NucleoBlog
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Segurança em Foco: Como a Dosimetria Garante a Proteção dos Trabalhadores Expostos à Radiação

O dosímetro é um dispositivo fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores que atuam em ambientes de exposição à radiação ionizante, como os profissionais de saúde, incluindo médicos, técnicos em radiologia e outros envolvidos em serviços de diagnóstico por imagem e radioterapia. Ele tem a função de monitorar e registrar a dose de radiação recebida ao longo do tempo, permitindo que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites seguros estabelecidos pelas normas de proteção radiológica. No Brasil, a normativa que rege o uso dos dosímetros inclui a RDC 611/2022 da ANVISA, que estabelece diretrizes para a radioproteção e controle das doses recebidas pelos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs), além da Norma CNEN NN 3.01, que especifica os limites de dose e os requisitos de controle para trabalhadores expostos a radiação [1][2]. A utilização correta do dosímetro, junto às boas práticas de controle de dose, é essencial para preservar a saúde dos profissionais, evitando danos cumulativos provocados pela radiação. Para que o monitoramento da radiação seja eficiente, é crucial que o dosímetro seja sempre posicionado de forma adequada, isto é, exposto diretamente à radiação enquanto o profissional realiza suas atividades. Isso permite que a dosimetria reflita com precisão a quantidade de radiação à qual o indivíduo foi exposto. Normalmente, o dosímetro é posicionado na região do tórax, sobre o avental de chumbo, que é utilizado como proteção durante os procedimentos radiológicos. Esse posicionamento garante que a radiação recebida pela parte mais sensível do corpo seja monitorada de forma eficiente. A falha em usar o dosímetro corretamente ou em manter sua exposição ao longo do turno de trabalho pode resultar em leituras imprecisas, comprometendo o controle da dose e, consequentemente, a saúde do trabalhador.  Além de ser obrigatório por normativas nacionais, o uso regular do dosímetro é uma das principais medidas preventivas para controlar a exposição dos IOEs. A dose registrada por esses dispositivos deve ser analisada periodicamente, de modo a garantir que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites aceitáveis, que no Brasil são de 20 mSv por ano para trabalhadores da área de radiação ionizante, conforme estipulado pela RDC 611 e pela Norma CNEN NN 3.01 [1][2]. O monitoramento contínuo e a análise desses dados permitem identificar precocemente qualquer elevação nos níveis de exposição, o que pode levar à revisão de processos e à implementação de medidas corretivas no ambiente de trabalho, evitando problemas de saúde a longo prazo, como cânceres induzidos por radiação.  Outro aspecto importante é a dosimetria individual controlada por softwares específicos, que gerenciam os dados de exposição de cada profissional. Esses sistemas auxiliam na verificação dos resultados, comparando as doses acumuladas ao longo do tempo com os limites estabelecidos pelas normas internacionais. O controle rigoroso da dosimetria também é uma medida de garantia para os próprios profissionais, que, ao perceberem a regularidade no monitoramento de suas exposições, podem se sentir mais seguros no exercício de suas atividades. Além disso, o uso adequado dos dosímetros ajuda a evitar exposição desnecessária à radiação, pois os dados obtidos fornecem informações valiosas para a reavaliação das práticas de proteção radiológica, como o ajuste no uso de barreiras físicas ou o tempo de exposição em determinadas atividades [3].  A importância de manter a dosimetria dos IOEs regrada é, portanto, uma questão de saúde ocupacional e de cumprimento de normativas legais. O acompanhamento preciso dos níveis de exposição por parte dos gestores do serviço de saúde é essencial para a segurança dos trabalhadores e para garantir a conformidade com os padrões de proteção radiológica. Sem um controle adequado, os profissionais podem estar expostos a doses superiores às recomendadas, o que aumenta significativamente o risco de efeitos adversos a longo prazo. O uso contínuo e correto do dosímetro, aliado à análise regular dos dados, é uma prática indispensável para qualquer serviço de saúde que utilize radiação ionizante, seja no diagnóstico por imagem, radioterapia ou medicina nuclear [3].  A adoção de boas práticas no uso do dosímetro, como a sua correta utilização e o monitoramento regular dos dados de dosimetria, é fundamental para assegurar a saúde dos profissionais expostos à radiação. Com base em normativas rigorosas e em processos bem estabelecidos, é possível garantir que as doses recebidas fiquem dentro dos limites seguros e que qualquer anomalia seja rapidamente detectada e corrigida. Assim, a dosimetria não é apenas uma exigência regulatória, mas um aspecto crítico da proteção e da segurança dos trabalhadores em serviços de saúde que utilizam radiação ionizante.    -Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD   Referências:  [1] ANVISA, RDC Nº 611, de 6 de julho de 2022.  [2] CNEN. Norma NN 3.01 – Diretrizes Básicas de Radioproteção. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/NormaCNENNN3.01.pdf  [3] Smith, P. D. "Dosimetry and Radiation Protection in Radiology." Journal of Radiological Protection, 2020.

