NucleoBlog
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
A evolução e o futuro do equipamentos de Tomografia Computadorizada

Quando alguém fala em tomografia computadorizada (TC), é comum imaginar uma máquina, cujo tubo de raio X gira ao redor do paciente, gerando imagens detalhadas do corpo em segundos, entretanto nem sempre foi assim. A tomografia percorreu uma longa jornada — da aquisição de um único corte por vez até a reconstrução em tempo real de volumes inteiros. Neste texto, vamos explorar essa evolução desde a 1ª até a 6ª geração de tomógrafos e dar uma espiada nas tecnologias que prometem revolucionar o futuro da área. 1ª geração – O início de tudo: Desenvolvida no início dos anos 1970, a 1ª geração de tomógrafos usava um feixe de raio X em forma de lápis e um único detector. O tubo e o detector realizavam movimentos de translação e rotação ao redor do paciente para formar cada corte. O tempo de aquisição era longo — cerca de 5 minutos por imagem — e as aplicações eram restritas, principalmente para o crânio [1]. 2ª geração – Um passo a mais na velocidade: Essa geração introduziu vários detectores alinhados e um feixe em forma de leque estreito, o que permitiu a captação de mais dados por rotação. Ainda havia o movimento de translação, mas o tempo de exame foi reduzido para cerca de 20 segundos por corte. O avanço foi significativo, mas ainda insuficiente para exames do corpo inteiro [1]. 3ª geração – O modelo base dos tomógrafos modernos: Com a 3ª geração, o salto foi grande: detectores em arco (meia circunferência) girando junto com o tubo. Esse formato aumentou a velocidade de aquisição e reduziu os artefatos, tornando possível obter imagens mais nítidas do tórax, abdômen e outras regiões com maior precisão. É o princípio mais utilizado até hoje [1][2]. 4ª geração – Detectores fixos, tubo giratório: A inovação aqui foi um anel completo de detectores fixos enquanto o tubo de raio X gira sozinho. Isso eliminou o movimento de ida e volta dos detectores e melhorou a estabilidade do sistema. Contudo, o custo elevado e a maior sensibilidade a artefatos causados por pequenos desalinhamentos limitaram sua adoção ampla [2]. 5ª geração – Tomógrafo de Feixe Eletrônico (EBCT – Electron Beam Computed Tomography): Essa geração foi pensada para capturar imagens do coração em movimento, com tempos de aquisição ultrarrápidos. Em vez de girar fisicamente, o feixe de elétrons é direcionado eletronicamente, o que reduz o tempo de aquisição para milissegundos [1][3]. 6ª geração – A revolução helicoidal e multidetectores: Aqui surge a tomografia helicoidal (ou espiral), com movimento contínuo do paciente enquanto o tubo gira, formando uma espiral de dados. Associada aos detectores múltiplos (multislice), essa geração possibilitou exames muito mais rápidos e com alta resolução, permitindo reconstruções tridimensionais, avaliação funcional e redução de dose [1][2]. Entre as tendências mais promissoras, destacam-se: - Tomógrafos portáteis: já em uso em UTIs e zonas de guerra, são mais leves, compactos e capazes de fazer exames à beira do leito [4]. - Tomografia vertical: tecnologias emergentes permitem escanear pacientes na posição ortostática, ideal para investigar alterações que só aparecem sob carga, como problemas na coluna, joelhos e pulmões [5]. - Inteligência Artificial (IA): algoritmos estão sendo incorporados para melhorar a reconstrução de imagens, reduzir ruídos e minimizar a dose de radiação [4][5]. - Hibridização e integração com outros exames: como a PET/TC e as novas propostas de TC combinada com ressonância magnética, trazendo mais informações em um só exame [5]. - Reconstruções ultrarrápidas e exames em movimento: no horizonte, surgem aparelhos que poderão escanear enquanto o paciente se movimenta, oferecendo diagnósticos funcionais em tempo real [4]. A tomografia computadorizada é um exemplo claro de como a tecnologia médica evolui para salvar vidas com mais rapidez, conforto e precisão. De imagens estáticas e demoradas a exames dinâmicos e detalhados em segundos, a TC mostra que inovação é uma constante.   Texto elaborado por Eduardo Berna – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências [1] Bushberg, J. T. et al. The Essential Physics of Medical Imaging. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins, 2011. [2] Kalender, W. A. Computed Tomography: Fundamentals, System Technology, Image Quality, Applications. Wiley, 2005. [3] IAEA – International Atomic Energy Agency. Radiation Protection in Computed Tomography. 2011. Disponível em: https://www.iaea.org/publications/8945 [4] GE Healthcare. Evolution of CT Scanner Technology. Disponível em: https://www.gehealthcare.com/ [5] Siemens Healthineers. CT Scanners: Past, Present and Future. Disponível em: https://www.siemens-healthineers.com/  

