NucleoBlog
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
Avaliação Diária da Gama Câmara: Entendendo os Parâmetros de Controle de Qualidade

A Medicina Nuclear é uma área essencial no diagnóstico e acompanhamento de diversas doenças. Entre os equipamentos mais utilizados está a gama câmera, responsável pela aquisição das imagens cintilográficas e tomográficas (SPECT). Para assegurar que os exames apresentem imagens de alta qualidade e com segurança para pacientes e profissionais, é necessário realizar rotineiramente testes de Controle de Qualidade (CQ). Esses testes seguem diretrizes internacionais, como as recomendações da NEMA (National Electrical Manufacturers Association), e nacionais, como a norma CNEN NN 3.05 – Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Medicina Nuclear. Os testes diários são obrigatórios nos serviços de Medicina Nuclear, mas interpretar o que está por trás de cada parâmetro é o que garante a verdadeira qualidade da imagem e a segurança do paciente. De acordo com a norma NEMA NU 1-2018 (específica para gama câmaras) e a CNEN NE 3.05, estes são os principais testes realizados rotineiramente: Uniformidade (UFOV / CFOV) Avalia se o detector responde de forma homogênea à radiação. UFOV: Useful Field of View (campo útil total) CFOV: Central Field of View (campo central) Os principais índices apresentados são: IU%: Integral Uniformity DU%: Differential Uniformity Alterações podem indicar falhas em PMTs, cristal ou colimador. A imagem deve ser analisada visualmente em paralelo aos dados numéricos. Pico de energia (Energy Peak / PHA Centerline / Window Width) Verifica se o sistema está detectando corretamente a energia do radionuclídeo. Exemplo: o pico do 99mTc deve estar em 140 keV, com janela de energia de 20%. Nos relatórios aparecem: Energy Peak (keV) PHA Centerline Window Width (%) Desvios comprometem a captação adequada dos fótons, resultando em perda de contagem ou inclusão de eventos espúrios. Sensibilidade (cps/MBq) Indica a eficiência do sistema em detectar fótons emitidos por uma determinada atividade. Apresentada como counts per second (cps) ou cps/MBq. Quedas podem ser causadas por degradação do cristal, falhas eletrônicas, problemas no colimador ou desalinhamento dos PMTs. Resolução espacial (FWHM) É a medida da capacidade do sistema de distinguir dois pontos próximos. Quanto menor o FWHM, melhor a resolução espacial. Varia conforme tipo de colimador, energia utilizada e estado do equipamento. Presença de artefatos ou ruídos visuais Mesmo com valores numéricos dentro dos limites, a imagem do flood deve ser analisada visualmente. Linhas frias, manchas circulares ou padrões em zigue-zague podem indicar falhas em PMTs, conexões internas, cristal danificado ou distúrbios eletrônicos.   Correção de uniformidade (Uniformity Correction Map) Em equipamentos digitais, são usados mapas de correção para compensar pequenas imperfeições do detector. Se o mapa estiver desatualizado ou corrompido, pode mascarar falhas reais. Por isso, é essencial revisar periodicamente a uniformidade "raw".   Monitoramento de parâmetros complementares Alguns sistemas realizam verificações automáticas de:   Background Temperatura e umidade interna Diagnóstico eletrônico Estado do colimador   Esses parâmetros também devem ser considerados na avaliação técnica. Executar o controle diário é mais do que uma exigência: é um ponto de partida para decisões técnicas seguras.   Esses testes são essenciais, pois: Garantem qualidade diagnóstica e evitam imagens com artefatos. Previnem repetição desnecessária de exames, reduzindo exposição à radiação. Detectam precocemente falhas técnicas no equipamento. Asseguram conformidade com as exigências legais da CNEN NN 3.05. O Controle de Qualidade diário em gama câmaras é um pilar essencial da Medicina Nuclear. Realizar esses testes regularmente não apenas garante imagens diagnósticas confiáveis, mas também reforça o compromisso da física médica com a segurança radiológica do paciente e a excelência técnica.   Texto elaborado por Bruna Lovato – Física Médica NUCLEORAD   Referências: [1] NEMA. Performance Measurements of Gamma Cameras. NEMA Standards Publication NU 1. Rosslyn, VA: National Electrical Manufacturers Association, 2018. [2] BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). CNEN NN 3.05: Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Medicina Nuclear. Rio de Janeiro: CNEN, 2013.  