Por tiago em 28/10/2024 às 09:21
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Proteção Radiológica: a importância das sinalizações

A proteção contra radiações ionizantes é uma prioridade para a segurança em ambientes de saúde, especialmente em hospitais e clínicas que utilizam equipamentos de raios X. As normas e regulamentações nacionais de proteção radiológica estabelecem diretrizes específicas para a sinalização em áreas com risco de exposição, visando orientar e proteger tanto pacientes quanto profissionais de saúde. Essas sinalizações devem ser instaladas em locais estratégicos, como salas de exame e áreas restritas, e incluem sinalização luminosa, regras sobre a permanência de acompanhantes, uso de vestimenta plumbífera e orientações sobre a exposição de pacientes grávidas, conforme a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 611, de 9 de março de 2022, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Um dos principais instrumentos de segurança são as placas informativas em ambientes de raio X, que comunicam a presença de radiação ionizante. Essas sinalizações alertam sobre a natureza restrita da área, indicando que a entrada é proibida sem autorização. Além de reforçar a importância de seguir os protocolos de segurança, garantem que apenas pessoas capacitadas e autorizadas, como técnicos e médicos, estejam presentes durante os procedimentos. A instalação de sinalização luminosa é igualmente necessária, devendo ser colocada acima da porta de acesso à área de radiologia. O uso de uma luz vermelha é obrigatório, indicando que a entrada é proibida durante a realização de procedimentos radiológicos. Essa luz deve estar acompanhada do símbolo internacional da radiação ionizante e das inscrições: "Raios X, entrada restrita" ou "Raios X, entrada proibida a pessoas não autorizadas", além de "Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida". Vale destacar que consultórios odontológicos com apenas equipamento de raios X intraoral e unidades que utilizam equipamentos móveis ocasionalmente, como salas de cirurgia geral ou unidades de terapia intensiva, estão dispensados dessa sinalização, sendo necessária apenas nas salas exclusivas para procedimentos radiológicos.  Outra sinalização importante refere-se à presença de acompanhantes nas salas de raio X. A sinalização deve alertar que a permanência de acompanhantes é restrita durante os exames, exceto quando estritamente necessário e autorizado pelos técnicos responsáveis. Nos casos em que a presença de um acompanhante é imprescindível, como durante a contenção de um paciente, é obrigatório que este utilize a vestimenta plumbífera adequada para proteção contra radiação ionizante. Por último, as instituições de saúde devem estar atentas à possibilidade de exposição de mulheres grávidas. Deve haver uma sinalização informando que mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez devem comunicar ao médico ou técnico antes do exame. Essa comunicação é essencial para que os profissionais adotem as medidas necessárias para proteger a saúde da paciente e do feto. Em resumo, as regras de sinalização para proteção contra radiações ionizantes são essenciais para garantir a segurança em ambientes de saúde. A implementação de sinalizações adequadas, como placas em ambientes de raio X, luzes de alerta, restrições de permanência, uso de vestimentas de proteção e orientações sobre gravidez, é crucial para minimizar os riscos de exposição à radiação. A adesão rigorosa a essas normas não apenas protege a saúde dos pacientes e acompanhantes, mas também promove um ambiente de trabalho seguro para os profissionais da saúde. O compromisso com essas diretrizes é um passo importante na construção de uma cultura de segurança radiológica em todas as instituições que operam com radiação ionizante. Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências: Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 611, de 9 de março de 2022. Disponível em: https://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/6407467/RDC_611_2022_.pdf/c552d93f-b80d-408e-92a0-9fa3573f6d46

