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Detecção Precoce de Câncer: Como as Tecnologias de Imagem (TC, RM e PET) ajudam no diagnóstico precoce e monitoramento do câncer

A detecção precoce de câncer é um dos maiores avanços na medicina moderna, pois permite que os médicos identifiquem a doença em seus estágios iniciais, quando as chances de tratamento eficaz e cura são significativamente maiores. As tecnologias de imagem, como Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM) e Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), têm se mostrado ferramentas essenciais para esse processo, permitindo a visualização detalhada de anomalias no corpo e oferecendo informações cruciais para o diagnóstico e monitoramento de tumores. A seguir, vamos explorar como essas tecnologias contribuem para a detecção e o acompanhamento do câncer. Tomografia Computadorizada (TC) A Tomografia Computadorizada (TC) utiliza raios-X para criar imagens transversais detalhadas do corpo, que podem ser combinadas para gerar uma imagem tridimensional. A TC é especialmente útil para: Diagnóstico Inicial: A TC é comumente usada para detectar tumores em diferentes partes do corpo, incluindo pulmões, fígado, pâncreas e intestinos. Ela é eficaz na visualização de alterações de densidade nos tecidos, como nódulos ou massas tumorais. Monitoramento da Resposta ao Tratamento: Após o diagnóstico de câncer, a TC pode ser usada para monitorar como o tumor responde ao tratamento, como quimioterapia ou radioterapia. A redução ou estabilização de um tumor pode ser observada ao longo do tempo por meio de comparações de imagens. Detecção de Metástases: A TC é útil para verificar a disseminação do câncer para outras partes do corpo, identificando metástases em órgãos distantes. Angiografia por TC: A TC também pode ser combinada com contraste para mapear a circulação sanguínea ao redor de tumores, ajudando a identificar áreas de neovascularização, um processo que ocorre quando os tumores criam novos vasos sanguíneos para suprir suas necessidades nutricionais. Ressonância Magnética (RM) A Ressonância Magnética (RM) utiliza um forte campo magnético e ondas de rádio para gerar imagens detalhadas dos órgãos e tecidos do corpo. Ela tem vantagens significativas na detecção precoce de câncer devido à sua capacidade de fornecer imagens de alta resolução de tecidos moles. Algumas aplicações no diagnóstico de câncer incluem: Diagnóstico de Tumores Cerebrais e da Medula Espinhal: A RM é uma das principais ferramentas para detectar tumores no cérebro e na medula espinhal, pois oferece imagens extremamente detalhadas desses tecidos moles, permitindo identificar até mesmo lesões pequenas e de difícil visualização em outras modalidades. Exame de Câncer de Mama: A RM é especialmente útil em pacientes com alto risco de câncer de mama ou em mulheres com tecidos mamários densos, onde a mamografia pode ser menos eficaz. A RM ajuda a identificar tumores que não são facilmente detectáveis por outros métodos. Detecção de Tumores Abdominais e Pélvicos: A RM é eficaz na visualização de tumores no fígado, rins, pâncreas, próstata e órgãos reprodutivos, oferecendo informações detalhadas sobre a localização, tamanho e extensão do câncer. Caracterização do Tumor: A RM pode ser usada para diferenciar entre tumores benignos e malignos com base nas características do tecido, ajudando a determinar a natureza do tumor e se ele é mais propenso a se espalhar. Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) A Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) é uma tecnologia de imagem molecular que permite detectar a atividade biológica dos tecidos. Ela é frequentemente combinada com a TC (PET-CT) para fornecer uma imagem detalhada tanto da anatomia quanto da função do corpo. O PET é fundamental na detecção precoce e no acompanhamento do câncer por várias razões: Detecção Precoce de Câncer: O PET usa um marcador radioativo (geralmente a glicose marcada com flúor, 18F-FDG) que é absorvido de maneira mais intensa pelas células cancerígenas, que tendem a ter uma taxa de metabolismo mais alta. Isso permite identificar áreas com atividade anômala muito antes que as alterações estruturais sejam visíveis em outras modalidades de imagem, como TC ou RM. Estadiamento e Determinação da Extensão do Câncer: O PET ajuda a determinar a extensão do câncer, identificando não apenas o local original do tumor, mas também metástases em outras áreas do corpo que podem não ser visíveis em exames anatômicos convencionais. Monitoramento da Resposta ao Tratamento: O PET é extremamente útil para monitorar como o câncer está respondendo ao tratamento. Tumores que não estão respondendo bem ao tratamento, como a quimioterapia ou a radioterapia, podem mostrar uma atividade metabólica contínua ou aumentada, enquanto tumores que estão regredindo geralmente apresentam uma diminuição no metabolismo celular. Detecção de Recorrência: Após o tratamento, o PET pode ser utilizado para monitorar a recorrência de câncer, detectando qualquer novo crescimento celular suspeito de ser maligno.   