Por Bruna em 21/08/2025 às 14:36
Gestão em Saúde
Radioproteção na telemedicina

Telemedicina e Radiologia: Como Garantir a Radioproteção à Distância? A radiologia moderna evolui rapidamente com o avanço das tecnologias digitais. A telemedicina, que antes parecia algo futurista, agora é uma realidade consolidada em clínicas, hospitais e centros diagnósticos. Mas com essa mudança vem uma pergunta crucial: Como garantir a radioproteção quando parte da operação é feita remotamente? Com base em estudos sobre telemedicina de (Mettler, 2006) e (Simmons et al., 2009), eles analisam como alinhar eficiência diagnóstica e segurança radiológica no contexto da radiologia remota. O que a Telemedicina muda na Radiologia? A telemedicina permite que exames sejam realizados em um local e interpretados por especialistas em outro. Essa prática é útil especialmente em: Áreas remotas com escassez de radiologistas; Ambientes críticos; Situações especiais como emergências e desastres. Contudo, os exames continuam a expor pacientes à radiação ionizante, e as decisões sobre protocolos de imagem nem sempre contam com supervisão direta do radiologista. Isso torna a padronização e o rastreamento da dose ainda mais importantes. Por que a Radioproteção precisa de novas estratégias? Fred Mettler (2006), enfatiza que o uso crescente de exames como tomografia computadorizada elevou significativamente a dose populacional de radiação. Muitos pacientes são submetidos a múltiplos exames ao longo da vida, sem qualquer controle sobre a carga cumulativa de exposição. No contexto da telemedicina, o rastreamento individual de dose (dose tracking) torna-se essencial para: Evitar exames desnecessários ou repetidos; Identificar rapidamente exposições acima dos níveis recomendados; Proteger grupos vulneráveis (como crianças, gestantes e pacientes oncológicos). Estratégias para Radioproteção em Ambientes de Telemedicina Protocolos padronizados Os equipamentos devem operar com protocolos técnicos definidos e validados, garantindo qualidade da imagem com a menor dose possível (princípio ALARA). Sistemas de dose tracking Devem ser implementados softwares que registrem automaticamente a dose por exame, como:  DLP, CTDIvol ou tempo de fluoroscopia. Isso permite: Auditoria remota; Análise de tendências; Identificação de exposições excessivas. Capacitação das equipes locais No modelo remoto, os profissionais que estão fisicamente com o paciente (como técnicos em radiologia) precisam ser bem treinados em: Radioproteção; Ajustes técnicos; Comunicação com os médicos à distância. Infraestrutura segura Como discutido por Simmons et al. (2009), a confiabilidade da transmissão de dados médicos, imagens e laudos é fundamental. Além disso, é preciso: Armazenar os dados de exposição com segurança; Garantir que o histórico de dose esteja disponível para futuras decisões clínicas. A integração entre telemedicina e radioproteção não é apenas uma tendência, é uma necessidade ética e clínica. Para garantir segurança em ambientes onde o radiologista não está presente fisicamente, é essencial: Implementar rastreamento de dose; Usar protocolos seguros; Garantir a capacitação técnica; Monitorar a exposição em tempo real. Essas medidas não apenas protegem o paciente, mas também reforçam a qualidade e a confiabilidade da prática radiológica moderna.   Texto elaborado por Samara Pinto - Física Médica NUCLEORAD   Referências SIMMONS, Scott C.; HAMILTON, Douglas R.; McDONALD, P. Vernon. Telemedicine. In: SEGARS, W. Paul; TSUI, Benjamin M. W. (Eds.). Handbook of Anatomical Models for Radiation Dosimetry. New York: Springer, 2009. p. 135–148. DOI: 10.1007/978-0-387-68164-1_8 METTLER, Fred A. Patient exposure tracking. United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR), 2006. Disponível em: https://www.osti.gov/etdeweb/biblio/20892134. Acesso em: 11 ago. 2025.  

