possibilita a eles a leitura de diversas outras grandezas sem ser a dose de radiação, como a tensão do tubo de raios X, o tempo de exposição e a camada semirredutora, que são parâmetros de interesse no controle de qualidade de um raios X.                                                        Fonte da imagem: Sítio eletrônico da UESC. Disponível em: http://www.uesc.br/centros/ctr/modulos/infraestrutura/geral/equipamento.php?lab=lrad&eq=controle_radiacao&pic=1. Acessado em: 31/05/2024.   Texto elaborado por físico médico Bruno Lisboa – especialista em radiodiagnóstico – NUCLEORAD.   Referências Bibliográficas   [1] NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de física básica: Ótica, relatividade, física quântica (vol. 4). Editora Blucher, 2014. [2] ATTIX, Frank Herbert. Introduction to radiological physics and radiation dosimetry. John Wiley & Sons, 2008. [3] TAUHATA, Luiz et al. Radioproteção e dosimetria: fundamentos. CBPF, 2003. [4] KNOLL, Glenn F. Radiation detection and measurement. John Wiley & Sons, 2010.

Por Adriano Goulart em 06/06/2024 às 12:05
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
A relação entre o físico médico e o cálculo de blindagem

A realização do cálculo de blindagem é um dos conhecimentos atribuídos ao profissional de física médica em serviços clínicos - hospitalares.  A importância desse está associada aos riscos que o excesso de exposição à radiação ionizante pode representar à saúde humana. Ao realizar o cálculo de blindagem, os físicos, baseado nas especificações oferecidas pelo serviço médico, determinam os materiais mais adequados a realidade apresentada pelo projeto clínico em relação a diferentes tipos de radiação ionizante, que minimizem as exposições de indivíduos do público e ocupacionais. Os limites de radiação anuais considerados para o cálculo de blindagem variam dependendo do contexto e das regulamentações específicas de cada país ou organização. Geralmente, esses limites são estabelecidos com base em padrões de segurança radiológica e saúde pública. Por exemplo, em muitos países, como os Estados Unidos e a União Europeia, os limites de exposição à radiação são definidos por agências reguladoras, como a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) e a Comissão Internacional de Unidades de Radiação e Medidas (ICRU). Essas agências estabelecem limites anuais de dose efetiva para diferentes categorias de exposição, como trabalhadores ocupacionalmente expostos e membros do público em geral. No Brasil, no âmbito do radiodiagnóstico, a ANVISA a partir do documento publicado em 2022, RDC 611, e as instruções normativas posteriores, estabelece um valor de 0,5 mSv/ano para áreas livres e 5,0 mSv/ano para áreas controladas. Para realizar o cálculo de blindagem em radiodiagnóstico, os seguintes passos são seguidos: Identificação das áreas que necessitam da realização do cálculo de blindagem: A partir de planta baixa oferecida pelo estabelecimento, o físico determina os locais que necessitam de avaliação/realização do cálculo de blindagem.      2.Avaliação do tipo de equipamento a ser instalado em cada ambiente: Determinar as fontes de radiação utilizadas em cada ambiente identificado, como equipamentos de raios-X convencionais, tomografia computadorizada (TC), fluoroscopia, entre outros. Avaliação dos Requisitos de Proteção: Classificar cada área do entorno do ambiente a ser avaliado analisando os requisitos de proteção radiológica estabelecidos por regulamentações locais e padrões internacionais. Isso inclui limites de dose para pacientes, profissionais de saúde e membros do público. Identificando áreas como salas de exames, áreas de controle e corredores adjacentes, entre outros. Medição ou Estimativa da Taxa de Dose: Realizar medições diretas da taxa de dose de radiação ou utilizar dados fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos e protocolos internacionais para estimar os níveis de radiação nas áreas a serem protegidas. Seleção dos Materiais de Blindagem: A partir do cálculo executado, determinar os materiais de blindagem adequados com base nas energias e tipos de radiação utilizados nos exames radiológicos. Para raios-X, materiais como chumbo, concreto e barita são comumente utilizados. Verificação e Teste: Realizar verificações e testes para garantir que a blindagem atenda aos requisitos de proteção estabelecidos. Isso pode incluir medições de taxa de dose após a instalação da blindagem e simulações computacionais adicionais, se necessário. Monitoramento: Implementar um programa para monitoramento das instalações de radiodiagnóstico para garantir a eficácia contínua da blindagem ao longo do tempo.   Esses passos garantem que as instalações de radiodiagnóstico estejam em conformidade com as regulamentações de segurança radiológica. Entretanto, é válido salientar que, a cada alteração estrutural do ambiente ou troca de equipamento, é necessário a execução de um novo cálculo de blindagem por parte da equipe de física médica para garantir a eficácia ou possíveis alterações da blindagem já existente. Após a execução da obra civil e instalação do equipamento deverá ser implementado um programa de garantia da qualidade, de proteção radiológica e de educação permanente.   Texto elaborado pela Física Carolline Gomes de Oliveira – especialista em radiodiagnóstico - NUCLEORAD   Referências: National Council on Radiation Protection and Measurements (2004) Structural Shielding Design for Medical X-ray Imaging Facilities. Bethesda: NCRP; NCRP Report 147. National Council on Radiation Protection and Measurements (1993) Limitations of Exposure to Ionizing Radiations. Bethesda: NCRP; NCRP Report 116. National Council on Radiation Protection and Measurements (1976) Structural Shielding Design and Evaluation for Medical Use of X Rays and Gamma Rays of Energies up to 10 MeV. Bethesda: NCRP; NCRP Report 49. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução n° 611