Integração das Tecnologias: PET-CT e PET-RM Uma das inovações mais significativas na detecção e monitoramento do câncer é a integração de diferentes tecnologias de imagem, como o PET-CT e PET-RM. Essas combinações oferecem uma visão mais precisa e completa, permitindo que os médicos não apenas vejam a localização e a forma dos tumores (como no caso da TC ou RM), mas também a atividade metabólica das células tumorais (como no PET). Esses exames combinados permitem: Uma Avaliação Mais Precisa do Tumor: O PET-CT ou PET-RM combina as informações anatômicas da TC ou RM com as informações funcionais do PET, proporcionando uma visão abrangente do tumor em termos de estrutura e atividade celular. Melhor Planejamento de Tratamento: A informação integrada ajuda os médicos a planejar tratamentos de forma mais eficaz, seja para cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Redução de Falsos Positivos e Falsos Negativos: A combinação de imagens anatômicas e funcionais ajuda a minimizar a possibilidade de resultados falsos, melhorando a precisão do diagnóstico.   As tecnologias de imagem, como Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM) e Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), desempenham um papel fundamental na detecção precoce e no monitoramento do câncer. Elas oferecem uma maneira não invasiva e altamente precisa de identificar tumores, monitorar a eficácia do tratamento e detectar recidivas. O uso combinado dessas tecnologias melhora significativamente a capacidade de diagnosticar e tratar o câncer em seus estágios iniciais, o que pode levar a melhores resultados para os pacientes.   Texto elaborado por Tiago Langone – Físico Médico NUCLEORAD   Referências [1] AraujoL. A. de; ReisB. C. C. Análise da detecção precoce do câncer de pele: uma revisão da literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 10, p. e10030, 16 jun. 2022. [2] MoraisI. da S. M.; RêgoJ. da S.; ReisL. A.; MouraT. G. A importância do exame preventivo na detecção precoce do câncer de colo uterino: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Enfermagem, v. 10, p. e6472, 11 abr. 2021.

Por Bruna em 05/03/2025 às 14:33
Gestão em Saúde
Radioproteção na Saúde: Como Minimizar Riscos e Garantir Segurança?

A radioproteção é uma área da Física Médica que busca minimizar os riscos associados à exposição à radiação ionizante em ambientes de saúde. Tanto os profissionais quanto os pacientes precisam ser protegidos para que os benefícios dos exames e tratamentos superem os potenciais riscos. Para isso, existem normas e regulamentações específicas, além do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e medidas de segurança nos hospitais e clínicas [1]. A exposição à radiação ionizante é rigorosamente regulamentada por normas nacionais e internacionais, que estabelecem diretrizes para garantir a segurança de todos os envolvidos. No Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) são responsáveis por definir critérios para a proteção radiológica em serviços de saúde. Algumas das principais diretrizes incluem o Princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que determina que a dose de radiação deve ser mantida no nível mais baixo possível, sem comprometer a qualidade dos exames e tratamentos. Além disso, os limites de dose ocupacional anual para trabalhadores expostos à radiação são de 20 mSv, enquanto para o público em geral o limite é de 1 mSv por ano [2]. O monitoramento da exposição é outra exigência importante, sendo obrigatório o uso de dosímetros individuais para acompanhar a exposição ocupacional dos profissionais e garantir que os limites de segurança sejam respeitados. Por fim, também há a blindagem e o controle de acesso, que exige que paredes, portas e janelas de salas onde há radiação sejam construídas com materiais como chumbo ou concreto, minimizando a dispersão da radiação e protegendo áreas adjacentes [3]. Além das regulamentações, a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é indispensável para reduzir a exposição à radiação. Entre os principais EPIs utilizados estão os aventais de chumbo, que reduzem significativamente a exposição do tronco à radiação dispersa; os protetores de tireóide, que protegem a glândula tireoide, altamente sensível à radiação; os óculos plumbíferos, que minimizam a exposição dos olhos à radiação dispersa, reduzindo o risco de catarata induzida por exposição prolongada; e as luvas de chumbo, utilizadas principalmente em procedimentos intervencionistas para minimizar a exposição das mãos [4]. Além dos EPIs, outras medidas de segurança são fundamentais para a proteção radiológica. Estratégias simples e eficazes incluem manter uma distância segura da fonte de radiação e reduzir o tempo de exposição, diminuindo assim a dose recebida. O uso de colimadores também é essencial, pois esses dispositivos reduzem a área irradiada, evitando a exposição desnecessária de pacientes e profissionais [2]. Outra ação fundamental é a capacitação contínua dos profissionais, garantindo que treinamentos periódicos sejam realizados para mantê-los atualizados sobre boas práticas de radioproteção [5]. A evolução tecnológica também desempenha melhorias na radioproteção, permitindo o desenvolvimento de equipamentos mais seguros e eficientes. Avanços como a tomografia computadorizada de baixa dose, o uso de softwares de otimização de imagem e sistemas de monitoramento em tempo real ajudam a reduzir a exposição desnecessária à radiação sem comprometer a qualidade dos exames. Também, a