Por Bruna em 24/06/2025 às 17:12
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
O papel do Físico Médico na logística de transporte de materiais radioativos

O transporte de materiais radioativos é uma atividade crítica na cadeia de serviços que envolvem o uso de radiações ionizantes na medicina, especialmente nas áreas de medicina nuclear. Neste contexto, o físico médico desempenha um papel fundamental na garantia da segurança radiológica, da conformidade legal e da eficiência logística desse processo, atuando como elo entre a ciência, a técnica e a regulamentação. Materiais radioativos, como radiofármacos utilizados em medicina nuclear (por exemplo, o tecnécio-99m ou o iodo-131), precisam ser transportados com rapidez e segurança entre os centros de produção e os serviços de saúde. Isso envolve o uso de embalagens especiais, veículos autorizados e o cumprimento rigoroso de normas nacionais e internacionais, como as da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), da ANVISA, da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e da ONU (regulamentação UN para transporte de mercadorias perigosas).    Responsabilidades do Físico Médico Embora o transporte físico seja realizado por empresas especializadas, a responsabilidade técnica e legal pelo material radioativo, em muitos casos, é compartilhada com o serviço requisitante, assim que o físico médico se destaca:   Planejamento da logística com segurança radiológica O físico médico participa do planejamento da logística com foco na segurança radiológica. Isso inclui: Avaliação do tipo e da atividade do material radioativo a ser transportado; Definição da categoria de transporte (I-Branca, II-Amarela, III-Amarela); Escolha adequada da embalagem certificada (Tipo A, B ou C), com blindagem e resistência compatíveis com o material e com o modo de transporte; Garantia de que os níveis de dose externos estejam dentro dos limites legais (por exemplo, <2 mSv/h na superfície da embalagem para Tipo A).   Garantia da conformidade normativa O físico médico assegura que o transporte esteja em conformidade com: CNEN NN 5.01 - Requisitos para transporte de material radioativo; CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos; Resolução ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) nº 5.998/2022 - Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos; Regulamento da IAEA SSR-6 (Regulations for the Safe Transport of Radioactive Material); Protocolos internos de rastreabilidade, contingência e emergência.   Avaliação e controle de documentos técnicos O físico médico elabora e revisa: Ficha de emergência; Auditoria Interna de Requisitos de Proteção Física, Radiológica e Qualidade na Unidade de Transporte; Relatórios de dosimetria ambiental e individual dos envolvidos; Registros de verificação da integridade das embalagens.   Treinamento e capacitação de pessoal O físico também pode capacitar a equipe envolvida no recebimento, conferência e armazenamento dos materiais radioativos após o transporte. Isso inclui orientações sobre: Uso de monitores portáteis de radiação; Procedimentos em caso de contaminação ou acidente; Técnicas de armazenamento temporário seguro; Procedimentos de devolução ou descarte de rejeitos.   Gestão de riscos e resposta a emergências O físico médico participa do plano de emergência radiológica, tanto na prevenção quanto na resposta a eventos como: Extravio de fonte; Dano à embalagem; Exposição indevida de pessoas; Acidentes de trânsito com liberação de material.   Nesses casos, sua expertise em dosimetria, contenção e descontaminação é crucial para minimizar danos e orientar decisões técnicas. A atuação do físico médico é feita em colaboração transportadoras especializadas, como a NUCLEORAD, e órgãos reguladores, sendo essa integração essencial para o cumprimento das boas práticas em radioproteção e segurança do paciente. O físico médico vai muito além do trabalho em ambientes controlados dentro do hospital. No contexto da logística de transporte de materiais radioativos, sua atuação garante que os princípios da justificação, otimização e limitação de dose sejam respeitados desde a origem até o destino do material. Com conhecimento técnico, responsabilidade ética e compromisso com a segurança, esse profissional é peça-chave para que a cadeia da medicina que utiliza radiação funcione com excelência, protegendo trabalhadores, pacientes e o meio ambiente.   Texto elaborado por Bruna Vitola Lovato – Física Médica NUCLEORAD   Referências: [1] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 339, de 17 de abril de 2025. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-2/NormaCNENNN2.05.pdf [2] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 3.01 - Diretrizes básicas de proteção radiológica. Resolução CNEN nº 164, de 24 de março de 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/grupo3-nrm301.pdf [3] COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 5.01 – Regulamento para o Transporte Seguro de Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 271, de 25 de março de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo5/grupo5_nrm571.pdf [4] AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT. Resolução nº 5.998, de 3 de novembro de 2022. Atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, aprova suas Instruções Complementares e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 nov. 2022, Seção 1, p. 47.Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.998-de-3-de-novembro-de-2022-441279478