Por Adriano Goulart em 06/06/2024 às 11:51
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Controle de Qualidade de Monitores de Interpretação de Imagens Médicas

                   Implementar um programa de controle de qualidade e seguir as diretrizes estabelecidas em monitores de diagnóstico por imagem é essencial para a precisão e confiabilidade das imagens médicas, contribuindo para um resultado mais seguro e eficaz. Esse controle é regido por várias normas e diretrizes, que visam garantir a precisão e a qualidade das imagens exibidas. Algumas normas e recomendações incluem: Norma DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine):  A DICOM é uma norma que define as como as imagens em escala de cinza devem ser apresentadas em monitores de diagnóstico para garantir a consistência entre diferentes dispositivos e ambientes.   Colégio Americano de Radiologia (ACR): O ACR tem diretrizes especificas para a calibração e controle de qualidades de monitores de diagnósticos, incluindo a verificação regular da luminância, contraste, resolução e uniformidade.   Norma IEC 62563-1: Está norma da Comissão Eletrônica Internacional (IEC) especifica os métodos de medição e requisitos de desempenho de monitores utilizados na radiologia.   Norma ABNT IEC62563-1 Esta norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) especificas métodos de medição e os requisitos de desempenhos dos monitores que são utilizados nos setores de radiologia, alinhando- se com a norma internacional IEC 62563-1.    RDC 611/ANVISA O artigo 74 da Resolução Normativa nº 611 da ANVISA, estabelece que devem ser utilizados monitores de laudo específicos para esse fim, compatíveis com as características das imagens de cada modalidade assistencial, sendo proibida a utilização de monitores convencionais não específicos para essa finalidade.   Instruções Normativas A IN N°92 que esbatesse normas para mamografia, cita a obrigatoriedade de uso de monitores que seja específico para mamografia, e mostra valores mínimos de luminância para testes que devem ser realizados nesses monitores. Esses valores também são citados nas IN`s N°90 de Radiologia, N°93 de Tomografia, N° 94 de Radiologia Odontológica Extraoral e IN N° 97 de Ressonância Magnética.   Já o controle de qualidade, que faz parte do Programa de Garantia da Qualidade, são testes obrigatórios que são realizados anualmente nos monitores, que incluem os testes:   Luminância dos monitores de interpretação: A luminância indica a razão entre a intensidade luminosa emitida por segundo de uma superfície em um determinado ângulo sólido, e a área desta superfície.   Uniformidade da luminância: A uniformidade da luminância (UL) está relacionada com a variação máxima da luminância ao longo da área de visualização da tela do monitor.   Iluminação Ambiental: Verificar a luminosidade da sala de interpretação dos exames do serviço   Realizar o controle de qualidade é essencial para assegurar que os monitores de interpretação de exames, mantenham um ótimo desempenho, contribuindo para os diagnósticos precisos e para a segurança dos pacientes.   Texto elaborado por físico Tiago Langone Ribeiro – especialista em radiodiagnóstico e supervisor técnico da NUCLEORAD