implementação de protocolos personalizados para cada paciente, levando em consideração fatores como idade, peso e histórico clínico, contribui para a aplicação de doses adequadas, reforçando o equilíbrio entre benefício e segurança no uso da radiação ionizante na medicina [6]. Portanto, a radioproteção na medicina é um compromisso contínuo para assegurar que a utilização da radiação ionizante seja feita de maneira segura e eficiente. O cumprimento das normas regulamentadoras, o uso adequado de EPIs e a adoção de medidas preventivas são essenciais para proteger tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes. Dessa forma, é possível continuar aproveitando os benefícios da radiação no diagnóstico e tratamento de doenças, sempre priorizando a segurança e o bem-estar de todos. Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências: [1] CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Norma CNEN NN 3.01 - Diretrizes Básicas de Radioproteção. Brasília: CNEN, 2014. [2] CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Norma CNEN NN 6.05 - Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Radioterapia. Brasília: CNEN, 2014.  [3] ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 611, de 9 de março de 2022. Brasília: ANVISA, 2022.  [4] ANVISA. Manual de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico. Brasília: ANVISA, 2020.  [5] CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Diretrizes de Treinamento em Proteção Radiológica para Profissionais de Saúde. Brasília: CNEN, 2021.   [6] Dalmazo J, Elias Júnior J, Brocchi MAC, Costa PR, Azevedo-Marques PM de. Otimização da dose em exames de rotina em tomografia computadorizada: estudo de viabilidade em um Hospital Universitário. Radiol Bras [Internet]. 2010 Jul;43(4):241–8.

Por Bruna em 26/02/2025 às 13:40
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Irradiação vs. Contaminação: Entenda as Diferenças e a Importância na Física Médica

Quando falamos em radiação, muitas pessoas associam imediatamente a algo perigoso e invisível, mas poucos compreendem os conceitos fundamentais de irradiação e contaminação. No contexto da física médica, essa distinção é essencial para garantir a segurança de pacientes e profissionais que lidam com fontes radioativas. Embora esses termos sejam frequentemente usados de forma intercambiável no imaginário popular, eles descrevem fenômenos distintos. Neste artigo, vamos esclarecer essas diferenças de maneira simples e objetiva, além de explorar exemplos reais e aplicações na área da saúde.  O que é Irradiação? A irradiação ocorre quando um objeto ou organismo é exposto à radiação ionizante proveniente de uma fonte externa, como raios-X, raios gama ou partículas alfa e beta. No entanto, essa exposição não significa que houve contato direto com a substância radioativa nem que o corpo ficará "radioativo" após a exposição. Um exemplo prático de irradiação ocorre nos exames de imagem médica, como a radiografia e a tomografia computadorizada, onde os tecidos do paciente são atravessados por feixes de radiação para gerar imagens detalhadas. Da mesma forma, em tratamentos de radioterapia, os tumores são alvos de radiação ionizante de alta energia para destruir células cancerígenas sem que o paciente se torne uma fonte de radiação. É importante lembrar que, assim que a fonte de radiação é desligada ou removida, a exposição cessa imediatamente, e o indivíduo não "carrega" radiação consigo. Outros exemplos de irradiação são a Exposição ao Sol (raios UV são um tipo de radiação eletromagnética, passageiros e tripulação de aviões expostos à radiação cósmica em grandes altitudes e o uso de irradiadores industriais para esterilização de alimentos e materiais médicos. O que é Contaminação? A contaminação radioativa ocorre quando partículas de material radioativo entram em contato com um objeto, superfície ou organismo. Essas partículas podem aderir à pele, roupas ou, em casos mais graves, serem ingeridas ou inaladas, tornando-se uma fonte contínua de radiação até serem eliminadas. Diferente da irradiação, a contaminação pode ser perigosa mesmo depois que a fonte original for removida, porque as partículas radioativas continuam a emitir radiação. Existem dois tipos de contaminação, a interna e a externa. A contaminação externa ocorre quando partículas radioativas aderem à pele, cabelo, roupas ou superfícies. Este tipo de contaminação pode ser removido por meio de lavagem ou descontaminação. Já a contaminação interna acontece o material radioativo é ingerido, inalado ou absorvido pelo corpo, podendo causar exposição prolongada a órgãos internos. Um exemplo real de contaminação interna foi o caso do acidente com o Césio-137, ocorrido em Goiânia (1987), que é um caso emblemático de contaminação radioativa. O acidente ocorreu após o desmonte de um aparelho de radioterapia abandonado, e a substância radioativa que continha foi manuseada e espalhada pela população, causando sérias consequências de saúde. Outros exemplos de contaminação são a poeira radioativa liberada em testes nucleares ou acidentes em usinas, o manuseio de materiais radioativos por profissionais sem a devida proteção e a ingesta de alimentos contaminados com substâncias radioativas após um acidente nuclear. Como se proteger? A Física Médica e a