Por tiago em 28/10/2024 às 09:09
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
O papel da física médica no diagnóstico por imagem: avanços e desafios

A Física Médica desempenha um papel central no desenvolvimento, aprimoramento e aplicação de tecnologias de diagnóstico por imagem, como radiografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), ultrassom e medicina nuclear (PET e SPECT). Esses métodos dependem dos princípios físicos para gerar imagens detalhadas do interior do corpo humano, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados. Avanços Tecnológicos Nos últimos anos, os avanços em diagnóstico por imagem têm sido impulsionados por inovações na física aplicada. Alguns dos principais avanços incluem:  Tomografia Computadorizada de Baixa Dose: A melhoria dos algoritmos de reconstrução de imagem tem permitido que a TC produza imagens de alta resolução com doses de radiação significativamente menores, reduzindo o risco de exposição excessiva aos pacientes. Ressonância Magnética Funcional (fMRI): Além de fornecer imagens anatômicas, a RM funcional pode mapear atividades cerebrais, ajudando no estudo de doenças neurológicas e no planejamento de cirurgias complexas. Imagem Molecular: Tecnologias como o PET-CT e o PET-RM combinam as capacidades de imagem funcional e anatômica, permitindo a detecção precoce de doenças, como o câncer, antes que apareçam em exames convencionais. Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquina: A IA tem sido cada vez mais integrada ao processamento de imagens médicas, melhorando a qualidade das imagens e auxiliando os radiologistas a identificar padrões que podem ser difíceis de detectar a olho nu.  Desafios: Apesar dos avanços, a física médica ainda enfrenta vários desafios:  Equilíbrio entre Qualidade da Imagem e Dose de Radiação: Reduzir a dose de radiação sem comprometer a qualidade da imagem é um desafio constante. Novas técnicas de redução de ruído e aprimoramento da imagem estão sendo desenvolvidas, mas a otimização desse equilíbrio ainda exige mais pesquisa. Interpretação de Imagens e Falsos Positivos: A interpretação de imagens por IA e outras tecnologias avançadas ainda pode levar a erros, como falsos positivos ou negativos. A supervisão humana é crucial, mas a integração entre máquina e especialista é um campo que precisa evoluir. Acessibilidade e Custo: Muitas dessas novas tecnologias, como o PET-RM, são extremamente caras e não estão disponíveis em todos os centros médicos, especialmente em países em desenvolvimento. A física médica deve buscar soluções mais acessíveis sem sacrificar a qualidade. Educação e Capacitação: Com o aumento da complexidade dos sistemas de imagem, a formação de físicos médicos especializados e técnicos qualificados tornou-se ainda mais essencial. É preciso investir em educação continuada para que os profissionais estejam atualizados com as inovações. A física médica continua sendo fundamental para o avanço do diagnóstico por imagem, proporcionando melhorias na precisão diagnóstica e na segurança do paciente. No entanto, os desafios relacionados à dose de radiação, interpretação de dados e acessibilidade exigem constante inovação e desenvolvimento. A colaboração entre físicos, médicos e engenheiros será essencial para enfrentar esses desafios e promover novas conquistas no campo. Texto elaborado por Tiago Langone - Físico supervisor técnico NUCLEORAD Referencias: https://portal.if.usp.br/ifusp/pt-br/evento/intelig%C3%AAncia-artificial-em-f%C3%ADsica-m%C3%A9dica-f%C3%ADsica-para-todos https://blog.nucleorad.com.br/noticia/inteligncia-artificial-na-fsica-medica/444

Por tiago em 11/10/2024 às 10:21
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Novas Tecnologias no Setor de Medicina Nuclear: Avanços e Perspectivas Futuras