Por Adriano Goulart em 21/05/2024 às 17:27
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Inteligência Artificial na Física Médica

A Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia que capacita computadores e máquinas a realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como perceber, compreender, aprender, tomar decisões e agir. Este é um tema de crescente importância e relevância, exigindo que todos procurem se atualizar sobre sua aplicabilidade. Entre suas inúmeras aplicações, a inteligência artificial tem o potencial de impulsionar um avanço significativo na área da saúde, melhorando tanto o diagnóstico quanto o tratamento. À medida que a implementação e o uso de ferramentas baseadas em IA continuam a crescer, os físicos médicos desempenharão um papel crucial na garantia da aplicação segura, eficaz e apropriada dessas tecnologias. Nesse contexto, a IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) publicou em 2023 no Dia Internacional da Física Médica (7 de novembro) um novo documento em parceria com a Associação Americana de Físicos em Medicina (AAPM): "Inteligência Artificial em Física Médica: Funções, Responsabilidades, Educação e Treinamento de Físicos Médicos Clinicamente Qualificados". O mesmo delineia os papéis e responsabilidades dos físicos médicos na implementação e utilização da IA em contextos relacionados à radiação médica, oferecendo orientações sobre as competências necessárias e propondo um módulo eletivo para programas acadêmicos de pós-graduação, além de sugerir atividades contínuas de desenvolvimento profissional. Entre as aplicações da IA destacadas no documento estão a otimização de fluxos de trabalho de exames de imagem, a estimativa de doses de radiação para pacientes, a reconstrução e aquisição de imagens, bem como a classificação de doenças em exames médicos utilizando redes neurais, entre outros. É responsabilidade dos físicos médicos garantir a implementação segura e o uso adequado das ferramentas baseadas em IA em suas áreas de atuação. Os princípios e o domínio da IA têm impactos diretos na saúde e no bem-estar dos pacientes, destacando a importância de uma abordagem cuidadosa e informada para sua implementação e utilização. Confira o documento no link: https://www.iaea.org/publications/15450/artificial-intelligence-in-medical-physics .   Texto elaborado por Ester Azeredo - estagiária de física médica da NUCLEORAD.     Referências What is Artificial Intelligence (AI)? Disponível em: <https://www.ibm.com/topics/artificial-intelligence>. Acesso em: 3 maio. 2024. Preparing clinically qualified medical physicists for artificial intelligence in the medical use of radiation. Disponível em: <https://www.iaea.org/newscenter/news/preparing-clinically-qualified-medical-physicists-f or-artificial-intelligence-in-the-medical-use-of-radiation>. Acesso em: 3 maio. 2024. Disponível em: <https://www.iaea.org/publications/15450/artificial-intelligence-in-medical-physics>. Acesso em: 3 maio. 2024.

Por Adriano Goulart em 14/05/2024 às 16:05
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
O que é um Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) e qual a sua importância?