radioproteção têm diretrizes bem definidas para minimizar riscos tanto de irradiação quanto de contaminação. Algumas estratégias incluem: Proteção contra Irradiação: Tempo – Reduzir ao máximo o tempo de exposição à fonte de radiação. Distância – Manter-se o mais longe possível da fonte radioativa. Blindagem – Utilizar barreiras de proteção, como aventais de chumbo ou paredes de concreto. Proteção contra Contaminação: EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) – Uso de luvas, máscaras e roupas especiais. Higienização e descontaminação – Lavar as superfícies expostas para remover partículas radioativas. Controle de acesso e descarte seguro – Evitar a dispersão de materiais radioativos no ambiente. Em resumo, enquanto irradiação se refere à exposição à radiação sem contato direto com materiais radioativos, contaminação envolve o contato ou a incorporação dessas substâncias, podendo gerar exposição prolongada. No ambiente da física médica, compreender essa diferença é essencial para garantir a segurança de pacientes, técnicos e médicos, permitindo o uso seguro e eficaz da radiação em exames e tratamentos.   Texto elaborado por Letícia Fröhlich – Física Média NUCLEORAD   Referências: [1] Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – www.gov.br/cnen [2] International Atomic Energy Agency (IAEA) – www.iaea.org

Por Bruna em 20/02/2025 às 10:25
Indústria, Medicina Nuclear e Transportes
Terapias com Radionuclídeos de última geração: O futuro da Medicina Nuclear?

  As terapias com radionuclídeos de última geração representam um avanço significativo no tratamento oncológico, oferecendo maior precisão na destruição de células tumorais e minimizando danos aos tecidos saudáveis. Essas terapias utilizam radiofármacos, que são compostos formados pela combinação de radionuclídeos emissores de partículas ionizantes com moléculas que direcionam a radiação diretamente às células cancerígenas, aumentando a eficácia do tratamento. Os radiofármacos são projetados para se ligar a alvos específicos nas células tumorais, permitindo uma abordagem terapêutica mais seletiva. A escolha do radionuclídeo é fundamental, considerando fatores como o tipo de radiação emitida, a meia-vida e o método de produção. Por exemplo, o Iodo-131 (I-131) é amplamente utilizado devido à sua capacidade de emitir partículas beta, que são eficazes na destruição de células malignas. A meia-vida do I-131 é de aproximadamente 8 dias, o que permite uma janela terapêutica adequada para o tratamento de diversas neoplasias. A produção de radionuclídeos como o I-131 é realizada em reatores nucleares, onde o Iodo-130 é irradiado com nêutrons para formar o I-131. A escolha do radionuclídeo adequado é crucial para garantir a eficácia e a segurança do tratamento, levando em consideração as características específicas de cada tipo de câncer e as propriedades físicas do radionuclídeo utilizado [1].   Uma das inovações mais significativas é o desenvolvimento de radiofármacos que se ligam a receptores específicos presentes nas células tumorais, permitindo uma entrega direcionada da radiação. Por exemplo, no câncer de próstata avançado, têm sido utilizados radiofármacos que se ligam ao antígeno de membrana específico da próstata (PSMA), proporcionando uma abordagem terapêutica mais eficaz e com menos efeitos colaterais em comparação com os tratamentos convencionais. O PSMA é uma proteína altamente expressa nas células do câncer de próstata, e os radiofármacos direcionados a esse antígeno utilizam moléculas que se ligam especificamente ao PSMA, conjugadas a radionuclídeos emissores de partículas beta ou alfa. Um exemplo é o Lutécio-177 (Lu-177), que emite partículas beta com uma meia-vida de aproximadamente 6,7 dias, permitindo uma distribuição adequada da dose terapêutica. O Lu-177 é produzido em reatores nucleares ou aceleradores de partículas, através da irradiação de alvos de Ytterbium-176. A utilização de radiofármacos direcionados ao PSMA tem mostrado resultados promissores, com redução significativa do volume tumoral e melhora na sobrevida dos pacientes [2].   Além disso, avanços na medicina nuclear têm permitido a utilização de radionuclídeos emissores de partículas alfa, que possuem alta energia e curto alcance, sendo ideais para o tratamento de micrometástases e células tumorais isoladas. Esses radionuclídeos, quando conjugados a moléculas que reconhecem alvos tumorais específicos, oferecem uma abordagem terapêutica altamente seletiva, reduzindo a toxicidade sistêmica e melhorando os resultados clínicos. Um exemplo amplamente utilizado é o Rádio-223 (Ra-223), indicado para o tratamento de metástases ósseas em pacientes com câncer de próstata resistente à castração. O Ra-223 emite partículas alfa que proporcionam alta deposição de energia nas células tumorais adjacentes ao tecido ósseo, promovendo a destruição das células malignas enquanto minimiza a exposição dos tecidos saudáveis. Sua meia-vida de 11,4 dias permite um controle eficaz do tratamento e reduz a necessidade de múltiplas administrações. O Ra-223 é produzido a partir do decaimento do Tório-227, que por sua vez é extraído de fontes naturais de Actínio-227 ou produzido sinteticamente em reatores nucleares [3].   