A Medicina Nuclear tem se consolidado como um setor essencial na abordagem diagnóstica e terapêutica de diversas patologias, principalmente neoplásicas, cardíacas e neurológicas. O advento de novas tecnologias e inovações técnicas não apenas aprimorou a eficácia dos procedimentos, mas também ampliou as fronteiras do conhecimento sobre o funcionamento fisiológico e patológico do organismo humano. A seguir, exploraremos algumas das principais inovações que estão moldando o futuro da Medicina Nuclear. 1. Avanços em Imagiologia Molecular As tecnologias de imagem molecular, como a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) e a Tomografia por Emissão de Fótons Únicos (SPECT), têm evoluído para oferecer imagens de alta resolução com menor exposição à radiação. A combinação da PET com a ressonância magnética (PET-MRI) tem se destacado, proporcionando informações anatômicas e funcionais em um único exame, o que é crucial para o estadiamento e monitoramento de tumores. 2. Desenvolvimento de Radiofármacos Avançados Os radiofármacos têm se tornado cada vez mais específicos, permitindo não apenas a visualização de tumores, mas também a entrega de terapias direcionadas. Novos agentes como o lutécio-177, utilizados na terapia de radionuclídeos, têm demonstrado eficácia em tratar tumores neuroendócrinos, aproveitando o princípio da "molecular bombardment technology", onde partículas radioativas são direcionadas especificamente a células malignas. 3. Integração da Inteligência Artificial A aplicação da Inteligência Artificial (IA) na Medicina Nuclear está emergindo como uma ferramenta crucial para a análise de imagens. Algoritmos de aprendizado profundo são capazes de detectar padrões complexos e sutis em exames que podem passar despercebidos por radiologistas humanos. Essa tecnologia não apenas aumenta a precisão diagnóstica, mas também melhora a eficiência do fluxo de trabalho, reduzindo o tempo de análise. 4. Terapias Personalizadas e Medicina de Precisão A personalização do tratamento tem se tornado um pilar fundamental na Medicina Nuclear, impulsionada pela identificação de biomarcadores específicos. A integração de dados genômicos com informações de imagem permite a escolha de terapias mais direcionadas e eficazes, minimizando efeitos colaterais e aumentando as taxas de sucesso. Essa abordagem é particularmente promissora no tratamento de câncer, onde a heterogeneidade tumoral representa um desafio significativo. 5. Telemedicina e Monitoramento Remoto A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção da telemedicina, e isso inclui a Medicina Nuclear. O monitoramento remoto de pacientes, bem como consultas virtuais, tem se mostrado eficazes, especialmente para aqueles que precisam de acompanhamento contínuo, como pacientes oncológicos. A implementação de plataformas digitais seguras permite um gerenciamento eficiente de dados e uma comunicação fluida entre pacientes e profissionais de saúde. 6. Segurança Radiológica e Proteção do Paciente Com o aumento da utilização de tecnologias nucleares, a segurança radiológica tem ganhado destaque. O desenvolvimento de protocolos avançados de proteção, aliados a tecnologias de monitoramento em tempo real da exposição à radiação, garantem a segurança tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. A aplicação de técnicas de imageamento de baixa dose é uma tendência crescente, minimizando a exposição sem comprometer a qualidade diagnóstica. 7. Colaboração Multidisciplinar e Educação Continuada A Medicina Nuclear está cada vez mais integrada a outras especialidades, como oncologia, cardiologia e neurologia. Essa colaboração multidisciplinar promove uma abordagem holística no tratamento do paciente. Além disso, a educação continuada e a capacitação profissional são essenciais para garantir que os avanços tecnológicos sejam plenamente compreendidos e aplicados de maneira eficaz no atendimento clínico. As novas tecnologias no setor de Medicina Nuclear representam um avanço significativo na forma como as doenças são diagnosticadas e tratadas. A convergência de técnicas avançadas de imagiologia, a personalização de terapias e a integração da inteligência artificial não apenas otimizam a eficiência clínica, mas também promovem um cuidado mais seguro e eficaz. À medida que a pesquisa e a inovação continuam a progredir, o futuro da Medicina Nuclear parece promissor, com o potencial de transformar radicalmente a prática clínica e os resultados para os pacientes. O desafio agora é garantir que essas tecnologias sejam implementadas de maneira equitativa e acessível, para que todos possam se beneficiar dos avanços no campo.   