O que é um Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) e qual a sua importância?   Você certamente já precisou fazer uma radiografia na vida. Ou, pelo menos, conhece alguém que já tenha precisado fazê-la. Mas você já se perguntou como o resultado que está no laudo médico reflete a realidade?   Pensemos, por exemplo, numa mamografia, que é o exame radiográfico do tecido mamário. Idealmente, o sistema mamográfico deve garantir uma resolução suficiente para detectar uma microcalcificação, que é uma estrutura microscópica que pode representar algum risco futuro para a paciente. Como garantir, então, que a mamografia detecte a microcalcificação presente na mama da paciente?   A resposta para esta pergunta é: por meio da adoção de um Programa de Garantia de Qualidade (PGQ), realizado pela equipe de física médica. E o que significa esse programa? Esse PGQ deve ser entendido como um conjunto de ações planejadas necessárias para a promoção da excelência e confiança em um serviço, de modo que ele satisfaça exigências de qualidade [1]. Para isto, é necessário que o serviço apresente uma estrutura organizacional que adote normas, protocolos e procedimentos padrões visando a segurança, a qualidade e a proteção radiológica, caso estejamos falando de equipamentos que emitem radiações ionizantes (a mamografia se encaixa neste caso).   Dentro da qualidade, podemos destacar a importância da realização dos testes de constância dos equipamentos. São estes testes que nos darão a segurança de afirmar que o sistema mamográfico do exemplo acima apresenta a qualidade diagnóstica requerida para a modalidade. Contudo, é preciso alertar de que a Garantia da Qualidade não se trata somente da aplicação de procedimentos de controle de qualidade (CQ) dos equipamentos.   No âmbito da segurança e da proteção radiológica, o desafio consiste em atingir o equilíbrio entre a imagem adequada ao diagnóstico e a proteção radiológica. Mas não somente isto: devemos assegurar que o indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) esteja seguro em seu ambiente de trabalho por meio dos cálculos de blindagem e dos levantamentos radiométricos, também realizados pelos físicos médicos.   No Brasil, diversos serviços de radiologia médica têm implementado programas de Garantia da Qualidade [2], da mesma forma que acontece internacionalmente [3]. Os programas de Garantia da Qualidade em radiologia são imprescindíveis no panorama atual dos serviços de saúde para assegurar a qualidade do atendimento, sobretudo em serviços cujas práticas utilizem a radiação ionizante, uma vez que este aspecto deve ser observado mais criteriosamente devido aos riscos envolvidos.   Em 2022, foi publicada no Brasil a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 611 [4] da ANVISA, que tem por objetivo regulamentar o radiodiagnóstico médico e odontológico no país. Segundo esta normativa, os serviços de radiologia diagnóstica e intervencionista precisam implementar em suas rotinas programas de Garantia de Qualidade e programas de Proteção Radiológica (PPR). Tais programas objetivam estabelecer requisitos para que o serviço funcione com excelência e se adeque aos princípios de proteção radiológica. Juntamente com a RDC 611, foram publicadas também as Instruções Normativas (INs) 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96 e 97, que determinam os testes de desempenho mínimos que devem ser realizados nas diversas modalidades do radiodiagnóstico médico.   Mas voltemos à pergunta inicial; conseguem me responder, de modo generalista, como o laudo reflete a realidade dos fatos? Como vocês devem ter respondido, a garantia de que o laudo representa a realidade vem dos relatórios dos testes de constância realizados nos equipamentos. O exemplo trazido foi aplicado à mamografia, porém todas as modalidades previstas pelas INs devem estar contempladas nos PGQs dos serviços. E este serviço todo é realizado pelo físico médico do radiodiagnóstico.   Contem com a NUCLEORAD e nossos especialistas para que a instituição de saúde com diagnóstico por imagem tenha o melhor cuidado ao paciente e trabalhadores.   Texto elaborado por físico médico Bruno Lisboa – especialista em radiodiagnóstico – NUCLEORAD.     Referências bibliográficas   [1] INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION Evaluation and routine testing in medical imaging departments–Part 3-1: Acceptance tests– Imaging performance of X-ray equipment. IEC 61223-3-1. 1993. [2] COLÉGIO BRASILEIRO DE RADIOLOGIA (CBR). Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (PADI), Versão 4, de 01/01/2019. Disponível em: <OBJETIVO (Quais são os resultados esperados) (padi.org.br)>. Acessado em: 05/02/2022. [3] THE JOINT COMMISSION SENTINEL EVENT ALERT 47. Radiation risks of diagnostic imaging and fluoroscopy, de 02/2019. Disponível em: <https://www.jointcommission.org/resources/sentinel-event/sentinel-event-alert-newsletters/sentinel-event-alert-issue-47-radiation-risks-of-diagnostic-imaging-and-fluoroscopy/>. Acessado em: 05/02/2022. [4] ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 611. Disponível em: <RESOLUÇÃO - RDC Nº 330, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019 - RESOLUÇÃO - RDC Nº 330, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019 - DOU - Imprensa Nacional (in.gov.br)> . Acessado em: 03/02/2022.