Outro radionuclídeo promissor nessa categoria é o Actínio-225 (Ac-225), que também emite partículas alfa e tem se mostrado altamente eficaz no tratamento de tumores agressivos, como leucemias e câncer de próstata metastático. A meia-vida do Ac-225 é de 10 dias, o que permite uma liberação gradual da dose terapêutica, aumentando a eficácia do tratamento e reduzindo os efeitos adversos. Esse radionuclídeo pode ser produzido por meio da irradiação de alvos de Rádio-226 em aceleradores de partículas ou a partir do decaimento do Tório-229. Estudos clínicos demonstram que a terapia com Ac-225 conjugado a anticorpos monoclonais ou pequenas moléculas direcionadas melhora significativamente a resposta tumoral em pacientes que não respondem às terapias convencionais [4].   A radioimunoterapia é outra abordagem inovadora que combina anticorpos monoclonais com radionuclídeos, permitindo uma entrega altamente seletiva da radiação às células cancerígenas. Essa estratégia tem sido utilizada no tratamento de diversos tipos de câncer, incluindo linfomas, carcinomas e neoplasias hematológicas, proporcionando uma destruição precisa das células malignas enquanto preserva os tecidos saudáveis. Os anticorpos monoclonais são proteínas projetadas para reconhecer e se ligar a antígenos específicos na superfície das células tumorais. Quando conjugados a radionuclídeos emissores de partículas ionizantes, como o Iodo-131 (I-131) ou o Itrio-90 (Y-90), formam radiofármacos altamente eficazes. O Y-90, por exemplo, é um emissor de partículas beta com meia-vida de 2,7 dias e é produzido a partir da irradiação de alvos de Estrôncio-89 em reatores nucleares. Sua aplicação tem sido amplamente estudada no tratamento do linfoma não-Hodgkin, demonstrando capacidade de induzir remissão mesmo em pacientes refratários a outras terapias [5].   No contexto da medicina de precisão, as terapias com radionuclídeos de última geração representam um avanço significativo, permitindo tratamentos altamente personalizados e eficazes. No entanto, a incorporação dessas novas biotecnologias apresenta desafios, especialmente no que diz respeito ao acesso equitativo nos sistemas de saúde. É crucial que políticas públicas sejam desenvolvidas para garantir que esses avanços estejam disponíveis para todos os pacientes que possam se beneficiar, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica. Além disso, é necessário investir na infraestrutura para a produção e distribuição dos radiofármacos, bem como na capacitação de profissionais especializados em medicina nuclear. O controle rigoroso da dosimetria, a segurança no manuseio e administração desses compostos, e o monitoramento contínuo dos efeitos colaterais são fatores determinantes para a eficácia e segurança dessas terapias [6].   A segurança no manuseio e administração de radiofármacos é um aspecto crítico na medicina nuclear, exigindo a implementação de protocolos rigorosos de radioproteção para proteger tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes. Normas regulatórias, como as estabelecidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), delineiam requisitos específicos para a operação de instalações que lidam com materiais radioativos, abrangendo desde a aquisição, armazenamento e manipulação até o descarte de resíduos radioativos [6]. Essas diretrizes são fundamentais para minimizar riscos de exposição ocupacional e garantir que os procedimentos terapêuticos sejam conduzidos de maneira segura e eficaz.   Além dos regulamentos nacionais, órgãos internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) estabelecem recomendações para otimizar as práticas de radioproteção e dosimetria na medicina nuclear. Uma das principais diretrizes envolve a adoção do princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que orienta a redução da exposição à radiação ao menor nível possível, considerando as necessidades clínicas do tratamento [7]. Esse princípio se aplica tanto aos pacientes quanto aos profissionais, exigindo a implementação de barreiras de proteção, blindagens de seringas e frascos plumbíferos, além do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, aventais de chumbo e monitores pessoais de radiação.   Os protocolos de controle de qualidade também desempenham um papel essencial na segurança dos radiofármacos. Antes da administração ao paciente, os radiofármacos devem ser submetidos a testes rigorosos para garantir a estabilidade química, pureza radionuclídica e esterilidade da solução. Parâmetros como concentração de atividade, pH e integridade da ligação molecular com os vetores biológicos são cuidadosamente monitorados, reduzindo o risco de efeitos adversos [8]. Além disso, a calibração dos equipamentos utilizados na preparação e administração, como dosímetros e calibradores de dose, é obrigatória para garantir a precisão das doses administradas.   A capacitação contínua dos profissionais envolvidos no manuseio e administração de radiofármacos é outro fator crucial. Programas de formação especializados são oferecidos para médicos nucleares, físicos médicos, radiofarmacêuticos e técnicos em medicina nuclear, abrangendo desde aspectos teóricos sobre decaimento radioativo até treinamentos práticos sobre procedimentos seguros de manuseio e administração de radioisótopos [9]. Esses treinamentos incluem simulações de emergência para lidar com derramamentos de material radioativo e exposições acidentais, garantindo que a equipe esteja preparada para responder de maneira eficaz a qualquer incidente.   