Texto Elaborado pela Bruna Vitola Lovato - Física NUCLEORAD Especialista em Radiodiagnóstico – UCS   Referências:  National Research Council (US) and Institute of Medicine (US) Committee on State of the Science of Nuclear Medicine. Advancing Nuclear Medicine Through Innovation. Washington (DC): National Academies Press (US); 2023. Summary. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK11477/.  Glaudemans, A.W., Dierckx, R.A., Scheerder, B. et al. The first international network symposium on artificial intelligence and informatics in nuclear medicine: “The bright future of nuclear medicine is illuminated by artificial intelligence”. Eur J Nucl Med Mol Imaging 51, 336–339 (2024). https://doi.org/10.1007/s00259-023-06507-7.  Advances in nuclear medicine technology reduce radiation exposure and shorten scan times. Disponível em: <https://physicsworld.com/a/advances-in-nuclear-medicine-technology-reduce-radiation-exposure-shorten-scan-times/ >. Acesso em: 18 set. 2024.

Por tiago em 02/10/2024 às 16:35
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Testes semanais de controle de qualidade em Ressonância Magnética: da qualidade do diagnóstico até as bases físicas

A ressonância magnética(RM) é um dos métodos mais avançados para obtenção de imagens médicas, com suas primeiras aplicações clínicas no ano de 1977. Sua operação depende de uma combinação de campos magnéticos e pulsos de radiofrequência para gerar imagens detalhadas dos tecidos moles do corpo humano, que têm uma boa proporção de moléculas de H2O, essenciais para o processo de imagem. A precisão e a confiabilidade do exame dependem de uma série de fatores técnicos e operacionais, e, para garantir que os resultados sejam sempre consistentes, é fundamental que o equipamento passe por testes regulares realizados pelos setores da Física Médica. As instruções normativas emitidas pela ANVISA no Brasil, como a Instrução Normativa (IN) 97 de 27 de maio de 2021, especificam uma série de exigências para o controle de qualidade em equipamentos de diagnóstico por imagem, incluindo a ressonância magnética [1]. Esses regulamentos são projetados para assegurar que o equipamento mantenha um desempenho adequado e que a segurança dos pacientes seja sempre uma prioridade.  Os testes semanais mencionados na IN 97 são importantes ara assegurar que o equipamento de ressonância magnética esteja operando dentro dos padrões necessários para garantir a qualidade das imagens e a segurança dos pacientes. Esses testes envolvem a coleta de diversos parâmetros utilizando o software integrado do equipamento, com o auxílio de um phantom. O phantom é um dispositivo que simula as propriedades dos tecidos humanos e permite que técnicos e físicos médicos avaliem como o equipamento responde ao realizar exames em condições controladas. Um dos parâmetros mais importantes é a verificação da uniformidade do campo magnético, que deve ser medida para garantir que o campo magnético esteja distribuído de forma homogênea ao longo do volume de imagem. Qualquer irregularidade pode resultar em distorções ou falhas nas imagens, comprometendo o diagnóstico.  Além da uniformidade do campo magnético, a relação sinal-ruído também é verificada semanalmente. Esse teste é essencial para garantir que as imagens tenham a nitidez necessária para diagnósticos precisos, sem interferências que possam comprometer a qualidade das informações captadas. O phantom, simulando a composição dos tecidos humanos, permite avaliar como o equipamento lida com as variações de densidade e propriedades dos tecidos. O software dedicado analisa esses dados em tempo real, fornecendo uma visão detalhada do desempenho do sistema. A coleta contínua desses parâmetros garante que ajustes preventivos possam ser feitos antes que qualquer falha afete a operação do equipamento, o que demonstra a importância da manutenção preventiva em sistemas de diagnóstico por imagem.  