Por Bruna em 15/08/2025 às 15:16
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
VPIs e Dosímetro: Aliados indispensáveis na rotina com Fluoroscopia

A fluoroscopia tem se tornado cada vez mais presente na rotina de diversos setores hospitalares, como a hemodinâmica, a radiologia intervencionista e a ortopedia. Sua principal característica é permitir imagens em tempo real, o que ajuda a orientar procedimentos com maior precisão e agilidade. Mas junto dessa vantagem, vem também uma responsabilidade: o uso da radiação ionizante, por mais controlado que seja, exige atenção com a proteção dos profissionais que estão frequentemente próximos ao paciente e ao equipamento. Durante um exame fluoroscópico, é comum que médicos, técnicos e enfermeiros permaneçam próximos à mesa, ao arco em C e ao paciente. Nessa posição, eles ficam sujeitos à radiação espalhada, que não é a radiação direta do feixe, mas aquela que se dispersa pelo ambiente após atingir o corpo do paciente. Por isso, o uso de Vestimentas de Proteção Individual (VPIs) é tão importante. Aventais de chumbo, protetores de tireoide e óculos plumbíferos não são acessórios burocráticos — eles fazem uma diferença real na quantidade de radiação que atinge partes sensíveis do corpo. Usar o avental corretamente ajustado, com proteção adequada e em bom estado de conservação, é uma forma direta de reduzir a dose absorvida pelos órgãos internos. O protetor de tireoide, muitas vezes esquecido, é essencial porque essa glândula é uma das mais sensíveis à radiação. Já os óculos ajudam a proteger o cristalino, que pode sofrer com exposições frequentes e prolongadas, mesmo que em baixas doses. Além dos VPIs, há outro recurso indispensável que todo profissional exposto deve usar: o dosímetro. Esse dispositivo tem uma função simples, mas fundamental — registrar a quantidade de radiação que a pessoa recebe ao longo do tempo. O uso do dosímetro é importante por várias razões. Primeiro, porque permite acompanhar a exposição individual de forma segura, controlada e personalizada. Segundo, porque fornece dados que ajudam a equipe de radioproteção a avaliar se os níveis estão dentro do aceitável e, se necessário, ajustar procedimentos, reorganizar escalas ou orientar melhor os profissionais. Ter esse acompanhamento é uma forma de trazer segurança real para o ambiente de trabalho. A verdade é que, com o tempo, é fácil que a rotina torne algumas práticas automáticas. Mas quando falamos em radiação, o acúmulo de pequenas exposições, mesmo dentro dos limites aceitáveis, precisa ser levado a sério. Por isso, manter o uso regular dos VPIs e do dosímetro não é exagero. É um hábito de cuidado com a própria saúde e com o ambiente profissional. Trabalhar com fluoroscopia pode ser absolutamente seguro, desde que os recursos disponíveis sejam usados com consciência. A radioproteção, nesse contexto, é uma construção coletiva. Não depende apenas do equipamento ou do físico médico, mas de uma cultura que valorize a prevenção, o conhecimento técnico e o respeito ao corpo de quem está todos os dias na linha de frente dos procedimentos com imagem.   Texto elabora por Letícia Fröhlich – Física Médica NUCLEORAD   Referências: COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Diretrizes básicas de proteção radiológica. CNEN NN 3.01. Rio de Janeiro, 2014. COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Requisitos de segurança e proteção radiológica para serviços de radiologia intervencionista e hemodinâmica. CNEN NN 3.10. Rio de Janeiro, 2011. INTERNATIONAL COMMISSION ON RADIOLOGICAL PROTECTION (ICRP). Occupational Radiological Protection in Interventional Procedures. ICRP Publication 139. Ann. ICRP, 48(1), 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/ANIB_48_1 VIEIRA, J. W.; LOPES, R. T. Radioproteção em radiologia intervencionista: avaliação da exposição ocupacional e medidas de proteção. Revista Brasileira de Física Médica, v. 4, n. 2, p. 93-100, 2010.  DURAN, A. et al. Recommendations for occupational radiation protection in interventional cardiology. Revista Española de Cardiología, v. 70, n. 9, p. 747–753, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rec.2017.03.009 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA (SBPR). Guia prático de proteção radiológica em radiologia intervencionista. 2020. Disponível em: https://www.sbpr.org.br/publicacoes. Acesso em: 8 jul. 2025. MARTINS, R. et al. A importância do uso de dosímetros em profissionais da saúde expostos à radiação ionizante. Revista de Saúde Pública do Paraná, v. 4, n. 1, p. 29-36, 2021

Por Bruna em 16/07/2025 às 17:32
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Controle de Qualidade em Ressonância Magnética: A importância dos testes semanais