Por Adriano Goulart em 14/05/2024 às 16:04
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
A importância dos Radiofármacos para a área da Medicina Nuclear no Brasil e no mundo!

Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar sobre as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Afinal, não é preciso estar ligado à área da Medicina Nuclear para compreender o enorme impacto que esse capítulo da história teve no futuro da humanidade.Mas você sabia que em 1946, um ano após o episódio das bombas atômicas, médicos que tratavam os pacientes sobreviventes dos bombardeios realizaram descobertas importantes que também causariam o seu próprio impacto na história?Ao descobriram que alguns dos sobreviventes japoneses que estavam sob tratamento não tinham tireoide, a equipe de médicos então conectou a descoberta a um dos elementos residuais das bombas, o Iodo-131. Em pouco tempo, o Iodo-131 já estava sendo utilizado no tratamento de pacientes com câncer de tireoide mundo afora obtendo ótimos resultados.Essa descoberta veio a se tornar uma das mais importantes na história da medicina moderna, especialmente para o avanço dos Radiofármacos e da Medicina Nuclear, bem como para o surgimento de exames populares, como a Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único/Tomografia Computadorizada (SPECT/CT) e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), essenciais para o diagnóstico e tratamento de diversas patologias, como tumores, doenças do sangue e ovários, apenas para citar algumas.No Brasil, a produção de Radiofármacos se iniciou no IPEN, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, no ano de 1959, justamente com o Iodo-131. Desde então, o segmento acumulou anos de grandes avanços e notória ampliação da disponibilidade de novos Radiofármacos à sociedade brasileira.Ao contrário do que algumas pessoas imaginam quando ouvem a palavra “Medicina Nuclear” ou “Radiofármaco”, a utilização dos Radiofármacos na Medicina Nuclear é completamente segura ao paciente, pouco invasiva e de alta eficácia, qualidades que garantem inúmeros benefícios para a saúde da população no Brasil e no mundo. Uma prova da confiança dos brasileiros nos Radiofármacos e na Medicina Nuclear no geral pode ser constatada pela retomada que o setor obteve em 2021, após queda em 2020 devido a pandemia de COVID19.Falando especificamente do futuro dos Radiofármacos no Brasil, os próximos anos preparam avanços importantes que prometem colocar o Brasil como referência mundial no segmento. Parte desses avanços serão alcançados após a conclusão da implantação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), construído no município de Iperó, em São Paulo, que, entre outros feitos, será responsável pela independência nacional na área dos Radiofármacos.Além disso, novas instalações de radiofármacos de meia-vida curta estão em construção no nordeste e sudeste.E nós, da NUCLEORAD, estamos ansiosos pelas grandes surpresas que o futuro nos reserva!A NUCLEORAD possui imenso orgulho em acompanhar essa evolução e desenvolver processos e controles precisos que promovem maior qualidade e confiabilidade em exames, diagnósticos e tratamentos em Medicina Nuclear, além de gerar maior segurança e proteção aos pacientes e equipes assistenciais, através de soluções exclusivas em Proteção Radiológica para diferentes áreas de atuação, como Odontologia, Veterinária, Radiofarmácia, Indústria e Segurança.A NUCLEORAD também realiza o transporte de qualquer quantidade e atividade de materiais especificados no Plano Geral de Transportes aprovado sem ressalvas pela CNEN, sendo certificada por todas as licenças regulatórias da CNEN, IBAMA, FEPAM, ANTT, ANVISA além da certificação pela ISO 9001.Quer conferir a lista completa de soluções da NUCLEORAD? Clique aqui para visualizar!

Por Bruna em 28/11/2022 às 18:36