A presença do físico médico é indispensável para a realização desses testes semanais, como também exigido pela IN 97. O físico é responsável por interpretar os resultados dos testes e fazer os ajustes necessários para garantir que o equipamento opere dentro das normas estabelecidas. Ele também assegura que todos os sistemas de segurança, incluindo os alarmes e mecanismos de emergência, estejam em pleno funcionamento, especialmente em ambientes onde o campo magnético forte possa representar riscos. A atuação desse profissional é vital para garantir que os resultados obtidos sejam precisos e que os padrões exigidos pela regulamentação sejam cumpridos. A comparação dos dados coletados pelo phantom com padrões de referência permite ajustes que garantem a eficiência do equipamento e, consequentemente, a eficácia dos exames realizados.  A qualidade da imagem gerada por uma ressonância magnética é de suma importância para a obtenção de um diagnóstico preciso. O ruído pode interferir significativamente na capacidade de visualizar pequenas estruturas ou detalhes sutis que podem ser decisivos para o médico. Um controle rigoroso sobre a qualidade da imagem é, portanto, parte integral das boas práticas em radiologia e ressonância [2]. Isso também inclui a calibração constante dos sistemas e a verificação de que os gradientes de campo magnético estão adequados para cada tipo de exame realizado. A RM, por operar com campos magnéticos poderosos, exige um ambiente seguro, tanto para os pacientes quanto para os operadores. Por isso, os testes semanais também envolvem a verificação dos sistemas de emergência e segurança, como alarmes e controle de acesso à sala de exame, para garantir que todos os procedimentos sejam realizados com a máxima segurança.  Entender a física por trás da ressonância magnética é outro ponto crucial para compreender a necessidade desses cuidados contínuos com o equipamento. A RM funciona pela excitação dos núcleos de hidrogênio presentes no corpo humano por meio de um campo magnético e radiofrequência. Quando esse campo é interrompido, os núcleos emitem sinais que são captados e transformados em imagens. Qualquer variação nos parâmetros físicos que regem esse processo – como a intensidade do campo magnético, a frequência de ressonância ou o tempo de relaxamento dos tecidos – pode alterar a qualidade das imagens e prejudicar a precisão dos diagnósticos [3]. Além disso, como o corpo humano é composto por diferentes tipos de tecidos, cada um com características únicas de relaxamento, a RM consegue diferenciar com clareza entre eles, algo que a torna uma ferramenta indispensável para a medicina moderna.  Seguindo as instruções normativas e mantendo a qualidade das imagens, não apenas asseguramos diagnósticos mais precisos, mas também proporcionamos um ambiente seguro para os pacientes. Cada passo, desde a calibração semanal até o monitoramento de artefatos, faz parte de um sistema robusto que garante a eficácia da ressonância magnética como método de diagnóstico. Dessa forma, o cumprimento dessas normas não é apenas uma exigência regulatória, mas uma prática indispensável para o sucesso no atendimento e para a manutenção da confiança na tecnologia utilizada.    - Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD    Referências:  [1] ANVISA, IN Nº 97, de 27 de maio de 2021.  [2] Kuhls-Gilcrist, A., et al. "Quality Control in MRI: Essential Practices and Guidelines." Radiology Today, 2020.  [3] Hornak, J. P. "The Basics of MRI Physics." Rochester Institute of Technology, 2019.  

Por tiago em 02/10/2024 às 16:26
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Quais os testes semanais da tomografia computadorizada e por que fazê-los?