A ressonância magnética (RM) é uma modalidade de imagem não invasiva que possui ampla aplicação no diagnóstico médico. Devido à complexidade técnica envolvida, é imprescindível que os aparelhos de RM operem dentro de padrões rigorosos de qualidade. O controle de qualidade (CQ) semanal é uma prática sistemática que visa monitorar, avaliar e corrigir possíveis falhas nos equipamentos, garantindo imagens de alta resolução e fidelidade. A falha na manutenção da qualidade pode comprometer o diagnóstico, acarretando riscos ao paciente e aumentando custos operacionais. Estudos ressaltam a relevância do controle de qualidade em RM para a detecção precoce de falhas técnicas, bem como para a padronização dos exames realizados. Os parâmetros físicos dos equipamentos, como uniformidade do campo magnético, sinal-ruído e integridade dos gradientes, influenciam diretamente na qualidade das imagens produzidas. Normas técnicas internacionais, como as estabelecidas pela American College of Radiology (ACR), orientam a realização periódica de testes para garantir o desempenho adequado dos sistemas. Testes de Controle de Qualidade: Teste de Homogeneidade do Campo Magnético Avalia-se a uniformidade do campo magnético, fundamental para evitar distorções e artefatos na imagem. É realizado utilizando-se fantasmas específicos e analisando-se a variação do sinal em diferentes regiões. Teste de Relação Sinal-Ruído (SNR) Mede-se a relação entre o sinal útil e o ruído, sendo essencial para a nitidez da imagem. Valores inadequados indicam necessidade de ajustes ou manutenção do equipamento. Teste de Uniformidade de Intensidade Este teste verifica se a intensidade do sinal permanece constante ao longo da imagem, prevenindo áreas hiperintensas ou hipointensas que possam prejudicar a interpretação. Teste de Geometria e Dimensionalidade Confirma a fidelidade espacial da imagem, garantindo que as dimensões anatômicas estejam corretas e sem distorções geométricas. Testes de Gradiente e RF (Radiofrequência) Esses testes avaliam o desempenho dos sistemas responsáveis pela codificação espacial e pela recepção do sinal, respectivamente, assegurando a qualidade da imagem e a eficiência do processo.   A implementação regular de um protocolo de controle de qualidade permite a identificação precoce de desvios e a correção imediata, evitando a degradação do desempenho do equipamento. Além disso, contribui para a padronização dos exames, facilitando a comparação entre imagens ao longo do tempo ou entre diferentes aparelhos. O investimento em CQ reflete diretamente na segurança do paciente e na confiabilidade do diagnóstico clínico. O controle de qualidade em ressonância magnética é uma prática indispensável para garantir a excelência dos exames e a segurança do paciente. A realização periódica de testes técnicos assegura a manutenção do desempenho dos equipamentos, prevenindo falhas e otimizando os resultados diagnósticos. Portanto, clínicas e instituições de saúde devem adotar protocolos rigorosos de CQ, alinhados às normas técnicas, para garantir a qualidade e a confiabilidade dos serviços oferecidos.   Texto elaborado por Tiago Langone – Físico Médico NUCLEORAD   Referências: AMERICAN COLLEGE OF RADIOLOGY (ACR). MRI Quality Control Manual. ACR, 2015. Disponível em: https://www.acr.org/-/media/ACR/Files/QualitySafety/Resources/MRQualityControlManual.pdf. Acesso em: 24 jun. 2025. BRITO, J. A.; et al. Controle de qualidade em ressonância magnética: aspectos técnicos e protocolos. Revista Brasileira de Radiologia, v. 48, n. 3, p. 176-182, 2015.  

Por Bruna em 03/07/2025 às 16:19
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
A evolução e o futuro do equipamentos de Tomografia Computadorizada