Por Bruna em 13/06/2025 às 09:59
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
Desmistificando o Transporte de Materiais Radioativos

Quando as pessoas veem um veículo sinalizado com o símbolo de radiação, é muito comum que sintam medo, insegurança e até pânico. Isso acontece, em grande parte, porque ainda existe desconhecimento sobre o que realmente significa transportar materiais radioativos. O tema está cercado de mitos, muitos deles alimentados por filmes, séries e notícias sensacionalistas que não refletem a realidade. O que poucas pessoas sabem é que esse transporte faz parte do nosso dia a dia e é fundamental para áreas como a medicina, a indústria, a agricultura e a pesquisa científica. Materiais radioativos são essenciais, por exemplo, para realizar exames de diagnóstico, como cintilografia e PET-CT; tratam diversos tipos de câncer; além de serem utilizados em processos industriais e no controle de pragas na agricultura. O transporte desses materiais é seguro e segue rigorosos padrões internacionais, estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e, no Brasil, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Ao contrário do que muitos imaginam, os veículos não estão simplesmente carregando algo perigoso de forma desprotegida. Na verdade, a sinalização é uma exigência regulatória que tem como objetivo garantir a transparência do que está sendo transportado e o tipo associado à carga perigosa, no caso do radioativo classe 7. Esses materiais são acondicionados em embalagens muito resistentes, projetadas para suportar situações, como quedas, incêndios, impactos e até imersão em água, tudo isso sem que haja qualquer risco de vazamento ou contaminação, conforme CNEN NN 5.01 Regulamento para o Transporte Seguro de Materiais Radioativos. É muito comum ouvir comentários como “Se esse caminhão/veículo bater, vai espalhar radiação por toda parte” ou “O motorista deve estar se contaminando”. Esses são mitos totalmente infundados. As embalagens possuem blindagem que garante que a radiação não ultrapasse níveis seguros, protegendo tanto os profissionais envolvidos quanto a população em geral. Inclusive, as doses de radiação que os motoristas recebem durante o transporte são extremamente baixas, muito abaixo dos limites considerados seguros pelos órgãos reguladores. Outro equívoco muito frequente é associar esses materiais ao conceito de lixo nuclear. Isso não é verdade. Os materiais transportados são radioisótopos específicos, muitos deles com meia-vida curta, que perdem rapidamente sua radioatividade. Eles não têm nenhuma relação com resíduos de usinas nucleares ou com o conceito de contaminação permanente que muitas pessoas imaginam. O símbolo de radiação presente nos veículos também costuma gerar apreensão, mas ele não significa perigo iminente. Na verdade, essa sinalização é uma exigência legal que tem como objetivo garantir a transparência, informar sobre o tipo de carga e facilitar o trabalho das equipes de emergência, caso seja necessário. Assim como caminhões/veículos que transportam combustíveis ou produtos químicos perigosos também possuem sinalizações específicas, os veículos que transportam materiais radioativos seguem o mesmo princípio de segurança. Todo esse processo é controlado de forma rigorosa. As empresas que realizam esse tipo de transporte precisam ser licenciadas, os motoristas passam por treinamentos específicos para lidar com qualquer situação, as rotas são monitoradas, os veículos possuem rastreadores, e os órgãos responsáveis realizam auditorias e fiscalizações para garantir que tudo seja feito dentro dos mais altos padrões de segurança. Portanto, o transporte de materiais radioativos não é motivo de medo, mas sim de responsabilidade e de compromisso com a sociedade. Esses materiais fazem parte de cadeias que salvam vidas todos os dias, seja no diagnóstico e no tratamento de doenças, seja em aplicações industriais e agrícolas que beneficiam toda a população. O medo, muitas vezes, nasce da desinformação, e é justamente por isso que divulgar conhecimento sobre o assunto é tão importante. Entender como tudo funciona ajuda a substituir o medo pela confiança na ciência, nos profissionais e nas normas que garantem que todo esse processo seja realizado com máxima segurança. Se você cruzar com um desses veículos/caminhões na estrada ou na cidade, lembre-se: eles estão transportando saúde, desenvolvimento e tecnologia a serviço da população com muita segurança. A NUCLEORAD possui todas as certificações regulatórias e dentro de sua política de qualidade busca atender sempre com todas as operações que envolvem o transporte de material radioativo.    Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD. Referências: COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 339, de 17 de abril de 2025. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-2/NormaCNENNN2.05.pdf   COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 3.01 - Diretrizes básicas de proteção radiológica. Resolução CNEN nº 164, de 24 de março de 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/grupo3-nrm301.pdf   COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN). Norma CNEN NN 5.01 – Regulamento para o Transporte Seguro de Materiais Radioativos. Resolução CNEN nº 271, de 25 de março de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo5/grupo5_nrm571.pdf