O descarte adequado de resíduos radioativos também é uma preocupação essencial na medicina nuclear. Dependendo da meia-vida do radionuclídeo, os resíduos podem ser armazenados temporariamente até atingirem níveis de radiação aceitáveis para descarte em lixo comum, ou podem necessitar de tratamentos específicos para eliminação segura. Radionuclídeos de meia-vida curta, como o Tecnécio-99m, podem ser armazenados por algumas horas ou dias antes do descarte, enquanto materiais com meia-vida mais longa exigem procedimentos diferenciados, incluindo confinamento em instalações apropriadas ou reprocessamento para reutilização em novas formulações radiofarmacêuticas [10].   A logística de transporte de radiofármacos também deve seguir regulamentos rigorosos para garantir a segurança durante o trajeto entre as unidades produtoras e os centros de medicina nuclear. O transporte deve ser realizado em embalagens certificadas, projetadas para evitar vazamentos e minimizar a exposição à radiação. Além disso, a documentação deve estar sempre em conformidade com as normas nacionais e internacionais, incluindo a correta rotulagem dos materiais radioativos e a indicação dos níveis de atividade transportados [11].   O monitoramento contínuo das doses recebidas pelos profissionais de saúde é uma exigência regulatória que visa prevenir exposições excessivas. A dosimetria individual é realizada por meio de dosímetros termoluminescentes (TLDs) ou dosímetros de filme, que registram a exposição acumulada à radiação ao longo do tempo. Caso os níveis de dose ultrapassem os limites estabelecidos pelos órgãos reguladores, medidas corretivas devem ser adotadas, incluindo reavaliação dos procedimentos e ajustes na proteção radiológica [12].   Por fim, a implementação de estratégias para reduzir a exposição dos acompanhantes e familiares dos pacientes tratados com radiofármacos é um aspecto frequentemente discutido na medicina nuclear. Orientações específicas são fornecidas para pacientes que recebem terapias com radionuclídeos de meia-vida longa, como o Iodo-131, a fim de evitar a contaminação secundária. Medidas como evitar contato físico prolongado, utilizar banheiros separados e lavar roupas e utensílios de forma isolada podem minimizar a exposição de terceiros à radiação residual presente no corpo do paciente [13].   Diante desses desafios e inovações, a segurança no uso de radiofármacos continuará sendo um tema de extrema importância para a medicina nuclear. O equilíbrio entre eficácia terapêutica e minimização da exposição à radiação depende de um compromisso contínuo com a pesquisa, regulamentação e treinamento dos profissionais envolvidos, garantindo que essas terapias de última geração sejam aplicadas com o máximo de segurança e benefício aos pacientes.   Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – Graduando em Física Médica pela UFCSPA – NUCELORAD.    Referências [1] REDE D’OR SÃO LUIZ. Radioisótopos no tratamento do câncer. 2024. Disponível em: https://www.rededorsaoluiz.com.br/onco/oncologiador/noticias/artigo/radioisotopos-no-tratamento-do-cancer. [2] SÁNCHEZ, L. A nova geração de fármacos radioativos ataca o câncer com precisão molecular. El País - Saúde e Bem-Estar, 2024. Disponível em: https://elpais.com/salud-y-bienestar/2024-09-11/la-nueva-generacion-de-farmacos-radiactivos-ataca-al-cancer-con-precision-molecular.html. [3] IAEA. Nuclear Medicine Safety Guidelines. International Atomic Energy Agency, 2024. Disponível em: https://www.iaea.org. [4] SOUZA, F. L. et al. Terapias Alfa-emissoras: um novo paradigma na oncologia nuclear. Cadernos de Saúde Pública, 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/zDRHSHfSh7mkcCKNHxSjr8C/ [5] CNEN. Normas para proteção radiológica em radiofarmácia. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-6/grupo6-nrm613.pdf. [6] CNEN. Normas para proteção radiológica em radiofarmácia. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-6/grupo6-nrm613.pdf. [7] IAEA. Radiation Protection in Nuclear Medicine: ALARA Principles. International Atomic Energy Agency, 2024. Disponível em: https://www.iaea.org. [8] SOUZA, F. L. et al. Terapias Alfa-emissoras: um novo paradigma na oncologia nuclear. Cadernos de Saúde Pública, 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/zDRHSHfSh7mkcCKNHxSjr8C/ [9] BVS MS. Garantia da Qualidade em Radiofarmácia. Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/garantia_da_qualidade_em_radiofarmacia_rafael.pdf. [10] GOV.BR. Diretrizes para o descarte de resíduos radioativos de serviços de saúde. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/residuos-radioativos.  [11] CNEN. Regulamentação do Transporte de Materiais Radioativos no Brasil. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/transporte-radioativo. [12] ICRP. Radiation Dose Monitoring and Occupational Exposure Limits. International Commission on Radiological Protection, 2024. Disponível em: https://www.icrp.org. [13] INCA. Orientações para pacientes em tratamento com radiofármacos. Instituto Nacional do Câncer, 2024. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/informacoes-para-pacientes-radiofarmacos.