Quando alguém fala em tomografia computadorizada (TC), é comum imaginar uma máquina, cujo tubo de raio X gira ao redor do paciente, gerando imagens detalhadas do corpo em segundos, entretanto nem sempre foi assim. A tomografia percorreu uma longa jornada — da aquisição de um único corte por vez até a reconstrução em tempo real de volumes inteiros. Neste texto, vamos explorar essa evolução desde a 1ª até a 6ª geração de tomógrafos e dar uma espiada nas tecnologias que prometem revolucionar o futuro da área. 1ª geração – O início de tudo: Desenvolvida no início dos anos 1970, a 1ª geração de tomógrafos usava um feixe de raio X em forma de lápis e um único detector. O tubo e o detector realizavam movimentos de translação e rotação ao redor do paciente para formar cada corte. O tempo de aquisição era longo — cerca de 5 minutos por imagem — e as aplicações eram restritas, principalmente para o crânio [1]. 2ª geração – Um passo a mais na velocidade: Essa geração introduziu vários detectores alinhados e um feixe em forma de leque estreito, o que permitiu a captação de mais dados por rotação. Ainda havia o movimento de translação, mas o tempo de exame foi reduzido para cerca de 20 segundos por corte. O avanço foi significativo, mas ainda insuficiente para exames do corpo inteiro [1]. 3ª geração – O modelo base dos tomógrafos modernos: Com a 3ª geração, o salto foi grande: detectores em arco (meia circunferência) girando junto com o tubo. Esse formato aumentou a velocidade de aquisição e reduziu os artefatos, tornando possível obter imagens mais nítidas do tórax, abdômen e outras regiões com maior precisão. É o princípio mais utilizado até hoje [1][2]. 4ª geração – Detectores fixos, tubo giratório: A inovação aqui foi um anel completo de detectores fixos enquanto o tubo de raio X gira sozinho. Isso eliminou o movimento de ida e volta dos detectores e melhorou a estabilidade do sistema. Contudo, o custo elevado e a maior sensibilidade a artefatos causados por pequenos desalinhamentos limitaram sua adoção ampla [2]. 5ª geração – Tomógrafo de Feixe Eletrônico (EBCT – Electron Beam Computed Tomography): Essa geração foi pensada para capturar imagens do coração em movimento, com tempos de aquisição ultrarrápidos. Em vez de girar fisicamente, o feixe de elétrons é direcionado eletronicamente, o que reduz o tempo de aquisição para milissegundos [1][3]. 6ª geração – A revolução helicoidal e multidetectores: Aqui surge a tomografia helicoidal (ou espiral), com movimento contínuo do paciente enquanto o tubo gira, formando uma espiral de dados. Associada aos detectores múltiplos (multislice), essa geração possibilitou exames muito mais rápidos e com alta resolução, permitindo reconstruções tridimensionais, avaliação funcional e redução de dose [1][2]. Entre as tendências mais promissoras, destacam-se: - Tomógrafos portáteis: já em uso em UTIs e zonas de guerra, são mais leves, compactos e capazes de fazer exames à beira do leito [4]. - Tomografia vertical: tecnologias emergentes permitem escanear pacientes na posição ortostática, ideal para investigar alterações que só aparecem sob carga, como problemas na coluna, joelhos e pulmões [5]. - Inteligência Artificial (IA): algoritmos estão sendo incorporados para melhorar a reconstrução de imagens, reduzir ruídos e minimizar a dose de radiação [4][5]. - Hibridização e integração com outros exames: como a PET/TC e as novas propostas de TC combinada com ressonância magnética, trazendo mais informações em um só exame [5]. - Reconstruções ultrarrápidas e exames em movimento: no horizonte, surgem aparelhos que poderão escanear enquanto o paciente se movimenta, oferecendo diagnósticos funcionais em tempo real [4]. A tomografia computadorizada é um exemplo claro de como a tecnologia médica evolui para salvar vidas com mais rapidez, conforto e precisão. De imagens estáticas e demoradas a exames dinâmicos e detalhados em segundos, a TC mostra que inovação é uma constante.   Texto elaborado por Eduardo Berna – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências [1] Bushberg, J. T. et al. The Essential Physics of Medical Imaging. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins, 2011. [2] Kalender, W. A. Computed Tomography: Fundamentals, System Technology, Image Quality, Applications. Wiley, 2005. [3] IAEA – International Atomic Energy Agency. Radiation Protection in Computed Tomography. 2011. Disponível em: https://www.iaea.org/publications/8945 [4] GE Healthcare. Evolution of CT Scanner Technology. Disponível em: https://www.gehealthcare.com/ [5] Siemens Healthineers. CT Scanners: Past, Present and Future. Disponível em: https://www.siemens-healthineers.com/  

Por Bruna em 24/06/2025 às 17:12
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
O papel do Físico Médico na logística de transporte de materiais radioativos