Por Bruna em 06/06/2025 às 15:05
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
O que fazer quando uma fonte radioativa é roubada?

O roubo ou extravio de fontes radioativas é um evento raro, mas que exige resposta imediata e coordenada para mitigar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. No Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é o órgão responsável por regular e fiscalizar atividades envolvendo materiais radioativos. Comunicação imediata às autoridades competentes Ao identificar o desaparecimento de uma fonte radioativa, a primeira ação deve ser a notificação imediata à CNEN e às autoridades policiais locais. A CNEN disponibiliza canais de contato para emergências: (21) 98368-0734 e (21) 98368-0763. É fundamental fornecer informações detalhadas sobre o material desaparecido, incluindo tipo, atividade, número de série e condições de transporte. Avaliação do risco radiológico A CNEN classifica as fontes radioativas conforme o risco associado, de acordo com o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Por exemplo, uma fonte de Germânio/Gálio (68Ge/68Ga) com atividade de aproximadamente 30 mCi é considerada de categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente. Ações de busca e recuperação Após a notificação, a CNEN coordena operações de busca e recuperação do material. Em um caso ocorrido em São Paulo, em junho de 2024, uma fonte de 68Ge/68Ga foi furtada junto com o veículo que a transportava. A CNEN, em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), localizou a fonte intacta em um ferro-velho na zona leste da cidade, encerrando a ocorrência sem riscos de contaminação.     Medidas preventivas e protocolos de segurança Empresas que manipulam ou transportam materiais radioativos devem seguir rigorosamente os protocolos de segurança estabelecidos pela CNEN, incluindo: Treinamento de pessoal em radioproteção. Uso de embalagens adequadas e sinalizadas com o símbolo internacional de radiação ionizante. Manutenção de registros atualizados das fontes. Planos de emergência e comunicação eficaz com as autoridades. No caso mencionado, o furto ocorreu devido a uma falha no protocolo de segurança, quando o motorista estacionou o veículo em local não autorizado, facilitando o roubo.   Lições aprendidas e importância da conscientização Incidentes como o de Goiânia, em 1987, onde uma fonte de césio-137 foi manipulada indevidamente, resultando em mortes e contaminação de centenas de pessoas, ressaltam a importância da conscientização sobre os riscos associados a materiais radioativos. Embora as fontes utilizadas atualmente em medicina nuclear apresentem riscos significativamente menores, a manipulação inadequada ainda pode causar danos à saúde. A resposta rápida e coordenada a incidentes envolvendo fontes radioativas é essencial para garantir a segurança pública. A adesão rigorosa aos protocolos de segurança, o treinamento contínuo de profissionais e a conscientização da população são pilares fundamentais na prevenção e mitigação de riscos associados a materiais radioativos. Texto elaborado por Letícia Fröhlich – Física Médica NUCLEORAD   Referências: BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NN 5.01: Transporte de materiais radioativos. Rio de Janeiro: CNEN, 2013. BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NN 5.04: Requisitos de segurança e proteção radiológica para o serviço de transporte de materiais radioativos. Rio de Janeiro: CNEN, 2014. BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NN 2.05: Licenciamento de instalações radiativas. Rio de Janeiro: CNEN, 2010. BRASIL. Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NE 6.05: Requisitos de proteção radiológica para o transporte de fontes seladas. Rio de Janeiro: CNEN, 1985. INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY. Regulations for the safe transport of radioactive material: 2018 edition. Vienna: IAEA, 2018. (IAEA Safety Standards Series, SSR-6)    