Por Bruna em 12/02/2025 às 09:02
Gestão em Saúde
A regulamentação de softwares médicos (saMD) no Diagnóstico por Imagem

  A regulamentação de softwares médicos (SaMD) no campo do Diagnóstico por Imagem é uma área estratégica e sensível da saúde, uma vez que esses softwares desempenham um papel crucial na análise, interpretação e suporte à decisão clínica com base em exames de imagem, como raios-X, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), ultrassonografia (US) e medicina nuclear. Tendo como objetivo garantir que essas tecnologias sejam seguras, eficazes e confiáveis, dada sua importância para o diagnóstico de doenças e a tomada de decisões clínicas. No Brasil, os softwares médicos (saMD) seguem as diretrizes da RDC 657/2022 da ANVISA, alinhada às normas internacionais para dispositivos médicos, como a ISO 13485 e a IEC 62304.   O Papel dos SaMDs no Diagnóstico por Imagem Os SaMDs em Diagnóstico por Imagem desempenham diversas funções, como: Reconstrução e Processamento de Imagens: Softwares que otimizam a qualidade das imagens ou realizam reconstruções tridimensionais para melhor visualização de estruturas anatômicas. Detecção Automatizada de Patologias: Ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA) que detectam padrões, como nódulos pulmonares, fraturas ósseas, ou calcificações em mamografias. Quantificação e Medição: Softwares que realizam medições precisas, como volumes de tumores, densidade óssea ou perfusão tecidual. Suporte à Decisão Clínica: Integração de dados para fornecer sugestões diagnósticas ou auxiliar no planejamento de intervenções. Fusão de Imagens: Combinação de diferentes modalidades (ex.: PET-CT ou RM-CT) para uma análise mais detalhada.   Requisitos Regulatórios para SaMDs no Diagnóstico por Imagem Desenvolvimento Seguro: Aplicação de boas práticas conforme a ISO 13485 e IEC 62304, garantindo controle do ciclo de vida, desde o design até a validação. Gestão de Riscos: Avaliação de riscos deve considerar falhas, erros de interpretação ou uso inadequado, especialmente em diagnósticos críticos. Validação Clínica: O software deve ser submetido a estudos clínicos para comprovar eficácia e precisão no auxílio ao diagnóstico por imagem. Interoperabilidade e Padrões: Compatibilidade com sistemas PACS (Picture Archiving and Communication System) e uso de formatos padrão como DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine). Cibersegurança: Proteção de dados médicos e prevenção contra acessos não autorizados, considerando a LGPD e normas específicas de segurança.   Benefícios dos SaMDs no Diagnóstico por Imagem Melhoria da Precisão Diagnóstica: Reduzem erros humanos e ajudam a identificar patologias em estágios iniciais. Eficiência Operacional: Automatizam processos repetitivos, liberando tempo para os profissionais de saúde. Integração com Tecnologias Avançadas: Uso de IA e aprendizado de máquina para interpretar grandes volumes de dados complexos.   Desafios na Regulamentação Complexidade dos Algoritmos de IA: Regulamentar softwares que utilizam aprendizado contínuo (machine learning) é desafiador, pois suas funções podem evoluir. Custo e Tempo de Desenvolvimento: O cumprimento das exigências regulatórias pode ser demorado e caro, especialmente para startups. Interoperabilidade: Garantir compatibilidade com equipamentos e sistemas hospitalares diversificados é tecnicamente complexo.      A regulamentação de softwares médicos no Diagnóstico por Imagem, conforme a RDC 657/2022, é essencial para promover a segurança e eficácia dessas tecnologias no Brasil. Apesar dos desafios técnicos e regulatórios, esses softwares desempenham um papel crucial na medicina moderna, proporcionando diagnósticos mais precisos, rápidos e confiáveis. A ANVISA, ao alinhar-se com padrões internacionais, contribui para a inovação responsável e para a confiança no uso dessas ferramentas avançadas.   Texto elaborado por Bruna Vitola Lovato – Física Médica NUCLEORAD     Referências: [1] ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 657, de 24 de março de 2022.