O transporte de materiais radioativos é uma atividade crítica na cadeia de serviços que envolvem o uso de radiações ionizantes na medicina, especialmente nas áreas de medicina nuclear. Neste contexto, o físico médico desempenha um papel fundamental na garantia da segurança radiológica, da conformidade legal e da eficiência logística desse processo, atuando como elo entre a ciência, a técnica e a regulamentação. Materiais radioativos, como radiofármacos utilizados em medicina nuclear (por exemplo, o tecnécio-99m ou o iodo-131), precisam ser transportados com rapidez e segurança entre os centros de produção e os serviços de saúde. Isso envolve o uso de embalagens especiais, veículos autorizados e o cumprimento rigoroso de normas nacionais e internacionais, como as da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), da ANVISA, da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e da ONU (regulamentação UN para transporte de mercadorias perigosas).    Responsabilidades do Físico Médico Embora o transporte físico seja realizado por empresas especializadas, a responsabilidade técnica e legal pelo material radioativo, em muitos casos, é compartilhada com o serviço requisitante, assim que o físico médico se destaca:   Planejamento da logística com segurança radiológica O físico médico participa do planejamento da logística com foco na segurança radiológica. Isso inclui: Avaliação do tipo e da atividade do material radioativo a ser transportado; Definição da categoria de transporte (I-Branca, II-Amarela, III-Amarela); Escolha adequada da embalagem certificada (Tipo A, B ou C), com blindagem e resistência compatíveis com o material e com o modo de transporte; Garantia de que os níveis de dose externos estejam dentro dos limites legais (por exemplo, <2 mSv/h na superfície da embalagem para Tipo A).   Garantia da conformidade normativa O físico médico assegura que o transporte esteja em conformidade com: CNEN NN 5.01 - Requisitos para transporte de material radioativo; CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos; Resolução ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) nº 5.998/2022 - Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos; Regulamento da IAEA SSR-6 (Regulations for the Safe Transport of Radioactive Material); Protocolos internos de rastreabilidade, contingência e emergência.   Avaliação e controle de documentos técnicos O físico médico elabora e revisa: Ficha de emergência; Auditoria Interna de Requisitos de Proteção Física, Radiológica e Qualidade na Unidade de Transporte; Relatórios de dosimetria ambiental e individual dos envolvidos; Registros de verificação da integridade das embalagens.   Treinamento e capacitação de pessoal O físico também pode capacitar a equipe envolvida no recebimento, conferência e armazenamento dos materiais radioativos após o transporte. Isso inclui orientações sobre: Uso de monitores portáteis de radiação; Procedimentos em caso de contaminação ou acidente; Técnicas de armazenamento temporário seguro; Procedimentos de devolução ou descarte de rejeitos.   Gestão de riscos e resposta a emergências O físico médico participa do plano de emergência radiológica, tanto na prevenção quanto na resposta a eventos como: Extravio de fonte; Dano à embalagem; Exposição indevida de pessoas; Acidentes de trânsito com liberação de material.   Nesses casos, sua expertise em dosimetria, contenção e descontaminação é crucial para minimizar danos e orientar decisões técnicas. A atuação do físico médico é feita em colaboração transportadoras especializadas, como a NUCLEORAD, e órgãos reguladores, sendo essa integração essencial para o cumprimento das boas práticas em radioproteção e segurança do paciente. O físico médico vai muito além do trabalho em ambientes controlados dentro do hospital. No contexto da logística de transporte de materiais radioativos, sua atuação garante que os princípios da justificação, otimização e limitação de dose sejam respeitados desde a origem até o destino do material. Com conhecimento técnico, responsabilidade ética e compromisso com a segurança, esse profissional é peça-chave para que a cadeia da medicina que utiliza radiação funcione com excelência, protegendo trabalhadores, pacientes e o meio ambiente.   Texto elaborado por Bruna Vitola Lovato – Física Médica NUCLEORAD   Referências: [1] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 339, de 17 de abril de 2025. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-2/NormaCNENNN2.05.pdf [2] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 3.01 - Diretrizes básicas de proteção radiológica. Resolução CNEN nº 164, de 24 de março de 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/grupo3-nrm301.pdf [3] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 5.01 – Regulamento para o Transporte Seguro de Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 271, de 25 de março de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo5/grupo5_nrm571.pdf [4] AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT. Resolução nº 5.998, de 3 de novembro de 2022. Atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, aprova suas Instruções Complementares e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 nov. 2022, Seção 1, p. 47.Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.998-de-3-de-novembro-de-2022-441279478

Por Bruna em 13/06/2025 às 09:59