Por Bruna em 27/05/2025 às 10:15
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
Transporte de materiais radioativos no Brasil ganha novo padrão de proteção com norma aprovada pela CNEN

Foi aprovada nesta quinta-feira (17/04/2025) pela Comissão Deliberativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a Resolução Nº 339/2025, que estabelece a Norma CNEN NN 2.05 – Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos. Com a publicação dessa norma, o Brasil dá um passo decisivo rumo à excelência na segurança do transporte de materiais nucleares e radioativos, aproximando-se dos padrões adotados por países com maior tradição no setor. O novo marco regulatório reforça a adesão do país às recomendações internacionais mais atualizadas e responde de forma proativa ao cenário global de ameaças, com critérios mais detalhados e eficazes. A Norma NN 2.05 define os princípios gerais e os requisitos mínimos para o projeto, a implementação e a manutenção de um Sistema de Proteção Física (SisPF) aplicado ao transporte desses materiais nos diversos modais – rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário. Também abrange etapas críticas como o transbordo e o armazenamento em trânsito, sempre com base no princípio da abordagem gradual e em conformidade com as melhores práticas de proteção radiológica e segurança nuclear. A mesma representa uma evolução da Norma CNEN NE 2.01, seção 5, que trata de transporte de material nuclear e radioativo. Ela desempenhará um papel crucial no contexto brasileiro ao estabelecer diretrizes alinhadas às novas recomendações internacionais para o transporte seguro de materiais nucleares e radioativos. Elaborada pelo Escritório de Segurança Física (ESF) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) com apoio de especialistas de diversas organizações públicas e privadas, esta norma visa garantir a proteção física dos materiais nucleares e radioativos, durante o transporte, contra ameaças como roubo, sabotagem e outros eventos adversos que poderiam comprometer a segurança pública e ambiental. Em conformidade com os padrões internacionais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Norma CNEN NN 2.05 definirá os requisitos regulatórios para o planejamento, execução e monitoramento dos transportes desses materiais, assegurando que sejam realizados de maneira segura e eficiente. Isso não apenas protege a população e o meio ambiente contra possíveis eventos de segurança física nuclear, mas também fortalece a credibilidade do Brasil no âmbito global como um país comprometido com a segurança física nuclear. Além disso, ao seguir as diretrizes estabelecidas pela norma, o Brasil facilita o comércio internacional de materiais nucleares e radioativos, uma vez que demonstra conformidade com as recomendações internacionais de segurança física. Isso é fundamental para a cooperação internacional em energia nuclear e para o desenvolvimento de projetos nucleares que promovam o avanço tecnológico e científico do país. Portanto, a Norma CNEN NN 2.05 desempenhará um papel estratégico ao não apenas proteger o país contra ameaças potenciais, mas também ao promover sua integração e respeito as recomendações internacionais, consolidando sua posição como um participante responsável na comunidade do setor nuclear internacional. A medida reforça o compromisso da CNEN com a segurança nuclear, a proteção das pessoas e do meio ambiente, além de fortalecer a confiança nacional e internacional nas operações envolvendo materiais sensíveis. A nova norma entrará em vigor 180 dias após sua publicação no Diário Oficial da União, permitindo a devida adaptação dos operadores e instituições envolvidas. Texto elaborado por Bruna Vitola Lovato – Física Médica NUCLEORAD   Referências: [1] CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear). (2025, 17 de abril). Norma CNEN NN 2.05: Proteção Física no Transporte de Materiais Nucleares e Outros Materiais Radioativos. Rio de Janeiro, RJ: CNEN.   

Por Bruna em 21/05/2025 às 08:37
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
Radiografia Infantil com Segurança: Tudo Sobre a Proteção de Acompanhantes nos Exames