Por Bruna em 06/02/2025 às 17:09
Radiologia Médica Odontológica e Veterinária
Ultrassom Doppler: Transformando o Diagnóstico Vascular

O ultrassom Doppler é uma ferramenta diagnóstica que transformou a medicina vascular permitindo a análise detalhada do fluxo sanguíneo em diversas regiões do corpo de forma não invasiva. Esta tecnologia utiliza o efeito Doppler, descrito pela primeira vez pelo físico Christian Doppler em 1842 para detectar mudanças na frequência das ondas sonoras refletidas pelas células sanguíneas em movimento. Com isso, é possível obter informações acerca  da direção e da velocidade do fluxo sanguíneo. Nos últimos anos, o ultrassom Doppler evoluiu com a introdução de modalidades como o Doppler colorido, Doppler pulsado e Doppler de onda contínua. Estas técnicas oferecem maior precisão e resolução, permitindo a visualização do fluxo sanguíneo e a detecção de alterações hemodinâmicas. Uma das aplicações mais importantes do ultrassom Doppler é no diagnóstico de doenças arteriais e venosas. Ele é amplamente utilizado para avaliar trombose venosa profunda (TVP), identificando coágulos sanguíneos nas veias profundas dos membros inferiores; doença arterial periférica (DAP), medindo a severidade da obstrução arterial causada por aterosclerose; aneurismas, permitindo a visualização e medição precisa de dilatações arteriais; e insuficiência venosa crônica, avaliando o refluxo venoso em pacientes com varizes ou úlceras venosas. O ultrassom Doppler oferece diversos benefícios. Ele é uma técnica não invasiva, que não requer a inserção de cateteres ou a administração de meios de contraste, reduzindo os riscos ao paciente. Também, é um exame de baixo custo, especialmente quando comparado a outros métodos, como a angiografia por ressonância magnética, além de ser mais acessível. A portabilidade dos equipamentos modernos permite seu uso em ambientes clínicos e à beira do leito. Outro ponto positivo é a possibilidade de fornecer diagnósticos em tempo real, permitindo a avaliação imediata do fluxo sanguíneo e da funcionalidade vascular. Embora extremamente útil, o ultrassom Doppler apresenta limitações, como a dependência da experiência do operador e dificuldades em avaliar vasos profundos ou em pacientes obesos. Além disso, a interpretação dos resultados pode ser influenciada por condições específicas, como oclusões severas que alteram o sinal Doppler. Com os avanços tecnológicos, o ultrassom Doppler tem integrado soluções baseadas em inteligência artificial (IA), que auxiliam na detecção automática de anormalidades e aprimoram a precisão diagnóstica. O controle de qualidade do ultrassom Doppler é realizado para garantir a segurança do paciente e a precisão dos diagnósticos. No Brasil, a Instrução Normativa - IN N° 96, de 27 de maio de 2021, estabelece os requisitos para o controle de qualidade em ultrassonografia. Essa normativa é importante pois assegura que os resultados obtidos sejam consistentes e confiáveis, reduzindo o risco de erros diagnósticos. Portanto, o ultrassom Doppler representa uma revolução no diagnóstico e monitoramento de condições vasculares. Sua capacidade de fornecer informações em tempo real, de forma segura e acessível, consolidou seu papel como uma importante ferramenta na medicina moderna.   Texto elaborado pelo estagiário Rafael Borges de Carvalho – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD.   Referências Carvalho, C. F., Chammas, M. C., & Cerri, G. G. (2008). "Princípios físicos do Doppler em ultra-sonografia." Ciência Rural, Santa Maria, 38(3), 872-879. ISSN 0103-8478. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2021). Instrução Normativa - IN N° 96, de 27 de maio de 2021. Brasília, Brasil. Zaiem F, Almasri J, Tello M, Prokop LJ, Chaikof EL, Murad MH. A systematic review of surveillance after endovascular aortic repair. J Vasc Surg. 2018;67(1):320-331.e37. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvs.2017.04.058 PMid:28662928. Capaverde, A. S., Pimentel, J., Froner, A. P. P., & Silva, A. M. M. (2014). Procedures for quality control in Doppler ultrasound equipment. Revista Brasileira de Física Médica, 8(3), 2-5. Hospital São Lucas, PUCRS, Porto Alegre, Brasil; Faculdade de Física, PUCRS, Porto Alegre, Brasil. Engelhorn, A. L. D. V., Lima, L. de B., Werka, M. J. S., Engelhorn, A. V. V., Bombardelli, D. A. R., Silva, L. D. O. da, et al. (2021). Identificação pela ultrassonografia vascular da compressão da veia ilíaca comum esquerda em mulheres assintomáticas: ortostatismo pode influenciar o diagnóstico? Jornal Vascular Brasileiro, 20, e20200188. Available from: https://doi.org/10.1590/1677-5449.200188.

Por Bruna em 30/01/2025 às 10:15