A Instrução Normativa número 93 [1], de maio de 2021, regulamenta o uso do equipamento de tomografia computadorizada no Brasil. Este documento apresenta os testes de controle de qualidade que devem ser realizados no tomógrafo e a periodicidade deles. A maioria dos testes possui uma periodicidade anual. No entanto, existem três testes específicos que devem ser realizados semanalmente: a exatidão do número de CT, a uniformidade do número de CT e o ruído. Estes são testes semanais porque, além de serem simples de executar, são também avaliações que permitem identificar algum problema maior no equipamento a partir da avaliação da imagem. Ou seja, são ferramentas importantes de qualidade de imagem que possibilitam prever o comportamento do tomógrafo. Tanto a exatidão do número de CT, quanto a uniformidade da imagem e o ruído são realizados por meio da análise da imagem gerada de um phantom que a própria fabricante do equipamento de tomografia fornece. Para entendermos bem o que significa cada um dos testes, precisamos introduzir brevemente o conceito de número de CT. Número de CT ou unidades Hounsfield (HU, do inglês Hounsfield Unit) representa uma tradução em escalas de cinza da atenuação tecidual ocorrida a partir da interação do feixe com o tecido. Para isto, a água é utilizada como referência. Ou seja, é uma escala que compara as atenuações dos diferentes tecidos com a atenuação oferecida pela água (equação 1).                (equação 1) Onde μágua  é o coeficiente de atenuação da água e μmaterial  é o coeficiente de atenuação do material. Desta forma, é possível estabelecer o valor da grandeza número de CT levando em consideração os coeficientes de atenuação dos distintos tecidos e da própria água [2]. Uma vez determinado o valor teórico desta grandeza, a comparação com o valor medido permite estabelecer a relação de exatidão: quantos porcentos o valor medido varia em relação ao valor nominal? Diversos materiais podem ser utilizados para avaliar a exatidão do número de CT (e de fato são utilizados nos testes anuais), porém semanalmente a avaliação é feita apenas com dois materiais, que são a água e o ar. A água possui um valor teórico de número de CT igual a 0, pois é o material de referência. O ar, contudo, possui um valor teórico de número de CT igual a -1000, pois é um material menos denso que a água (e que, portanto, atenua bem menos a radiação ionizante). Isso quer dizer que se fizéssemos um teste com algum material mais denso que a água, teríamos um resultado positivo (como seria o caso de um osso, por exemplo, que deve ter um número de CT superior a +100). A IN 93 [1] estabelece os níveis de tolerância de exatidão do número de CT para a água e para o ar. A água pode ter um desvio de ± 5 unidades, enquanto o ar deve variar em ± 10 unidades. Isto é, o tomógrafo estará em conformidade se os resultados da água estiverem dentro do intervalo -5 a 5 e do ar, de -990 a -1010. Os outros testes realizados semanalmente são a uniformidade do número de CT e o ruído. A uniformidade representa a variação que o número de CT medido possui dentro de uma mesma imagem. A figura 1 mostra os locais de medição do número de CT dentro de uma imagem para a avaliação da uniformidade do número de CT e do ruído.   Figura 1: as 5 regiões de interesse (ROIs) demarcadas no centro e nas regiões correspondentes às 12h, 15h, 18h e 21h para a avaliação da uniformidade do número de CT e de ruído.   A IN 93 determina que, para estar em conformidade, a uniformidade não deve apresentar um desvio superior a 5 HU e o ruído não deve estar acima de 15% do valor de referência, que é estabelecido pela própria fabricante do equipamento e do phantom.         Os testes semanais são executados e avaliados pelo físico médico. Porém, também é possível que a equipe de física médica treine a equipe técnica para que execute os testes semanais na tomografia e colete os dados, que serão posteriormente analisados pelos físicos médicos. Aqui na nucleorad, por exemplo, temos clientes que foram treinados por nós e que nos enviam semanalmente os dados obtidos, para que avaliemos e registremos em nosso sistema de gestão, o nucleohelp. Assim, sempre que o cliente precisar, no caso de uma inspeção da Vigilância Sanitária, estes documentos estarão disponíveis para ele.    Texto elaborado por físico Bruno Fabricio de Oliveira Lisboa - NUCLEORAD   Referencias: [1] MINISTÉRIO DA SAÚDE/AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA/DIRETORIA COLEGIADA. Instrução Normativa N° 93, de 27 de Maio De 2021. Disponível em: https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/202107/08070428-in932021tomografiacomputadorizada.pdf. Acesso em: 10 set. 2024. [2] INSTITUTO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Número de CT. Disponível em: http://astro.if.ufrgs.br/med/imagens/node4.htm. Acesso em: 10 set. 2024.    

Por tiago em 18/09/2024 às 13:01