Segurança em Foco: Como a Dosimetria Garante a Proteção dos Trabalhadores Expostos à Radiação
O dosímetro é um dispositivo fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores que atuam em ambientes de exposição à radiação ionizante, como os profissionais de saúde, incluindo médicos, técnicos em radiologia e outros envolvidos em serviços de diagnóstico por imagem e radioterapia. Ele tem a função de monitorar e registrar a dose de radiação recebida ao longo do tempo, permitindo que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites seguros estabelecidos pelas normas de proteção radiológica. No Brasil, a normativa que rege o uso dos dosímetros inclui a RDC 611/2022 da ANVISA, que estabelece diretrizes para a radioproteção e controle das doses recebidas pelos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs), além da Norma CNEN NN 3.01, que especifica os limites de dose e os requisitos de controle para trabalhadores expostos a radiação [1][2]. A utilização correta do dosímetro, junto às boas práticas de controle de dose, é essencial para preservar a saúde dos profissionais, evitando danos cumulativos provocados pela radiação.
Para que o monitoramento da radiação seja eficiente, é crucial que o dosímetro seja sempre posicionado de forma adequada, isto é, exposto diretamente à radiação enquanto o profissional realiza suas atividades. Isso permite que a dosimetria reflita com precisão a quantidade de radiação à qual o indivíduo foi exposto. Normalmente, o dosímetro é posicionado na região do tórax, sobre o avental de chumbo, que é utilizado como proteção durante os procedimentos radiológicos. Esse posicionamento garante que a radiação recebida pela parte mais sensível do corpo seja monitorada de forma eficiente. A falha em usar o dosímetro corretamente ou em manter sua exposição ao longo do turno de trabalho pode resultar em leituras imprecisas, comprometendo o controle da dose e, consequentemente, a saúde do trabalhador.
Além de ser obrigatório por normativas nacionais, o uso regular do dosímetro é uma das principais medidas preventivas para controlar a exposição dos IOEs. A dose registrada por esses dispositivos deve ser analisada periodicamente, de modo a garantir que os níveis de exposição fiquem dentro dos limites aceitáveis, que no Brasil são de 20 mSv por ano para trabalhadores da área de radiação ionizante, conforme estipulado pela RDC 611 e pela Norma CNEN NN 3.01 [1][2]. O monitoramento contínuo e a análise desses dados permitem identificar precocemente qualquer elevação nos níveis de exposição, o que pode levar à revisão de processos e à implementação de medidas corretivas no ambiente de trabalho, evitando problemas de saúde a longo prazo, como cânceres induzidos por radiação.
Outro aspecto importante é a dosimetria individual controlada por softwares específicos, que gerenciam os dados de exposição de cada profissional. Esses sistemas auxiliam na verificação dos resultados, comparando as doses acumuladas ao longo do tempo com os limites estabelecidos pelas normas internacionais. O controle rigoroso da dosimetria também é uma medida de garantia para os próprios profissionais, que, ao perceberem a regularidade no monitoramento de suas exposições, podem se sentir mais seguros no exercício de suas atividades. Além disso, o uso adequado dos dosímetros ajuda a evitar exposição desnecessária à radiação, pois os dados obtidos fornecem informações valiosas para a reavaliação das práticas de proteção radiológica, como o ajuste no uso de barreiras físicas ou o tempo de exposição em determinadas atividades [3].
A importância de manter a dosimetria dos IOEs regrada é, portanto, uma questão de saúde ocupacional e de cumprimento de normativas legais. O acompanhamento preciso dos níveis de exposição por parte dos gestores do serviço de saúde é essencial para a segurança dos trabalhadores e para garantir a conformidade com os padrões de proteção radiológica. Sem um controle adequado, os profissionais podem estar expostos a doses superiores às recomendadas, o que aumenta significativamente o risco de efeitos adversos a longo prazo. O uso contínuo e correto do dosímetro, aliado à análise regular dos dados, é uma prática indispensável para qualquer serviço de saúde que utilize radiação ionizante, seja no diagnóstico por imagem, radioterapia ou medicina nuclear [3].
A adoção de boas práticas no uso do dosímetro, como a sua correta utilização e o monitoramento regular dos dados de dosimetria, é fundamental para assegurar a saúde dos profissionais expostos à radiação. Com base em normativas rigorosas e em processos bem estabelecidos, é possível garantir que as doses recebidas fiquem dentro dos limites seguros e que qualquer anomalia seja rapidamente detectada e corrigida. Assim, a dosimetria não é apenas uma exigência regulatória, mas um aspecto crítico da proteção e da segurança dos trabalhadores em serviços de saúde que utilizam radiação ionizante.
-Texto elaborado pelo estagiário Eduardo Berna – graduando em física médica pela UFCSPA – NUCLEORAD
Referências:
[1] ANVISA, RDC Nº 611, de 6 de julho de 2022.
[2] CNEN. Norma NN 3.01 – Diretrizes Básicas de Radioproteção. Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2014. Disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-3/NormaCNENNN3.01.pdf
[3] Smith, P. D. "Dosimetry and Radiation Protection in Radiology." Journal of Radiological Protection, 2020.
Por tiago em 28/10/2024 às 09:21