Os exames de radiografia são ferramentas fundamentais na prática clínica, especialmente em pediatria, onde auxiliam no diagnóstico de uma ampla variedade de condições. Nesses casos, é comum que a criança seja acompanhada por um dos pais ou cuidadores, tanto para fornecer conforto emocional quanto para ajudar na contenção física durante a aquisição da imagem. No entanto, a presença do acompanhante dentro da sala de exame deve ser cuidadosamente avaliada do ponto de vista da proteção radiológica, uma vez que se trata de uma pessoa saudável, sem qualquer benefício direto da exposição à radiação ionizante. De acordo com a RDC nº 611/2022 da ANVISA, a entrada de acompanhantes em exames radiológicos só é permitida quando estritamente necessária, como em situações envolvendo pacientes pediátricos, idosos ou com deficiências, desde que seja imprescindível para a realização do procedimento. Nessas ocasiões, é obrigatório fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e garantir que o acompanhante seja previamente orientado sobre os riscos e condutas durante o exame. A exposição à radiação ionizante, mesmo em pequenas doses, deve sempre ser evitada ou minimizada, em conformidade com os princípios de justificação, otimização e limitação da dose estabelecidos pelas diretrizes internacionais de proteção radiológica. Entre os EPIs mais utilizados destaca-se o avental plumbífero, geralmente confeccionado com espessura de 0,5 mm de chumbo equivalente, capaz de atenuar entre 90% e 99% da radiação espalhada, dependendo da energia do feixe. Esses aventais pesam em média de 4 a 7 kg, podendo gerar certo desconforto quando usados por longos períodos, especialmente em pessoas de porte físico mais leve ou em situações de ansiedade. Além do avental, é recomendado o uso de protetores de tireoide, óculos plumbíferos e, em alguns casos, luvas, principalmente quando o acompanhante precisa posicionar a criança. Sempre que possível, deve-se optar por posicionar o acompanhante atrás de uma barreira plumbífera ou oferecer a observação do exame por meio de uma janela com proteção, evitando a necessidade de sua entrada na sala. Caso a presença na sala seja indispensável, o acompanhante deve permanecer fora da direção do feixe primário, de preferência atrás da cabeça da criança ou do lado oposto ao tubo de raios X, sempre utilizando corretamente os EPIs fornecidos. É essencial que ele permaneça imóvel durante a exposição, evite tocar no equipamento e siga rigorosamente as instruções fornecidas pela equipe de saúde. A comunicação clara e humanizada é um aspecto essencial nesse contexto. Segundo uma revisão sistemática realizada por Lopes (2019), muitos pais e cuidadores demonstram desconhecimento sobre os riscos da radiação e os motivos da adoção das medidas protetivas, o que pode gerar insegurança, resistência ao uso dos EPIs ou comportamentos inadequados durante o exame. Esse cenário evidencia a necessidade de um esforço maior por parte das instituições e dos profissionais de saúde em promover a educação em radioproteção, especialmente para acompanhantes de crianças. A simples entrega de um colete de chumbo não garante proteção adequada se não vier acompanhada de uma explicação compreensível, empática e fundamentada nos princípios da segurança. Além disso, é fundamental que se registre adequadamente a presença do acompanhante na sala, bem como a utilização dos EPIs, seguindo as exigências legais e assegurando a rastreabilidade das ações adotadas. Situações envolvendo acompanhantes gestantes merecem ainda mais atenção. A presença de gestantes na sala deve ser evitada sempre que possível. Quando não houver outra alternativa, a exposição precisa ser avaliada com cautela e autorizada formalmente, preferencialmente com a assinatura de um termo de ciência. A RDC 611/2022 determina que a equipe deve questionar a possibilidade de gestação em todas as mulheres em idade fértil antes da realização de exames radiológicos, tanto para pacientes quanto para acompanhantes. A proteção radiológica dos acompanhantes de crianças em exames de radiografia não se resume ao uso de barreiras físicas. Ela envolve planejamento, empatia, responsabilidade legal e compromisso com a segurança de todos os envolvidos. O papel dos profissionais da Física Médica, da enfermagem e dos técnicos em radiologia é essencial para garantir que essas medidas sejam implementadas de forma adequada e consistente. Quando esses cuidados são colocados em prática, é possível assegurar que os exames sejam realizados com sucesso, protegendo tanto o paciente quanto quem está ali para cuidar dele. Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD   Referências: [1] BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 611, de 9 de fevereiro de 2022. Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas em Radiodiagnóstico Médico. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 10 fev. 2022.  [2] Lopes AJ. O conhecimento que os pais ou cuidadores de crianças submetidas a exames radiológicos têm sobre o risco do exame: revisão sistemática [dissertation]. Lisboa: Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa/Instituto Politécnico de Lisboa; Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve; 2019. Disponivel em: [https://repositorio.ipl.pt/bitstreams/b04aa055-4e59-4512-b484-04060438de5d/download]  

Por Bruna em 13/05/2025 às 14:48